Câncer de Mama na Mulher Negra: Reflexos de Políticas Públicas Direcionadas em Belém.

  • Autor
  • Lucas Silva Cabeça
  • Co-autores
  • Maria Clara Pimentel Benzaquem de Oliveira
  • Resumo
  •  

    INTRODUÇÃO: O câncer de mama é uma das principais questões associadas à saúde da mulher brasileira. Estudos apontam para maior prevalência dessa comorbidade em afrodescendentes (pretos e pardos), contudo, análises epidemiológicas são controversas em seus resultados. Em 2021, foi assinada a portaria N° 1449/2021, em Belém, que instituiu o Grupo de Trabalho Intersetorial Saúde da População Negra (GT), para direcionar campanhas em saúde para essa população. Assim, o objetivo do estudo é avaliar se houve melhora no rastreio do câncer de mama em mulheres negras belenenses após a criação do GT.

    METODOLOGIA: É um estudo observacional, analítico e transversal dos números de exames para rastreio de câncer de mama, dos anos de 2020 a 2023, cujas variáveis selecionadas foram os tipos de exames (histologia e citologia de mama; mamografia) e raça/etnia. Os dados foram obtidos pelo Sistema de Informações do Câncer (SISCAN) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    RESULTADOS: Foram encontrados um total de 78.405 exames de mamografia, 770 exames citológicos de mama e 1.981 exames histológicos de mama. Em relação às mamografias, observou-se que a raça amarela foi a mais prevalente, totalizando 40.971 exames (52,2%), seguida da população negra com 21.884 mamografias (27,9%), sendo 19.261 pardos e 2.623 pretos. O menor quantitativo de exames foi no ano de 2020, com 17.090 (21,8%), e o maior foi em 2023, totalizando 22.089 (28,2%). Ao analisar os dados dos exames citológicos da mama, percebe-se, também, que a maior prevalência corresponde às pessoas amarelas, com 451 exames (58,6%) e depois os negros, com 185 (24%), sendo 169 pardos e 16 pretos. Cabe ressaltar que o ano que possuiu maior quantitativo total de exames foi o de 2021, com 213 (27,6%). Acerca dos exames histológicos de mama, verifica-se que 1061 dos exames são pessoas amarelas (53,55%) e 553 de negros (28%), contabilizando 498 pardos e 55 pretos. O ano com maior prevalência foi o de 2023, com 703 exames (35,5%) e o de menor foi o de 2020 com 362 (18,3%).  

    DISCUSSÃO: A partir dos dados avaliados, é possível observar uma crescente do acesso aos exames de rastreio para câncer de mama no período estipulado. A presença de grande quantitativo de pessoas pardas nos resultados pode ser justificada pela distribuição populacional de Belém. Por outro lado, considerando a relação entre o número de exames realizados e a distribuição fenotípica, pretos e pardos (maior parcela populacional) apresentam proporção menor de realização dos exames, o que pode ser justificado por dificuldade de acesso e falta de direcionamento. A prevalência da etnia amarela não é justificável pela análise epidemiológica, visto ser o menor grupo segundo o censo de 2022.

    CONCLUSÃO: Houve melhora no rastreio e acompanhamento do câncer de mama em mulheres negras após a criação do GT pela portaria Nº 1449/2021, no entanto, esforços continuados de atenção direcionada a população negra de Belém ainda se mostram necessários.

     

  • Palavras-chave
  • Câncer de Mama; Políticas em Saúde Pública; População Negra.
  • Área Temática
  • Políticas Públicas em Saúde
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