Animais politraumatizados podem apresentar evolução rápida ao óbito devido o comprometimento da homeostasia, com prognóstico reservado à desfavorável dependendo da extensão das lesões, ainda que o atendimento ambulatorial seja rápido. Entre as causas de óbito decorrentes do politraumatismo, está o choque neurogênico, que promove queda da pressão arterial e bradicardia, devido a lesões medulares. Dessa forma, objetiva-se relatar um caso de um felino macho, castrado, sem raça definida, de 9 anos, pesando 6 kg, com sinais de politraumatismo evidenciados em exame necroscópico. O animal foi recebido e necropsiado no Laboratório de Patologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, sendo o histórico, o laudo necroscópico e a bibliografia científica os documentos de fundamentação deste trabalho. Em seu histórico, foi relatado que o animal estava bem, no entanto foi encontrado morto em casa, sendo encaminhado para necrópsia. Em exame externo, observou-se fratura dentária na região de pinça dos caninos superiores bilateralmente. Em exame interno, ao rebatimento da pele e retirada da gordura, foram observadas lesões vermelho escura, característico de hematoma, que se estendiam da região inguinal até a região de articulações coxofemorais. Ao rebatimento da língua, foram observadas duas áreas hemorrágicas lineares adjacentes ao esôfago, indicativo de rompimento de vasos calibrosos do pescoço. Na região xifóide, notou-se área hemorrágica com 6 cm x 2 cm. Traqueia e brônquios apresentavam conteúdo rosado e mucoso. O fígado apresentava-se levemente inclinado para a cavidade torácica, em decorrência do rompimento do diafragma. Rim esquerdo apresentava-se rompido, sem a cápsula renal e com vasos da serosa ingurgitados. Em análise histopatológica, o pulmão apresentou distensão alveolar por enfisema e vasos com distensão sanguínea, indicativo de congestão. Durante o exame necroscópico foi verificada crepitação óssea indicativa de fratura, sendo realizado exame radiográfico que identificou fratura em coxal. Dessa forma, os achados anatomopatológicos foram indicativos de politraumatismo. A fratura no coxal pode ter levado à lesão medular, que promoveu hipotensão acompanhada de bradicardia, comprometendo a perfusão sanguínea e a homeostasia, caracterizando o choque neurogênico com evolução ao óbito do animal. Esse caso reitera a importância do exame de necrópsia para a identificação de alterações relevantes que expliquem a causa mortis de animais sem histórico clínico.
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