A aquisição de coelhos (Oryctolagus cuniculus) como animais de estimação tem crescido com o passar dos anos no Brasil. São animais dóceis, mas que se estressam facilmente, podendo ser necessária a contenção química para exames diagnósticos e posterior procedimento cirúrgico. O risco anestésico para lagomorfos é 1,83% maior do que para outras espécies e, por isso, conhecer seu comportamento, anatomia e fisiologia é essencial para um procedimento seguro. Esta revisão de literatura busca reunir as principais particularidades na anestesia de coelhos, com o objetivo de orientar o Médico Veterinário. O cuidado na anestesia desses animais começa antes mesmo da chegada ao centro cirúrgico. É comum a solicitação de jejum pré-operatório, que não deve exceder o período entre 1 a 2 horas, uma vez que a privação prolongada de alimento pode desencadear hipoglicemia e desidratação. Esse jejum reduzido não leva a broncoaspiração no trans anestésico porque, por razões anatômicas, não apresentam êmese. Além disso, a retirada da alimentação pode levar a desequilíbrios gastrointestinais, como alterações na microbiota intestinal e íleo paralítico. O breve jejum é capaz de diminuir a distensão gástrica, o que facilita a manipulação das vísceras pelo cirurgião e a respiração do paciente. Além disso, garante que não haja alimentos na cavidade oral do animal, facilitando a intubação orotraqueal, que é uma das maiores dificuldades na anestesia de coelhos. Por conta da anatomia da cavidade oral e dentição, a intubação é feita, na maioria das vezes, às cegas, seguindo os conhecimentos de anatomia topográfica da espécie. A intubação pode ser feita com o auxílio de um endoscópio, mas ainda é pouco utilizado na rotina veterinária. Os coelhos têm grande relação entre área de superfície e peso corporal, o que aumenta a perda de calor no período trans anestésico. Entretanto, manobras como o uso de tapete térmico podem minimizar a hipotermia. Mais da metade dos óbitos relacionados à anestesia estão no período pós-operatório, sendo necessário manter esses animais sob observação por pelo menos 3 horas após a recuperação anestésica. Com o incremento da casuística de coelhos na clínica veterinária pelo crescimento exponencial do mercado pet, associado ao hiato de conhecimento durante a graduação em Medicina Veterinária, se faz necessário a análise em revisões como esta para respaldar e orientar o Médico Veterinário para conduta eficaz e segura para os coelhos.
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SEMAMBRA
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