A Demodicose é uma dermatite causada pela proliferação excessiva de ácaros do gênero Demodex. É uma doença multifatorial, relacionada principalmente a fatores genéticos e imunológicos. Dessa forma, o parasito não é o único responsável pelo desenvolvimento da doença, sendo considerado em pequeno número como parte da fauna normal da pele de cães saudáveis. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento da prevalência de Demodex sp em cães dermatologicamente saudáveis através da revisão de literatura, visto que o fato de que um grande número de cães alberga ácaros Demodex em sua pele não foi provado utilizando métodos científicos reproduzíveis. Nesse sentido, foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos que avaliavam a prevalência de Demodex sp em cães saudáveis. Um estudo pioneiro, realizado por Gaafar, Smalley, Turck (1958) demonstrou a presença de ácaros do gênero Demodex na pele de 5.4% dos cães saudáveis. Estudos anteriores mostraram divergências sobre a presença do ácaro na pele de cães. Nayak et al. (1997), Aujla et al. (2000) detectaram frequências de 3,0%, 6,04%, respectivamente, na Índia, Chee et al. (2008) na Coréia, relataram 4,85% de cães com o ácaro. Rodriguez-Vivaz et al. (2003), detectaram 2,97% (3/101) dos cães sem lesão com o ácaro D. canis no México por meio de raspado de pele. No estudo realizado por Fondati et al. (2010) utilizando a tricoscopia, não foi possível detectar ácaros de D. canis nos 78 cães saudáveis examinados, exceto por apenas um ácaro D. injai em um cão na Itália. Ravera et al. (2011) encontraram 17,6% de cães saudáveis pela técnica de RT-PCR em Barcelona. O estudo mais recente em cães saudáveis foi realizado por Ravera et al. (2013), no qual o DNA de Demodex foi amplificado de diversas localizações cutâneas, sem diferenças estatisticamente significativas. No Brasil, utilizando o raspado de pele e incluindo cães com lesões, Vidotto et al. (1985), detectaram Demodex em 28,24% dos cães em Londrina (PR); Bellato et al. (2003) encontraram 48,28% em Lages (SC) e Rocha et al. (2008) 16,99% em Mossoró (RN). Silva (2011) não encontrou o ácaro nos raspados de pele de 128 cães saudáveis em Recife. Os estudos sobre presença de ácaro do gênero Demodex são escassos, principalmente no Brasil. Com isso, ainda se faz necessário mais estudos para inserir novos dados desta doença na literatura, principalmente no que se refere ao diagnóstico de espécie em animais sadios e doentes.
Comissão Organizadora
SEMAMBRA
Comissão Científica
Felipe Zandonadi Brandão
Luciano Antunes Barros
Maria Carmela Kasnowski Holanda Duarte
Roberson Sakabe