O comportamento é um indicador da condição de bem-estar, havendo, entretanto debates sobre quais comportamentos e qual a frequência de exibição poderiam constituir bons indicadores para manejos de animais em cativeiro. Neste trabalho descrevemos o perfil comportamental de 113 macacos-prego resgatados do tráfico, mantidos sob os cuidados do CETAS-RN. Os indivíduos são mantidos em grupos sociais, em recintos de aproximadamente 30m³, com alimentação distribuída pela manhã e água ofertada ad libitum. Os dados foram coletados no período de 2016-2022, pelo método de scan a cada dois minutos, usando etograma com 78 categorias registradas em um aplicativo para android (Prim8). As médias dos comportamentos de cada indivíduo foram inseridas como variáveis respostas em um modelo linear contendo sexo e idade como variáveis previsoras. Os resultados mostram que a manipulação de ambiente é o comportamento mais frequente, tendo o valor mediano de 27% do orçamento de atividades, seguido pela ingestão de alimento com 21%, manipulação de alimento (19%), locomoção (16%), observa ambiente (14%). Já comportamentos indicativos de estresse ocuparam 5% (em autodirigido) e 1% (em estereotipia). Machos exibem menos comportamentos estereotipados que as fêmeas, enquanto os autodirigidos não apresentaram diferenças significativas entre os gêneros. Nas interações sociais positivas, machos em idade infantil exibem menores taxas de interação. Quanto à observação, os juvenis exibem valores inferiores aos dos adultos e infantes forrageiam menos que os demais. Os resultados mostram que, apesar do enriquecimento ambiental, os animais ainda encontram-se muito ociosos, com grande parte de tempo dedicada a ingestão e observação do ambiente. A porcentagem de comportamentos indicativos de estresse de 5% desperta atenção, mas medidas de enriquecimento manipulativo podem impactar diretamente no bem-estar dos indivíduos buscando melhorar a qualidade de vida.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica