Miocardiopatia periparto com evolução para transplante cardíaco: um relato de caso

  • Autor
  • Giovanna Martins Romão Rezende
  • Co-autores
  • Thiago César Santana Jorqueira , Vitória Marra da Motta Vilalva Mestrinho , Leonardo Kenzo Takashima de Almeida
  • Resumo
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    INTRODUÇÃO: A Cardiomiopatia Periparto (CMP) é uma doença grave ligada à gravidez, de etiologia desconhecida, que pode desenvolver Insuficiência Cardíaca (IC) no período periparto. O objetivo do trabalho é expor um relato de caso com a rara evolução da CMP para transplante cardíaco (TX).

    DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente feminina, 30 anos, multípara (G2P2A0), iniciou quadro de dispneia e sintomas de IC 3 meses após o parto (dezembro de 2019). Negou tabagismo, etilismo, hipertensão arterial e diabetes mellitus. Internou (junho de 2020) devido à IC descompensada com evolução para choque cardiogênico e necessidade de drogas vasoativas. Evoluiu com piora do quadro, refratária a tratamento medicamentoso, necessitando de TX. Nos exames anteriores ao TX, estava hipocorada, pressão arterial 88x65 mmHg, frequência cardíaca 110 bpm. No ecocardiograma transtorácico havia Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) de 16%, aumento global das câmaras cardíacas, disfunção sistólica e diastólica dos ventrículos e alteração de contratilidade acentuada com acinesia difusa. No eletrocardiograma pré-operatório, constava sobrecarga dos átrios, com alteração difusa da repolarização ventricular.

    DISCUSSÃO: A CMP é uma desordem associada à gravidez com etiologia desconhecida, definida pela disfunção ventricular (FEVE<45%) entre o último mês de gestação até 5 meses após o parto. Predisposição genética, negras, países desenvolvidos e cuidados no período pré-natal influenciam na epidemiologia. A clivagem da prolactina é uma das causas da disfunção cardíaca. A CMP ocorre nos primeiros 4 meses pós-parto, 65% sintomáticas no primeiro mês e 10% no pré-parto. Os sinais e sintomas incluem dispneia, ortopneia e edema de membros inferiores. O manejo da CMP deve objetivar a melhora dos sintomas de IC com medicamentos e, se necessário, a implantação de dispositivo mecânico combinado e/ou TX. Melhoras hemodinâmicas e menos comorbidades são frequentes em pacientes com CMP. Há risco de recidiva em gravidez subsequente, assim, pacientes devem ser informados e examinados de perto.

    CONCLUSÃO: A CMP é uma doença rara e grave, de causas desconhecidas, que afeta mulheres em idade fértil. Há necessidade de diagnóstico e cuidados imediatos devido aos riscos de graves repercussões para a paciente. Assim, é importante considerar os sintomas relacionados à CMP em pacientes multíparas pós gestacional, visto que podem ser confusos devido a mudança na fisiopatologia associada à gravidez. No caso descrito foi possível evitar um pior prognóstico com a realização do TX.

  • Palavras-chave
  • Miocardiopatia Periparto, Gravidez, Transplante Cardíaco
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