A dirofilariose é uma zoonose causada por Dirofilaria immitis (Família Onchocercidae), que tem como hospedeiros intermediários insetos da família Culicidae e como hospedeiros definitivos cães, gatos, humanos e alguns mamíferos silvestres. O contágio dos hospedeiros definitivos ocorre durante o repasto sanguíneo do vetor infectado, que inocula larvas L3 no hospedeiro. Estas se transformam em larvas L4 e migram pelo tecido subcutâneo até o sistema cardiopulmonar, onde há o acasalamento. Os sinais clínicos, que variam conforme a carga parasitária, incluem tosse, dispneia, letargia e sons cardiopulmonares anormais. Em casos graves, ocorre a migração reversa dos parasitas da artéria pulmonar ao ventrículo direito, átrio direito e veias cavas, podendo resultar em hemoglobinemia e hemoglobinúria. Relatar o caso de um cão, fêmea, sem raça definida, de Salinópolis-PA, com diagnóstico definitivo de dirofilariose. A paciente apresentou letargia, distensão abdominal, vômito e marcha circular, inicialmente tratada como intoxicação. Dias depois, retornou com vômito e foi encaminhada a uma clínica veterinária em Belém. Foram realizados exames bioquímicos, hematológicos, radiográficos, ecocardiograma e teste rápido Snap 4Dx Plus (IDEXX) para detecção de anaplasmose, doença de Lyme, erliquiose e dirofilariose. O hemograma evidenciou o aumento nos valores de RDW e eosinofilia, sugerindo infecção parasitária. O teste foi positivo para D. immitis. O ecocardiograma expôs dilatação atrioventricular esquerda, valva aórtica com calibre diminuído e presença de estruturas hiperecóicas compatíveis com parasitas adultos na artéria pulmonar. A radiografia torácica mostrou mineralização das cartilagens costais e junções costocondrais, sem alterações respiratórias relevantes. O tratamento seguiu o protocolo da American Heartworm Society (AHS), incluindo administração tópica de Imidacloprida 10% associada à Moxidectina 2,5% a cada 15 dias por 2 meses; Doxiciclina via oral, 8,3 mg/kg a cada 12 h por 28 dias; Prednisolona via oral, 2 mg/kg a cada 12 h por 7 dias, seguida de 2 mg/kg a cada 24 h por mais 7 dias; além de coleira repelente à base de deltametrina e protetor gástrico para prevenção de efeitos adversos. É essencial manter medidas profiláticas contra a dirofilariose, especialmente em animais de regiões litorâneas, como Salinópolis, a fim de prevenir formas graves da doença e sua transmissão entre cães e humanos.