A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é uma condição na qual os eritrócitos são destruídos por imunoglobulinas, pelo sistema complemento ou pelo sistema monocítico-fagocitário, podendo ser classificada como primária ou secundária, associada a condições como infecções, inflamações, uso de medicamentos ou doenças virais. Nos felinos, o vírus da Leucemia Felina (FeLV) pode induzir uma anemia secundária, que evolui rapidamente, levando a uma anemia intensa, muitas vezes demandando transfusões. Os sinais clínicos mais comuns incluem letargia, hiporexia, mucosas pálidas ou ictéricas, anorexia, fraqueza, dificuldades respiratórias, intolerância ao exercício e, ocasionalmente, vômito e dor abdominal. O diagnóstico baseia-se em exames laboratoriais, como hemograma completo, contagem de reticulócitos, perfil bioquímico, teste de Coombs e exames de imagem. A análise morfológica dos eritrócitos revela anisocitose, policromasia, eritroblastos e esferócitos. Objetiva-se, com este relato clínico, descrever o caso de uma felina inicialmente diagnosticada com FeLV, que apresentou piora clínica em 2025, com sinais de anemia, perda de peso, letargia, anorexia e mucosas pálidas. O hemograma inicial mostrou pancitopenia, anemia severa, trombocitopenia, leucopenia, além de VGM e HGM elevados, indicando anisocitose, e os reticulócitos estavam em 0,13%, sugerindo resposta medular moderada. O tratamento incluiu marbofloxacina (20 mg/kg diariamente por 10 dias), extrato de papaia (8 mg/kg por 3 dias, seguido de 12 mg/kg por 20 dias), Defense Boost Cat (uma bisnaga semanal por 4 semanas), Foli B (0,1 mL/kg diariamente por 30 dias), prednisolona (5 mg/kg a cada 12 horas por 3 dias, depois 0,5 mg/kg a cada 24 horas por 7 dias) e Engystol injetável (1 mL diário por 3 dias), além de duas transfusões sanguíneas, que resultaram em melhora significativa dos parâmetros hematológicos, com elevação das hemácias, hemoglobina e estabilização do hematócrito, embora a leucopenia persistisse com presença de bastões. O ultrassom abdominal revelou aumento na ecogenicidade cortical renal e alterações hepáticas, indicando mudanças estruturais. O acompanhamento clínico e laboratorial contínuo é essencial para monitorar os parâmetros hematológicos, ajustar o tratamento e melhorar a qualidade de vida do animal, evidenciando a complexidade do manejo de felinos com anemia secundária ao FeLV e ressaltando a importância de diagnóstico preciso, terapias integradas e monitoramento constante.