Caracterização e dinâmica da produção de bubalinos em Santa Catarina

  • Autor
  • Alexandre Luís Giehl
  • Resumo
  • Os bubalinos chegaram ao Brasil no final do século XIX, introduzidos originalmente no Pará. Nos anos seguintes, a atividade se difundiu pelos demais estados, em especial na Região Norte. Em Santa Catarina, a criação de bubalinos teve início na década de 1930, na região de Lages. De acordo com os dados do IBGE, em 2021 o rebanho brasileiro era composto por 1,55 milhão de bubalinos. O Pará, maior produtor, concentra 40% dos animais, enquanto Santa Catarina ocupa a 13ª posição, com 0,7% do total. Não obstante a presença no estado há mais de 90 anos, há grande carência de informações sobre o desenvolvimento da bubalinocultura em território catarinense. No presente artigo, busca-se caracterizar e analisar a dinâmica da produção de bubalinos em Santa Catarina, em especial no período mais recente. Para realizar essa análise, foram utilizados dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/IBGE) e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Conforme demonstram os dados da Cidasc, em 2022 o rebanho catarinense era composto por 11,8 mil búfalos, sendo 71,1% fêmeas e 28,9% machos. Ainda de acordo com o órgão, no ano em questão existiam 626 produtores no estado. Desse contingente, quase 2/3 (65,4%) possuíam rebanho inferior a 10 animais e respondiam por 12,9% do total de animais. No outro extremo, 3,8% dos produtores possuíam rebanho superior a 100 animais, respondendo por 41,9% dos animais. Em termos geográficos, o rebanho encontra-se distribuído em todas as regiões, com uma maior concentração na mesorregião Oeste Catarinense, com 25,3% do total. Os dados do IBGE demonstram que entre 1974, quando inicia a série histórica, e 1991, registrou-se crescimento 2.450,5% no rebanho bubalino de Santa Catarina, índice superior à variação nacional, que foi de 605,7%. A bubalinocultura apresentava-se como uma promissora fonte de renda para os pecuaristas catarinenses, em especial pela rusticidade e rápido crescimento dos animais. Nos anos seguintes, contudo, observou-se reversão na tendência predominante até então, com quedas contínuas no rebanho estadual. Entre 1991 e 2021, o rebanho bubalino catarinense diminui 64,0%, ante crescimento de 8,3% do rebanho nacional no mesmo período. Todas as mesorregiões do estado apresentaram variações negativas no período, embora em índices bastante distintos: -78,6% no Sul Catarinense; -75,6% na Grande Florianópolis; -71,5% no Norte Catarinense; -52,5% no Oeste Catarinense; -22,0% no Sul Catarinense e -8,0% na Serrana. Desde 2014 o tamanho do rebanho estadual encontra-se relativamente estabilizado, não obstante variações pontuais entre um ano e outro. Em termos de produção, em 2022 foram abatidos em Santa Catarina um total de 2.381 búfalos, 95,8% dos quais em estabelecimentos inspecionados, enquanto o restante destinou-se ao autoconsumo. As análises preliminares nos permitem afirmar que a produção de bubalinos em Santa Catarina está concentrada em número reduzido de produtores. Além disso, nos últimos anos a atividade tem apresentado estagnação produtiva, tornando-se pouco expressiva ante outras atividades agropecuárias desenvolvidas no rural catarinense. Recomenda-se a realização de estudos adicionais para identificar os fatores associados ao retrocesso no desenvolvimento da atividade, bem como caracterizar de maneira mais precisa o perfil dos atuais produtores.

  • Palavras-chave
  • búfalo; bubalino; bubalinocultura
  • Área Temática
  • 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar
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  • 1. Desenvolvimento e sustentabilidade sócio ambiental
  • 2. Gestão e economia do setor público
  • 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho
  • 4. História econômica e social
  • 5. Economia industrial, da ciência, tecnologia e inovação
  • 6. Desenvolvimento social, economia solidária e políticas públicas
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  • 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar
  • 9. Economia e política internacional
  • 10. Temas especiais

Comissão Organizadora

APEC
Fábio Farias de Moraes
Rossandra Oliveira Maciel
Tatiane Aparecida Viega Vargas
Liara Darabas Ronçani
Bruno Thiago Tomio

Comissão Científica

• Área 1: Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental - Karla Regina Mendes Cassiano (UFRGS); Simone Caroline Piontkewicz (FURB)
• Área 2: Gestão e economia do setor público - Wagner D'Avila (FURB); Marco Antonio Jorge (UFS)
• Área 3: Demografia, espaço e mercado de trabalho - Hellen Alves Sá (UFPR); Max Richard Coelho (UNESC)
• Área 4: História Econômica e Social - Liara Darabas Ronçani (UFRGS); Marcos Juvêncio de Moraes (SEDSC)
• Área 5: Economia Industrial, da Ciência, Tecnologia e Inovação - Marieli Vieira (UFRGS); Tatiane Lasta (UNIDAVI)
• Área 6: Desenvolvimento Social, Economia Solidária e Políticas Públicas - Rossandra Maciel de Bitencourt (UNINTER); Andrei Stock (UNIDAVI)
• Área 7: Desenvolvimento Regional e Urbano - Ana Paula Klaumann (UFRGS); Cassia Heloisa Ternus (UNOCHAPECÓ)
• Área 8: Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar - Marcia Fuchter (UNIDAVI); Daniele Cristina de Souza (UFTM)
• Área 9: Economia e Política Internacional - Ludmila Culpi (UFABC); Germano Gehrke (FURB)
• Área 10: Temas especiais - Glaucia Grellmann (UNIVALI); Diego Vargas (FURB)