A síndrome paraneoplásica é caracterizada pelo conjunto de sinais e sintomas em diferentes sistemas em decorrência da evolução neoplásica. Entre as consequências, pode-se gerar um quadro de hiperestrogenismo associado a carcinomas prostáticos, no qual há uma produção exagerada de estrógeno no macho e sinais clínicos como ginecomastia, atrofia testicular e prepúcio penduloso. Além disso, tais alterações hormonais podem atingir outros sistemas como o respiratório, podendo causar insuficiência pulmonar. Desse modo, objetivou-se relatar o caso de um cão diagnosticado com síndrome paraneoplásica, enfatizando os aspectos macroscópicos e microscópicos do exame de necropsia. Foram utilizados o histórico, o laudo necroscópico do animal e a bibliografia científica como fundamentação deste trabalho. Foi recebido no Laboratório de Patologia da Universidade Federal Rural da Amazônia um canino, macho, sem raça definida, para exame de necropsia. Ao exame macroscópico, observou-se aumento de escroto e à palpação presença de nodulação de consistência firme, prepúcio penduloso e ginecomastia. Também foi observado: líquido espumoso em traqueia; grande quantidade de líquido de mesmo aspecto em brônquios; pulmões com múltiplas áreas mineralizadas; em coração, notou-se dilatação no lado direito. Ao corte, observou-se espessamento de septo interventricular. Próstata apresentava estrutura cística e ampolas dos ductos deferentes estavam endurecidas e distendidas. Testículos estavam atrofiados e com nodulações de consistência firme. Em análise histopatológica, os achados foram: próstata com segmento formado por tecido fibroso e células epiteliais atípicas com anisocitose, anisonucleose, e com morfologia de anel de sinete, além de padrão infiltrativo do neoplasma, recebendo diagnóstico de carcinoma padrão mixoide. Testículo estava com ausência de células germinativas, descamação macerativa de células necróticas, e recebeu diagnóstico de atrofia testicular grave. Observou-se focos de metástase em pulmão. A partir do exame histopatológico da próstata, correlacionado com a ginecomastia, prepúcio penduloso e atrofia testicular, foi possível concluir que o paciente apresentava síndrome de feminização paraneoplásica por hiperestrogenismo. Há relatos de que a síndrome potencialize sinais de dilatação do lado direito e espessamento do septo interventricular, o que colaborou com o edema pulmonar relatado no caso. Concluiu-se que o óbito do animal foi em decorrência da angústia respiratória.
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