Introdução: A tuberculose resistente (TBR) ocorre pelo Mycobacterium tuberculosis resistente a um fármaco de primeira linha e a tuberculose multirresistente (TBMDR) é resistente a pelo menos rifampicina e isoniazida. Analisou-se o perfil epidemiológico da TBR e TBMDR no Brasil entre 2009 e 2018. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, quantitativo, de base documental com procedimento comparativo-estatístico. Os dados foram obtidos a partir do DATASUS. As variáveis estudadas foram: número de casos por ano e região, prevalência média por região, sociodemográficas, agravos associados, tratamento diretamente observado e dados epidemiológicos clínicos. Foi realizada análise descritiva das variáveis, com frequência, porcentagem e a média do número de casos registrados. A análise bivariada foi realizada por meio do teste Qui-quadrado de Pearson, para observar diferenças estatísticas entre as variáveis clínicas e os grupos que apresentavam resistência primária e resistência adquirida. Foi considerado como nível de significância, o valor de p<0,05. Resultados e discussão: No Brasil foram notificados entre 2009 e 2018, 1795 casos de TBR e 1577 de TBMDR. O número de casos de TBR diminuiu 15% em 2016 e 23% em 2018. Os casos de TBMDR reduziram 17% em 2016 e 32% em 2018, relacionado ao Tratamento Diretamente Observado. Há predomínio da doença nos homens (71%), entre 25-44 anos (41%), com 1º grau incompleto (43%) (p < 0,001), reforçando a relação com a pobreza e o baixo acesso a saúde e educação. Apresentaram maiores percentuais de resistência adquirida alcoolistas (p 0,002; IC95% 57,1-66,7), portadores do HIV (p < 0,001; IC95% 57,4-69,3) e tabagistas (p 0,053; IC 95% 52,9-62,8). O consumo de álcool e o HIV alteram a resposta imune, aumentado a susceptibilidade a doenças respiratórias. O tempo de conversão da cultura de escarro de positiva para negativa entre os fumantes é superior aos não fumantes após o segundo mês de medicação, ocasionando insucesso no tratamento. Conclusão: Os principais fatores associados a resistência são monoterapia, prescrições impróprias e falta de colaboração do paciente. A multirresistência denuncia deficiências no controle da tuberculose (TB) e dificulta tratamento e prevenção. A TB se mantém, como uma doença de alta incidência/prevalência no Brasil, apesar dos investimentos o percentual de casos de resistência permanece alto, trazendo importantes repercussões clínicas e epidemiológicas.
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