ADESÃO À PREP NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2018 E 2023: DISPARIDADES DE ACESSO ENTRE POPULAÇÕES-CHAVE

ADESÃO À PREP NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2018 E 2023: DISPARIDADES DE ACESSO ENTRE POPULAÇÕES-CHAVE

• Autor
• Márcia Mayanne Almeida Bezerra
• Co-autores
• Ícaro Natan da Silva Moraes , José Henrique Santos Silva , Kelrilem Rainara Manos Cruz , Débora Evelyn Ferreira Silva , Maria Clara Coelho Monteiro , Gabriela de Lima Melo , Yasser Gabriel Reis Dias , Rafael Hipolito Pires Batista , Darlen Cardoso de Carvalho
• Resumo

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  Introdução e Objetivo: De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids, em 2021 houve 38,4 milhões de novas infecções por HIV no mundo, com 70% dos casos ocorrendo entre as populações-chave. Estas populações se configuram como grupos que, devido a contextos de vulnerabilidade e comportamentos de risco, estão sob maior risco de infecção pelo HIV. No Brasil, a incidência do HIV encontra-se estável, contudo, as prevalências seguem mais elevadas em determinados grupos. Com isso, intensificaram-se nacionalmente as estratégias de prevenção em resposta a essa epidemia, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que consiste no uso de antirretrovirais para reduzir o risco de infecção. Tal tecnologia se mostrou eficaz e segura em populações-chave. O objetivo do estudo é analisar a adesão à PrEP no Brasil entre 2018 a 2023 e mostrar as disparidades do acesso entre populações-chave. Casuística e Método: O estudo teve caráter transversal, descritivo e quantitativo. Os dados foram obtidos do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI), do Ministério da Saúde, no “Painel PrEP”. As variáveis analisadas foram: usuários novos por população (selecionados gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) cis, travestis, mulheres trans e homens trans); raça/cor e faixa etária. Resultados: No período analisado, o número de pessoas em início da PrEP foi de 122.757, sendo 6.982 (5,7%) em 2018, 10.285 (8,4%) em 2019, 10.985 (8,9%) em 2020, 19.865 (16,2%) em 2021, 30.354 (24,7%) em 2022 e 44.286 (36,1%) em 2023, evidenciando um aumento significativo ao longo dos anos. Contudo, ao analisar o perfil do usuário, há nítida discrepância na distribuição de PrEP entre gays e outros HSH cis (92,8%), mulheres trans (4,7%), homens trans (2,1%) e travestis (0,4%). Em relação a faixa etária, observou- se maior adesão à PrEP entre aqueles com 30 a 49 anos (53%), seguido de 18 a 29 anos (42%), 50 anos ou mais (4,8%) e menores de 18 anos (0,2%). Quanto a raça/cor desses usuários, revelou-se maior prevalência na adesão à PrEP nos brancos/amarelos (55,8%) e menor entre pardos (30,9%), pretos (12,9%) e indígenas (0,4%). Discussão: Segundo o estudo imPrEP, o acesso aos cuidados de saúde pode impactar a adesão e persistência da PrEP, de modo que, semelhantemente ao presente trabalho, observou-se mais chances de não adesão à profilaxia em travestis, mulheres trans e jovens. Ademais, notou-se maior incidência de HIV e menor adesão à PrEP entre negros e pardos, sugerindo uma possível discrepância étnico racial nos resultados de saúde. Conclusão: Constatu-se que, apesar dos avanços na disponibilização da PrEP, ainda vigora os desafios para a democratização do acesso equitativo entre grupos vulneráveis ao HIV, como as populações trans, travestis e jovens, principalmente os de etnia preta e indígena. Esses dados servem de alerta para elaboração de ações públicas de combate às disparidades entre os que aderem à PrEP.

• Palavras-chave
• PrEP; Saúde pública no Brasil; Disparidades étnico-raciais; Prevenção do HIV; Populações-chave
• Área Temática
• Políticas Públicas em Saúde