Dentre os diagnósticos diferenciais para queixa de tosse deve-se considerar a insuficiência cardíaca congestiva, a pneumonia, o colapso traqueal, a dirofilariose, a hipertensão pulmonar e a bronquite crônica. Com a finalidade de se estabelecer um diagnóstico correto e descartar a doença pulmonar como causa secundária a uma doença de base, exames complementares como os de imagem e laboratoriais devem ser realizados. A bronquite crônica canina (BCC) é uma doença incurável de início insidioso que cursa com alta secreção de muco e inflamação crônica das vias aéreas, sendo mais comum em animais de meia idade e idosos de raças de pequeno porte. Portanto, objetiva-se neste trabalho descrever um caso de bronquite crônica atendida na clínica Vetmaster. Um canino, Poodle, 8,5 Kg e 13 anos de idade foi atendido com as seguintes queixas: tosse crônica, inicialmente improdutiva, tornando-se produtiva, dispneia, roncos e episódios de espirros. À ausculta pulmonar notou-se ruído contínuo expiratório e crepitação áspera em lobos craniais e médios. Em radiografia torácica, notou-se áreas de aumento de radiopacidade em lobos craniais de ambos os pulmões e padrão bronquial e alveolar. Foi apresentada ecodopplercadiografia feita anteriormente, apontando doença valvar degenerativa crônica de mitral em estágio B1. O tratamento instituído foi aminofilina 10mg/kg/BID/VO, acetilcisteína 10 mg/kg/BID/VO a cada doze horas; nebulização com soro fisiológico 0,9% 5ml a cada 12 horas, 30 minutos após a utilização da acetilcisteína – todos por 30 dias. Segundo Auler e Yoshitoshi (2015), a BCC é a tosse que perdura mais de dois meses sem causa aparente, inicialmente improdutiva, tornando-se produtiva, como no caso relatado. Na radiografia de tórax foi possível observar áreas radiopacas em lobos craniais de ambos os pulmões e padrão bronquial, sinalizando quadro de BCC (HAWKINS, 2006). A utilização de broncodilatadores e mucolíticos visou melhorar o fluxo respiratório (MC KIERMAN, 2000). A nebulização com soro fisiológico visou a umidificação dos pulmões, facilitando a eliminação do muco (RW, NELSON; CG, COUTO, 2015). Ainda que a suspeita seja de doença respiratória, deve-se fazer avaliação cardíaca, pois não é incomum encontrar alterações cardíacas em casos como o relatado. Ao receber um paciente que tosse, é importante realizar anamnese detalhada, exame físico minucioso, exames laboratoriais e de imagem para evitar diagnóstico e tratamento incorretos.
Comissão Organizadora
SEMAMBRA
Comissão Científica
Felipe Zandonadi Brandão
Luciano Antunes Barros
Maria Carmela Kasnowski Holanda Duarte
Roberson Sakabe