Introdução: Entre 1500 e 2010, estima-se que a população de indígenas no Brasil tenha decaído de 5 milhões para 817.962, sendo este fato atribuído principalmente a doenças, o que levanta a necessidade de nos atentarmos para as possíveis consequências da pandemia causada pelo COVID-19 nessa população.
Metodologia: Revisão sistemática da literatura realizada nas bases de dados SciELO, Pubmed, e nos sites da Fundação Nacional do Índio, Secretaria Especial de Saúde Indígena, Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena, documentos da Secretaria Municipal de Saúde de Angra dos Reis e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), publicados no período de 2007 a 2020.
Discussão: As principais respostas encontradas nos indígenas frente a epidemias do passado são as de fugir da aldeia, abandonar suas atividades de subsistência e/ou se aglomerar dentro da mesma casa comunal. Junto a isso, a falta de saneamento, água e produtos de higiene também constituem fatores de risco para a contaminação e alastramento de doenças como o COVID-19.
Diversas estratégias foram elaboradas durante a pandemia, todavia o histórico de desassistência à essa população não contribuiu para uma boa resolutividade dessas ações. Segundo a APIB, 826 indígenas foram a óbito pelo COVID-19 até o dia 24/09/2020, apresentando taxa de mortalidade superior à da população geral.
Quanto ao pós-pandemia, toda a sociedade irá precisar se adaptar e sanar lacunas geradas por esse período de isolamento e suas consequências. Para os indígenas, não será diferente, porém agravantes desse processo precisam ser citados.
Sabe-se que a maior taxa de mortalidade por COVID-19 é entre os idosos. A visão do indígena em relação ao ancião envolve mais do que simplesmente a perda de uma pessoa querida. Quando um ancião morre, morre com ele um pouco da cultura, da língua, da medicina, da organização social e dos costumes. Os questionamentos que ficam são o quanto já foi perdido durante essa pandemia, quanto ainda será perdido e o que será feito para que isso não ocorra.
Conclusão: Embora se conheçam casos exitosos, as medidas realizadas com o objetivo de conter a entrada do COVID-19 nas aldeias brasileiras foram em grande parte ineficientes e diversas regiões já contam com grande número de mortos e infectados. A subnotificação tem sido marcante e o desinteresse por parte das autoridades em manter essa população segura tem mostrado suas consequências e se tornado mais evidente durante esse período pandêmico, custando-nos vidas, culturas e história.
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Clarissa de Lima Oliveira e Silva
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