A hérnia diafragmática ocorre quando a continuidade do diafragma é rompida, de forma que órgãos abdominais podem migrar para o interior da cavidade torácica, sendo o trauma a maior causa em cães e gatos. Dependendo da extensão da hérnia, pode não haver sinais clínicos. A técnica denominada herniorrafia diafragmática é o procedimento de eleição para a correção desta alteração. Diante disso, objetiva-se relatar um caso de aplicação da herniorrafia diafragmática em uma felina atendida no Hospital Veterinário Prof. Mário Dias Teixeira - HOVET UFRA. O prontuário da paciente, o relatório cirúrgico, os registros fotográficos da cirurgia e a bibliografia científica foram utilizados como fundamentação deste trabalho. Foi atendida uma gata sem raça definida de 10 anos, não castrada, que deu entrada com o intuito de tratar uma neoplasia mamária. Por meio dos exames pré-operatórios, constatou-se a ruptura do diafragma da paciente. Diante disso, sugeriu-se a terapêutica cirúrgica, sendo realizada após os exames pré-operatórios. Foi realizada a abordagem cirúrgica por celiotomia na linha média ventral, com incisão xifo-umbilical. Observou-se a presença do fígado e alças intestinais herniados para a cavidade torácica em hemidiafragma direito. Foram identificadas aderências entre o lobo medial do fígado e o tecido diafragmático, assim como entre alças intestinais e a pleura parietal, sendo dissecadas com auxílio de bisturi e tesoura de Metzembaum, promovendo o mínimo de trauma tecidual e controle de hemorragias com gaze e hemostasia. Após a liberação das estruturas, os órgãos abdominais foram reposicionados para a cavidade peritoneal. O diafragma foi suturado com fio de nylon 2-0, em padrão de sutura simples interrompido. A cavidade torácica foi esvaziada por meio de toracocentese transdiafragmática antes da última sutura do diafragma, a fim de restaurar a pressão negativa intratorácica. Não foi necessária a instalação de dreno torácico. A celiorrafia ocorreu em três planos, peritônio/músculo transverso/oblíquos internos e externos com fio de poliglactina 910 2-0 em padrão simples contínuo; subcutâneo com fio de poliglactina 3-0 em padrão contínuo; e pele com fio de nylon 3-0 em padrão simples interrompido. A paciente apresentou uma parada cardíaca ao final da cirurgia, sendo reanimada e encaminhada para internação. Esse relato de caso reitera a importância da avaliação pré-operatória para a intervenção adequada, evitando complicações para a saúde dos pacientes.