A intoxicação por sapos é um problema recorrente na clínica de pequenos animais, sobretudo em regiões tropicais, devido à ampla distribuição do gênero Rhinella. A toxina liberada pelas glândulas paratóides contém bufadienolídeos, bufotoxinas e outras substâncias irritantes que podem causar desde sintomas locais até alterações sistêmicas graves envolvendo coração, sistema nervoso central e fígado. Este, por sua vez, é considerado um dos principais órgãos-alvo, frequentemente sujeito a quadros de hepatite aguda e colestase secundária, o que agrava a condição clínica do paciente. Relatar um caso de hepatopatia aguda decorrente de uma intoxicação por veneno de sapo, ocorrido em Águas Lindas, Ananindeua-PA. Um canino, fêmea, SRD, fértil, 5 anos de idade, nomeada Dalila. O tutor relatou que o animal apresentou sialorréia intensa, e episódios de vômito logo após morder um sapo no quintal de sua residência. No exame físico inicial, os parâmetros estavam dentro da normalidade, exceto pelos sintomas sugestivos de intoxicação aguda. Os exames complementares revelaram hemograma sem alterações significativas, porém a bioquímica sérica mostrou aumento de fosfatase alcalina e colesterol total, indicativos de alteração hepatobiliar. A ultrassonografia abdominal sugeriu hepatite aguda/toxemia, com alterações compatíveis com processo infeccioso sistêmico e hepatopatia. Também foi observado discreto acúmulo de lama biliar, além de fezes pastosas em cólon, sugerindo alteração digestiva secundária. O tratamento instituído incluiu anti-inflamatório (Prediderm® 20 mg, ½ comprimido, VO, SID, por 5 dias), hepatoprotetor (Hepguard®, 1 comprimido, VO, SID, por 20 dias) e antioxidante/imunomodulador (Ograx-3 500®, 1 cápsula, VO, SID, por 90 dias). Além disso, foram orientados cuidados de suporte, hidratação adequada e monitoramento rigoroso da função hepática. Após o início da terapia, a paciente apresentou melhora clínica progressiva, mantendo acompanhamento ambulatorial. O presente caso ressalta a importância do atendimento rápido em intoxicações por sapos, comuns em pequenos animais de regiões tropicais. O fígado é um dos principais órgãos afetados, exigindo tratamento precoce e acompanhamento contínuo. A orientação aos tutores é essencial para prevenir novos episódios e proteger os animais de companhia.