A vocalização é um comportamento que pode ter diversas funções e ser emitida em diferentes contextos, sobretudo em espécies sociais. Esse estudo investigou as diferenças de taxas de vocalização entre classes sexo/etárias de macaco-prego-galego (Sapajus flavius) e sua relação com a pluviometria e estação de produtividade. Dados foram coletados entre fevereiro e agosto de 2021, em um fragmento de Mata Atlântica de 270ha. Nesse fragmento existe um grupo de aproximadamente 133 indivíduos de S. flavius habituados à presença humana. Coletamos dados comportamentais utilizando do método animal focal contínuo (n=1176) em indivíduos de diferentes sexos e idades, que foram seguidos, em média, por 5 minutos. Calculamos a frequência relativa do comportamento de vocalização em relação ao tempo de observação de cada focal e rodamos uma análise não-paramétrica de Kruskal Wallis, que demonstrou diferença significativa entre as diferentes classes sexo/etária (X²=60; gl=10; p<0,001). A análise post hoc Dwass-Steel-Critchlow-Fligner demonstrou que fêmeas com filhote vocalizam significativamente menos do que juvenis, machos sub-adultos e fêmeas gravidas (p<0,05), e tenderam a vocalizar menos que machos adultos, mas não foi um resultado significativo (W=4,3039; p=0,084). Considerando se houve ou não vocalização em cada focal, fizemos um modelo binomial logístico comparando presença/ausência de vocalização, classe sexo/etária, pluviometria mensal e o período de produtividade do fragmento, (R²McF=0,0779) e foi possível observar uma diferença significativa entre presença e ausência de vocalizações observadas no período de alta produtividade versus de baixa produtividade (se=0,32741; z=2,042; p=0,041) mas não foi encontrado nenhuma relação com a pluviometria mensal (se=0,00163; z=1,462; p=0,144). Fêmeas com filhote vocalizam menos, possivelmente como estratégia de evitar predadores, e a maior presença de vocalização em períodos de baixa produtividade pode ser indicativo de maior competição entre indivíduos. É necessário um estudo mais específico considerando tipos de vocalização para compreender melhor o contexto em que essas diferenças são vistas.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica