Dinâmica e evolução da produção de ovinos em Santa Catarina: uma breve análise

  • Autor
  • Alexandre Luís Giehl
  • Co-autores
  • Ingrilore Flores Mund
  • Resumo
  • A produção de ovinos é uma importante fonte de renda e alimento para muitos produtores. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, a ovinocultura estava presente em 525,9 mil estabelecimentos agropecuários, 74,3% dos quais na região Nordeste. Em 2021, o rebanho ovino brasileiro era composto por 20,5 milhões de cabeças, sendo a Bahia o principal estado produtor, com 20,7% do rebanho, enquanto Santa Catarina ocupava a 11a posição, com 1,7%. O rebanho ovino catarinense, composto por 335,7 mil cabeças, encontra-se distribuído entre 15,3 mil produtores. O valor bruto gerado pela atividade em 2021 foi de R$44,6 milhões. Embora esteja presente em número expressivo de estabelecimentos, há poucos estudos que busquem compreender melhor a estruturação e o funcionamento dessa atividade no estado. Em razão disso, o presente artigo busca caracterizar e analisar a dinâmica da produção de ovinos em Santa Catarina. Para tanto, foram utilizados dados da Pesquisa Pecuária Municipal e da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Conforme demonstram os dados da Cidasc do ano de 2021, 79,2% dos ovinocultores possuíam até 25 cabeças, respondendo por 32,6% do total de animais. Por outro lado, os produtores com mais de 100 animais representavam 3,0% dos proprietários e detinham 30,3% dos animais. Segundo o IBGE, desde 1974, quando teve início a série histórica, até 2021, o rebanho catarinense cresceu 184,1%, índice superior à variação nacional, que foi de 108,9% no mesmo período. Embora esteja presente em todas as seis mesorregiões do estado, três concentravam mais de 4?5 do rebanho em 2021: Oeste Catarinense (47,8%), Serrana (21,4%) e Norte Catarinense (15,0%). Contudo, a análise da série histórica de dados regionais demonstra alterações significativas na participação das principais regiões produtoras. Em 1990, a mesorregião Serrana concentrava 40,3% do rebanho, seguida pelo Oeste (34,6%) e Norte (7,0%). Esses resultados demonstram uma reconfiguração geográfica da ovinocultura catarinense, com deslocamento da atividade para o oeste. Vale destacar que, nesse período, também se registrou o crescimento do rebanho bovino no Oeste, sendo recomendável, em futuros estudos, avaliar a eventual relação entre os dois processos. A análise dos abates inspecionados de ovinos demonstra que, não obstante o crescimento de 70,3% entre 2013 e 2021, a produção ainda é pouco expressiva, com um total de 11,1 mil animais abatidos em 2021. A taxa média de desfrute entre 2013 e 2021 foi de 3%, abaixo da taxa estimada pela literatura, próxima de 15%. Em parte, tal diferença explica-se pelos abates para autoconsumo, não abrangidos pelos levantamentos utilizados neste estudo. Há, ainda, relatos de elevado índice de abates clandestinos de ovinos, situação que demanda investigação mais aprofundada. Conclui-se que a ovinocultura, embora socialmente relevante, apresenta significativa concentração produtiva, a exemplo de outras cadeias produtivas. Além disso, verificam-se mudanças expressivas na distribuição geográfica da atividade, com deslocamento para o oeste. Por fim, recomenda-se a realização de estudos adicionais para aprofundar o conhecimento da dinâmica dessa cadeia produtiva.

  • Palavras-chave
  • ovino; ovinocultura; ovinocultor
  • Área Temática
  • 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar
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  • 1. Desenvolvimento e sustentabilidade sócio ambiental
  • 2. Gestão e economia do setor público
  • 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho
  • 4. História econômica e social
  • 5. Economia industrial, da ciência, tecnologia e inovação
  • 6. Desenvolvimento social, economia solidária e políticas públicas
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  • 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar
  • 9. Economia e política internacional
  • 10. Temas especiais

Comissão Organizadora

APEC
Fábio Farias de Moraes
Rossandra Oliveira Maciel
Tatiane Aparecida Viega Vargas
Liara Darabas Ronçani
Bruno Thiago Tomio

Comissão Científica

• Área 1: Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental - Karla Regina Mendes Cassiano (UFRGS); Simone Caroline Piontkewicz (FURB)
• Área 2: Gestão e economia do setor público - Wagner D'Avila (FURB); Marco Antonio Jorge (UFS)
• Área 3: Demografia, espaço e mercado de trabalho - Hellen Alves Sá (UFPR); Max Richard Coelho (UNESC)
• Área 4: História Econômica e Social - Liara Darabas Ronçani (UFRGS); Marcos Juvêncio de Moraes (SEDSC)
• Área 5: Economia Industrial, da Ciência, Tecnologia e Inovação - Marieli Vieira (UFRGS); Tatiane Lasta (UNIDAVI)
• Área 6: Desenvolvimento Social, Economia Solidária e Políticas Públicas - Rossandra Maciel de Bitencourt (UNINTER); Andrei Stock (UNIDAVI)
• Área 7: Desenvolvimento Regional e Urbano - Ana Paula Klaumann (UFRGS); Cassia Heloisa Ternus (UNOCHAPECÓ)
• Área 8: Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar - Marcia Fuchter (UNIDAVI); Daniele Cristina de Souza (UFTM)
• Área 9: Economia e Política Internacional - Ludmila Culpi (UFABC); Germano Gehrke (FURB)
• Área 10: Temas especiais - Glaucia Grellmann (UNIVALI); Diego Vargas (FURB)