O sequestro de córnea é uma alteração oftálmica prevalente em felinos, em que consiste na necrose focal do estroma corneano, por meio do qual adquire coloração marrom claro a escura. Está frequentemente associado a dor ocular intensa, presença de secreção abundante e blefaroespasmo, sendo o diagnóstico realizado pelo exame oftálmico. A etiologia dessa afecção é associada a concepções multifatoriais, tais como ceratoconjuntivite seca, entrópio, exoftalmia ou infecção por herpesvírus felino. A patogênese está relacionada a impregnação por pigmentos, colágeno degenerado e produtos inflamatórios. Frequentemente exige tratamento cirúrgico (por exemplo: ceratectomia), entretanto é possível realizar tratamento clínico desde que não esteja associada a úlcera profunda ou outras condições agravantes. Objetiva-se relatar um caso de sequestro corneal em felino e a sua abordagem terapêutica. Um gato macho SRD, de 4 anos, foi conduzido ao serviço de oftalmologia em uma clínica veterinária privada em Belém-PA (NeuroPet), com a queixa de surgimento, há 3 meses, de uma placa enegrecida no olho direito, em região axial, com cerca de 2 mm, e presença de neovascularização. O diagnóstico se deu por biomicroscopia com lâmpada de fenda, o qual evidenciou o sequestro de córnea, acompanhado de secreção de cor ferruginosa, dor ocular e blefaroespasmo. A terapia instituída foi totalmente tópica, com os seguintes fármacos: trometamol cetorolaco 0,4% (1gota/VT/TID/7 dias) para controle da dor e da inflamação e, hialuronato de sódio 0,15% (1gota/VT/QID/uso contínuo) para hidratação e proteção da córnea. Após um mês de tratamento, com acompanhamento semanal, observou-se o desaparecimento completo da formação da cor marrom, indicativo de remissão da lesão, restando apenas a presença de um leucoma (cicatriz), de forma que não houve a necessidade de intervenção cirúrgica. A conduta clínica levou ao êxito do caso, que mesmo após 2 anos até o presente não ocorreu recidiva, contrariando o comum. A celeridade do diagnóstico e a intervenção assertiva, permitiram manter a integridade corneal e evitando um possível agravo no estado ocular do paciente felino.