Introdução: O procedimento de CPRE é indicado para diagnóstico e retirada de pequenos cálculos biliares. Apesar de ser um procedimento minimamente invasivo, não é isento de complicações, ocorrendo com uma incidência entre 2,5-8% dos casos. O hematoma hepático subcapsular pós CPRE é extremamente raro, havendo pouco mais de 60 casos relatados, com uma taxa de mortalidade de 7,5%. A força exercida sobre o balão romperia os ductos biliares, causando sangramento subsequente. Dor abdominal é o principal sintoma relatado, podendo estar associado a febre e hipotensão. Objetivo: Analisar um caso sobre hematoma hepático subcapsular com tratamento cirúrgico pós CPRE. Apresentação do caso: Paciente do sexo feminino, 57 anos, assintomática, encaminhada para CPRE, devido a icterícia por coledocolitíase. Foi submetida a CPRE com cateterização da papila duodenal, seguido pela colangiografia que mostrou via biliar dilatada (12 mm) e falha de enchimento móvel em colédoco proximal de 8 mm. Realizada papilotomia ampla e remoção do cálculo do colédoco com auxílio de balão extrator e basket. No 1º DPO evoluiu com dor abdominal, sendo iniciada analgesia e antibioticoterapia. Foi realizada ultrassom de abdome que evidenciou coleção em parênquima hepático sugestiva de abscesso. Apresentou queda da hemoglobina de 11,4 para 8,6. Realizada então TC de abdome com contraste que evidenciou coleção peri-hepática, associado a moderado pneumoperitôneo, com volume estimado em 583,8 cm³, sugerindo hematoma subcapsular. Paciente estável, eupneica, abdome doloroso, sem irritação peritoneal. Optou-se por tratamento não operatório e monitorização. No 4º DPO, houve queda do HB para 7,7 e aumento do hematoma para 755,8 cm³ em TC. No mesmo dia iniciou quadro de dispneia e irritação peritoneal, sendo indicada então laparotomia exploradora com evacuação de coágulos, colecistectomia e drenagem da cavidade. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, com retirada de dreno e alta no 5º DPO e após 9 DPO da CPRE. COMENTÁRIOS FINAIS: Hematoma hepático subcapsular é uma complicação rara e potencialmente grave pós CPRE. Deve-se suspeitar em pacientes que evoluem com dor abdominal, palidez e hipotensão após CPRE, juntamente com características laboratoriais. O tratamento de escolha depende da evolução clínica do paciente. No caso em questão, a paciente evoluiu com dor abdominal refratária e aumento significativo do hematoma, sendo indicada a cirurgia com esvaziamento dos coágulos, obtendo desfecho favorável.
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André Novaes