Introdução: Os acidentes ofídicos representam um problema de saúde pública no Norte do Brasil, tendo em vista que áreas rurais e remotas de florestas tropicais, em geral caracterizadas pela pobreza e pelo subdesenvolvimento, são mais vulneráveis a elevação das taxas de morbidade e letalidade referentes a esses eventos. As serpentes peçonhentas do gênero Bothrops são protagonistas em 90% dos casos de mordedura de cobra e possuem mecanismos patológicos complexos. Ademais, o acidente botrópico é caracterizado por importantes manifestações locais e sistêmicas e, também, por graves complicações. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico do acidente botrópico, na Região Norte, de 2021 a 2023. Metodologia: Estudo seccional epidemiológico acerca dos Registros de Evento em Saúde Pública em relação aos acidentes ofídicos pelo gênero Bothrops entre as Unidades Federativas da Região Norte, no período de 2021 a 2023, utilizando os dados do Tabnet do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), abastecidos pelo Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), com as variantes ano, região e estado. Resultados: O número de notificações de ataques por Bothrops sp. apresentou um padrão crescente no intervalo analisado, com 1 registro em 2021, 34 em 2022 e 8.269 em 2023. Em relação às Unidades Federativas do Norte, o Pará apresentou maior prevalência, com 4.683 notificações (56,39%), seguido pelo Amazonas com 1.460 (17,58%), Tocantins com 507 (6,10%) e Rondônia com 457 (5,50%). Os estados de menor relevância foram, respectivamente, o Acre, que contabilizou 353 (4,25%) notificações, Roraima com 414 (4,98%) e, por fim, Amapá, com 430 (5,17%). Discussão: Evidencia-se, então, a elevada prevalência de acidentes ofídicos causados por serpentes peçonhentas do gênero Bothrops na Região Norte, que por sua vez pode ser associada principalmente à extensa zona rural e a vasta presença da Floresta Amazônica, um ambiente propício para o abrigo dos répteis em questão. Ademais, ao ser considerado um problema de saúde ocupacional das populações rurais e ribeirinhas, o acidente botrópico, em geral, é agravado pela presença de barreiras geográficas naturais, grandes extensões dos municípios, o que inviabiliza a chegada dos pacientes aos postos de saúde. Dessa forma, a distância significativa entre o local de envenenamento e a unidade de saúde configura-se, assim como a escassez de ampla distribuição de soros antiofídicos específicos, como um fator gerador de complicações e, por conseguinte, promotor das taxas de letalidade. Conclusão: Conclui-se que, os acidentes ofídicos por Bothrops sp. apresentam como principais empecilhos a pobreza e o subdesenvolvimento de áreas rurais e remotas de florestas tropicais, abundantes na Região Norte, sendo agravados pelo atraso no atendimento ao paciente. Assim, a crescente notificação desses ataques analisada entre os anos de 2021 e 2023 é um dado alarmante a ser compreendido em prol da saúde pública.
É com grande satisfação que apresentamos os Anais do XX Congresso Médico Amazônico, um compêndio que reúne os principais trabalhos e pesquisas apresentados durante o evento. Realizado de 16 a 18 de agosto de 2024, este congresso foi um marco na discussão sobre "Sustentabilidade e Saúde na Amazônia: Desafios e Oportunidades para a Cop 30".
Os Anais refletem a diversidade e a profundidade dos temas abordados, incluindo estudos inovadores, experiências práticas e debates teóricos que englobam as áreas de saúde, sustentabilidade e o impacto das mudanças climáticas na região amazônica. Esta coletânea é uma fonte valiosa de conhecimento para profissionais, acadêmicos, estudantes e todos os interessados na interseção entre saúde e meio ambiente.
Esperamos que esta publicação inspire novas pesquisas, promova a troca de conhecimentos e fortaleça o compromisso com a preservação da Amazônia e a saúde de suas populações. Agradecemos a todos os autores e participantes que contribuíram para o sucesso do Congresso e para a construção deste importante registro científico.
Boa leitura!
A Comissão Científica
Comissão Organizadora
Dr. José Rufino Costa dos Santos - Presidente
Dr. Habib Fraiha Neto - Predidente de Honra
Dr. Pedro Celeste Noleto e Silva
Dr. Francisco Eratóstenes da Silva
Dr. Heryvelton Lima de Freittas
Dra. Brenda Faccio dos Santos
Dr. Otávio Guilhon
Dra. Ana Claudia Santana
Dr. Juciland de Sena Gama
Dr. José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo
Dr. José Roberto
Dra. Valéria Barbosa Pontes
Comissão Científica
Tereza Cristina de Brito Azevedo
Lauro José Barata de Lima
Dirceu Cavalcanti Rigoni
Luiz Felipe Santiago Bittencourt
Marianne Rodrigues Fernandes
Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
Eric Homero Albuquerque Paschoal
Comissão Avaliadora
David José Oliveira Tozetto
Diana Albuquerque Sato
Dirceu Cavalcanti Rigoni
Eric Homero Albuquerque Paschoal
Janari da Silva Pedroso
Juliana de Araújo Borges Ferreira
Lauro José Barata de Lima
Luiz Felipe Santiago Bittencourt
Maria de Fátima Guimarães Couceiro
Marianne Rodrigues Fernandes
Tereza Cristina de Brito Azevedo
Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza