Os abscessos são coleções circunscritas de secreção purulenta em uma cavidade neoformada. Alterações que envolvem o parênquima testicular, incluindo fatores como aumento da temperatura local e processos inflamatórios, promovem diminuição na produção espermática e hormonal devido ao processo de degeneração. O objetivo deste trabalho foi descrever a ocorrência, diagnóstico e o tratamento de abscesso asséptico testicular em um touro. Atendeu-se um touro Braford de 3 anos, com aumento de volume escrotal unilateral esquerdo há mais de 30 dias. O animal possuía exames negativos para brucelose bovina e não foi relatado histórico de trauma. Previamente ao encaminhamento, o animal havia sido tratado com antibiótico de amplo espectro e dexametasona. À ultrassonografia testicular esquerda, notou-se área de ecogenicidade diminuída, com presença de celularidade, delimitada por linha hiperecóica na região ventro lateral, sugestiva de abscesso ou hematoma. Optou-se por realizar o tratamento cirúrgico de orquiectomia unilateral esquerda pela técnica aberta. No trans-operatório observou-se aderências entre pele e túnica vaginal, o que dificultava as ligaduras. Diante disto, realizou-se ligaduras transfixantes em massa até total oclusão do plexo. O testículo excisado foi avaliado macroscópicamente e ao efetuar um corte longitudinal no mesmo, foi observado abscesso condizente ao observado no ultrassom, no qual continha 70 ml de conteúdo purulento. Coletou-se material que foi enviado para cultura e antibiograma, não havendo crescimento de microrganismos. No pós-operatório foi utilizada antibioticoterapia com penicilina benzatina (20000 UI/kg), SID, por 5 dias, meloxicam (0,5 mg/kg), SID, durante 7 dias e duchas na bolsa escrotal diariamente, até redução do edema. Foi realizada coleta de sêmen após 15 dias do procedimento e o animal apresentou boa produção seminal. Este relato tem relevância, pois abscessos testiculares podem acarretar em infertilidade e subfertilidade em decorrência do potencial em causar degeneração do testículo contralateral, ocasionando baixas taxas de prenhez. Levando em conta o desenvolvimento do caso, considera-se que a ultrassonografia é um bom método diagnóstico para identificar alterações testiculares, bem como, mensurar o grau de comprometimento do órgão e, como neste relato, também permitiu definir a terapia adequada, com intuito de evitar alterações espermáticas como oligospermia ou azoospermia e alterações referentes à cinética espermática.
Comissão Organizadora
SEMAMBRA
Comissão Científica
Felipe Zandonadi Brandão
Luciano Antunes Barros
Maria Carmela Kasnowski Holanda Duarte
Roberson Sakabe