Introdução: Infecção por Clostridium difficile (ICD) é um problema de saúde mundial, devendo ser suspeitada diante de diarreia crônica. Antibiótico é o fármaco de escolha, porém existem poucas classes eficazes. Busca-se discutir um caso recente, dada a relevância da ICD e o desafio no tratamento. Descrição do caso: Feminino, 92 anos, relata que há 3 meses iniciou quadro de diarreia líquida, sem produtos patológicos com 3 a 4 evacuações/dia. Evoluiu com piora do quadro nos últimos 10 dias com 15 a 20 evacuações/dia, líquidas, sem sangue, muco ou pus associado com dor em fossa ilíaca esquerda. Fez uso de Tiorfan, Prolive e Imosec, sem melhora. Sem febre, vômitos, náuseas, hiporexia ou perda de peso. Relata antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia, câncer de pulmão e linfoma folicular de alto grau tratados. A tomografia computadorizada (TC) de abdome mostrou espessamento parietal do cólon descendente e sigmóide, linfonodomegalia e planos adiposos adjacentes densos. Exames laboratoriais com leucócitos 6720 cel/mm³, PCR 14 mg/dL, VHS 22 mm/h e PCR para Clostridium positivo. Discussão: Considerou-se o diagnóstico de ICD devido a diarreia crônica e dor abdominal associadas a comorbidades e idade avançada (fatores predisponentes descritos na literatura), confirmado por exame de fezes positivo. Os achados na TC e os valores aumentados de PCR e VHS fecham diagnóstico de colite, complicação da ICD. Leucocitose e aumento de creatinina sérica têm relação com mau prognóstico, mas não foram observados no caso. Deve-se investigar uso recente de antibiótico, pois há relação com a infecção. O tratamento da ICD é um desafio pela escassez de drogas eficazes, sendo vancomicina e metronidazol as de primeira escolha. Fidaxomicina pode ser usada se intolerância à vancomicina. Cadazolida, surotomicina, ridinilazol e bezlotoxumab estão em fase de teste. Transplante de microbiota fecal é uma alternativa para recidivas. Em casos fulminantes, considera-se colectomia ou ileostomia. Conclusão: O manejo adequado da ICD é essencial para redução da morbimortalidade. Apesar do aumento de sua relevância a nível mundial, o tratamento continua sendo um desafio. A antibioticoterapia é a primeira escolha, devendo-se considerar também a intervenção cirúrgica. O surgimento de terapia alternativa, como o transplante de microbiota fecal, e a avaliação de fármacos emergentes constituem-se passo importante e promissor na terapêutica, necessitando ser formulados mais estudos sobre o tema.
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