A economia feminista, uma das mais novas vertentes do pensamento econômico, é estruturada como uma crítica à teoria mainstream, revelando a invisibilidade conferida às mulheres enquanto sujeito e objeto de pesquisa. Seu aparato teórico se apoia na análise dos níveis micro e meso, tendo por intuito vislumbrar uma alternativa à economia neoclássica, marcada por uma pretensa objetividade científica e por hipóteses que não são neutras ao gênero. Entretanto, é premente repensar também a análise de gênero no âmbito macroeconômico, seja mediante sua incorporação nas correntes centrais ou pela reconstrução de uma análise apoiada nessa categoria analítica, o que tem sido feito pelas economistas feministas sob a denominação de macroeconomia de gênero. Sob este pano de fundo, o presente estudo tem por objetivo, através da revisão da literatura internacional, apresentar algumas contribuições nessa área de pesquisa e suas respectivas limitações, identificando o estado atual da arte da macroeconomia de gênero, exemplificados nos modelos de crescimento econômico. De modo geral, as discussões macro apresentam uma crítica aos modelos ortodoxos e a suas metodologias, apontando como podem ser revisados a fim de se tornarem mais precisos na representação da complexidade do comportamento humano e das esferas que constituem a atividade econômica (além do mercado, incluem o espaço das atividades reprodutivas, ampliando o fluxo circular da renda). Atualmente, existem duas classes de modelos macroeconômicos de crescimento: o feminista heterodoxo e o neoclássico. O primeiro tem raízes keynesianas, kaleckianas e estruturalistas, com foco nos impactos de curto e longo prazo da (des)igualdade de gênero no crescimento, bem como os efeitos do lado da demanda e da oferta. Já os modelos neoclássicos focam nas variáveis do lado da oferta que impactam o crescimento no longo prazo e têm como pressupostos o pleno emprego e a concorrência perfeita nos mercados de produto e trabalho, mostrando os efeitos do aumento da igualdade de gênero. Assim, ao repensar os modelos de crescimento econômico sob a perspectiva de gênero, tem-se efeitos positivos tanto para teoria econômica, como para a análise dos impactos das políticas macroeconômicas, uma vez que as medidas adotadas podem afetar os agentes de modo distinto a partir de seu gênero, raça e classe, evidenciando a não-neutralidade assumida na macroeconomia tradicional.
Comissão Organizadora
APEC
Fábio Farias de Moraes
Rossandra Oliveira Maciel
Tatiane Aparecida Viega Vargas
Liara Darabas Ronçani
Bruno Thiago Tomio
Comissão Científica
• Área 1: Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental - Karla Regina Mendes Cassiano (UFRGS); Simone Caroline Piontkewicz (FURB)
• Área 2: Gestão e economia do setor público - Wagner D'Avila (FURB); Marco Antonio Jorge (UFS)
• Área 3: Demografia, espaço e mercado de trabalho - Hellen Alves Sá (UFPR); Max Richard Coelho (UNESC)
• Área 4: História Econômica e Social - Liara Darabas Ronçani (UFRGS); Marcos Juvêncio de Moraes (SEDSC)
• Área 5: Economia Industrial, da Ciência, Tecnologia e Inovação - Marieli Vieira (UFRGS); Tatiane Lasta (UNIDAVI)
• Área 6: Desenvolvimento Social, Economia Solidária e Políticas Públicas - Rossandra Maciel de Bitencourt (UNINTER); Andrei Stock (UNIDAVI)
• Área 7: Desenvolvimento Regional e Urbano - Ana Paula Klaumann (UFRGS); Cassia Heloisa Ternus (UNOCHAPECÓ)
• Área 8: Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar - Marcia Fuchter (UNIDAVI); Daniele Cristina de Souza (UFTM)
• Área 9: Economia e Política Internacional - Ludmila Culpi (UFABC); Germano Gehrke (FURB)
• Área 10: Temas especiais - Glaucia Grellmann (UNIVALI); Diego Vargas (FURB)