Introdução
A telarca precoce isolada (TPI) consiste no crescimento mamário prematuro sem demais sinais de maturação sexual. Enquanto isso, a coalescência dos pequenos lábios (CPL) ocorre quando há aderência dos pequenos lábios, formando uma membrana obstruinte, de forma total ou parcial.
Descrição do caso
MPF, 1 ano e 12 dias, feminino. Nascida a termo de parto vaginal sem intercorrências. Foi identificada coalescência dos pequenos lábios em porção superior ao exame físico. Região interlabial sem alterações e uretra e introito vaginal visíveis. Foram prescritos vaselina e estriol tópicos, com abertura parcial da coalescência após 2 meses e sutil crescimento das mamas (classificação de Tanner T1P0). Tratamento tópico foi mantido até total resolução de sinéquia. Levantou-se a hipótese de telarca precoce isolada secundária ao estriol. Foi solicitada radiografia das mãos e punhos para avaliação de idade óssea (1 ano e 6 meses), ecografia pélvica (volume uterino e ovariano normais, sem cistos) e exames laboratoriais (estradiol de 6,27pg/ml, FSH de 4,0 mUl/ml e LH de 0,1 mUl/ml). Paciente segue em tratamento expectante para resolução do quadro de telarca precoce isolada.
Discussão
Sugere-se que o hipoestrogenismo tenha relação com a CPL, além de fatores como higienização genital precária e contato com irritantes. Assim, há inflamação e formação de aderências. O tratamento com estrogênio tópico é indicado para evitar complicações, sendo um efeito adverso dessa terapia o desenvolvimento da sensibilidade mamária e maturação precoce das mamas. A TPI ocorre em ambiente hiperestrogênico somado a uma resposta periférica exagerada aos hormônios sexuais. Os volumes uterinos e ovarianos geralmente são normais e a idade óssea costuma ser compatível com a idade cronológica. É incomum a apresentação da CPL simultânea à TPI em condições normais. Porém, a TPI pode ocorrer como consequência da terapia da CPL, uma vez que é induzido o aumento de estrogênio. Não há indicação para tratamento farmacológico da TPI, devendo-se instituir conduta expectante até sua resolução.
Conclusão
A CPL é comum em pacientes com menos de 8 anos de idade, com maior incidência nos dois primeiros anos de vida. Ela é normalmente identificada durante as consultas de puericultura. Dessa forma, para se evitar possíveis complicações, é de extrema importância que o profissional identifique a condição desde o início, a partir de um bom exame físico. Ele também deve estar sempre atento aos possíveis efeitos adversos da terapia utilizada para a CPL, sendo a TPI muito comum nesses casos.
Comissão Organizadora
Congresso Médico UCB
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Isadora
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Clarissa de Lima Oliveira e Silva
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