A colangite é uma doença frequente em felinos e consiste na inflamação do sistema biliar, com ou sem comprometimento hepático, sendo classificada em três formas: neutrofílica, linfocítica e a parasitária. A colangite linfocítica felina (CLF) está associada à intensa infiltração de linfócitos em regiões portais e acredita-se que sua etiologia seja imunomediada. A CLF é progressiva, pode evoluir para cirrose e óbito do animal. Objetiva-se relatar um caso de diagnóstico presuntivo de CLF, com resposta satisfatória à terapia instituída. Foi atendido um paciente felino, fêmea, sem raça definida, devidamente vacinada e vermifugada, com 9 anos de idade e peso 4,3 kg, com queixa clínica apetite seletivo, náusea, vômito e inapetência. Ao exame clínico, foi observada discreta icterícia no palato mole, desidratação de 5%, ausculta torácica sem alteração digna de nota e demais parâmetros vitais dentro dos valores de referência. Foram solicitados exames de ultrassonografia (USG) abdominal e hematologia para avaliação complementar. Na USG foram observadas vias biliares com trajetos tortuosos, com paredes pouco espessadas e hiperecoicas, sugestivo de colangite. O fígado apresentava parênquima com ecotextura moderadamente hipoecoico, com seu tamanho aumentado, sugestivo de hepatopatia difusa. Observou-se ainda inflamação peritecidual adjacente ao fígado e as vias biliares extra hepáticas, além de estômago com discreto processo inflamatório. Os exames laboratoriais evidenciaram aumento de alanina aminotransferase (ALT) 157 mU/mL (referência 6 - 83 mU/mL), e discreta linfopenia. Com base nas avalições clinicas e nos exames suspeitou-se de CLF e foi prescrito omeprazol (1mg/KG/SID/PO) por 7 dias e prednisolona (2mg/kg/SID/PO) durante sete dias, seguido de desmame por mais 7 dias e S-adenosil-metionina (SAMe) (90 mg/gato/SID/PO) por 30 dias e reavaliação em 1 mês. No retorno, o animal apresentou melhora clínica, segundo informações do tutor, na primeira semana já estava comendo normal e sem vômitos. Os exames laboratoriais foram repetidos e apresentaram ALT 90 mU/mL e persistência da linfopenia. Nesse contexto, a prescrição de SAMe foi mantida por mais 60 dias. Após aproximadamente 3 meses de tratamento, os exames laboratoriais de imagem evidenciaram parâmetros normalizados e, portanto, a terapia foi suspensa. A suspeita precoce e os exames complementares permitiram o diagnóstico presuntivo de CLF e, consequentemente, o tratamento eficaz do paciente.
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SEMAMBRA
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Felipe Zandonadi Brandão
Luciano Antunes Barros
Maria Carmela Kasnowski Holanda Duarte
Roberson Sakabe