A obstrução uretral é a dificuldade ou impedimento da passagem do fluxo da urina, comum em felinos machos, e frequentemente causada por cálculos urinários, sedimentos e coágulos; em casos graves, a cistotomia é indicada para remover os cálculos e prevenir recorrências. O objetivo deste trabalho é relatar a terapêutica cirúrgica empregada na resolução de obstrução uretral em um felino. Trata-se de um gato macho, sem raça definida, com 1 ano e 9 meses de idade. Durante o exame clínico, encontrava-se prostrado, desidratado, mucosas hipocoradas, com sensibilidade abdominal acentuada, vesícula urinária distendida e rígida à palpação. Realizou-se a desobstrução uretral por meio de sondagem, seguida de lavagem com solução fisiológica estéril, observando-se sedimentos e coágulos. Exames bioquímicos do paciente evidenciaram elevação significativa de ureia e creatinina. A ultrassonografia revelou achados compatíveis com cistite, microurolitíases vesicais e presença de sedimento urinário. A uretra apresentava calibre dilatado, paredes hipoecogênicas e espessadas, com conteúdo anecogênico heterogêneo contendo pontos ecogênicos, compatível com uretrite associada a sedimentos urinários, cristais e/ou material celular. No terceiro dia a sonda foi retirada, porém o paciente obstruiu novamente. Diante disso, foi sugerido a terapêutica cirúrgica e solicitado os exames pré-operatórios, os quais apresentavam-se sem alterações. Posteriormente, procedeu-se à cistotomia cirúrgica por celiotomia mediana ventral, com localização e isolamento da bexiga. A cistotomia permitiu o acesso ao lúmen vesical para lavagem e retirada de coágulos e sedimentos, seguida de urohidropropulsão e lavagem vesical com solução fisiológica. A cistorrafia foi executada em duas camadas com poliglecaprone 3-0 (sutura simples contínua e Lembert), a parede abdominal fechada com ácido poliglicólico 2-0 (Reverdin) e a pele suturada com fio nylon 3-0 (técnica de Wolff). O paciente permaneceu 48 horas internado, sem sonda uretral, estável, com melhora clínica e sem recidiva da obstrução. Dessa forma, o presente relato evidencia a importância do diagnóstico precoce e da escolha terapêutica adequada para casos de obstrução uretral em felinos. A cistotomia se mostrou um procedimento eficaz e seguro, restabelecendo a função urinária do paciente. É importante ressaltar a relevância do acompanhamento clínico e dos cuidados pós-cirúrgicos para evitar complicações e garantir a qualidade de vida ao animal.