Introdução: O aumento da sobrevida após o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a adaptação às sequelas metabólicas e estruturais deixadas facilitam a precipitação de distúrbios neurológicos nestes pacientes. Assim, tornou-se objetivo deste trabalho revisar o risco de epilepsia e convulsões no pós-AVC. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura feita na base de dados PubMeD através dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Stroke AND Seizures AND Incidence NOT Practice Management, Medical”. Foram excluídos estudos que não eram revisões de literatura e que não haviam sido publicados entre 2016 e 2020. A busca totalizou 84 estudos e 6 foram selecionados. Discussão: Convulsões são atividades neuronais anormalmente sincrônicas, transitórias, com ou sem fator causador e que, associadas a uma alta recorrência, caracterizam a epilepsia, uma síndrome neurológica crônica. A incidência de convulsões é quase 30 vezes maior em indivíduos que tiveram um AVC do que na população geral e o risco estimado de isto acontecer é de 7%. Entre a população com mais de 60 anos, 50% dos novos casos de epilepsia tem como causa o derrame. As convulsões aparecem mais no pós-AVC hemorrágico e são favorecidas por AVCs com múltiplos focos isquêmicos e danos ao córtex, lobo temporal e território vascular anterior do cérebro. Crises convulsivas precoces, acontecidas até 7 dias após o AVC, são explicadas pela alta sensibilidade neuronal à hipóxia e inflamação, redução do limiar de despolarização celular por prejuízo à bomba de sódio e potássio e liberação excessiva de neurotransmissores excitatórios, como glutamato e adrenalina, gerando um estado de disfunção metabólica local. O pós-AVC ainda pode manifestar eventos convulsivos tardios (não provocados), ocorridos após uma semana de recuperação e justificados por lesões permanentes, alterações focais no tecido e redes nervosos. Enquanto, convulsões precoces aumentam a mortalidade em 30 dias (21,4%), as tardias crescem as chances de evolução para epilepsia devido ao alto risco de recorrência em 10 anos (71,5%). Conclusão: A fisiopatologia do AVC, tanto aguda quanto crônica, aumenta o risco de convulsões e epilepsia durante a recuperação, devido, respectivamente, a distúrbios metabólicos locais e a danos morfofuncionais definitivos. Isso acontece principalmente em AVCs de grande extensão e que atingem áreas corticais, temporais e da circulação anterior do cérebro, além de associar-se a desfechos como morte e epilepsia, o que torna imprescindível a assistência multiprofissional durante e após o AVC.
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