O presente estudo insere-se no Grupo Temático: Educação, Estado e Sociedade na Amazônia, oriundo da disciplina Tópicos especiais em Linguística I. Análise do discurso: Linguagem e Psicanálise do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Amazonas. Objetivamos sintetizar de forma prática o campo da Análise do Discurso (doravante AD). Para tanto, partirmos da organização bibliográfica de Sérgio Freire (2006), bem como suas discussões teóricas, principalmente a partir de Foucault (1998). A delimitação do escopo é necessária dado que abordagens reducionistas a tratam numa perspectiva meramente interpretativa, minimizando o seu significado sociopolítico. O foco é mostrar como os discursos revelam e simultaneamente (re)produzem ideologias e relações de poder, algo despercebido por leituras tão-somente textuais. A disciplina estuda a língua em uso, examinando elementos presentes nos atos do enunciado e da enunciação em contextos sociais e políticos. Isto é, visa entender como os discursos constroem versões privilegiadas da realidade que favorecem determinados grupos e mapeiam as relações de força entre grupos sociais no e através da língua. Esta constitui uma antidisciplina intersticial que acumula pouco conteúdo sob a ótica positivista, dado que a AD nasce da refutação ao positivismo no âmbito da linguagem, ela traz à tona as questões ideológicas que foram ou não silenciadas na enunciação. A Análise recusa a ideia de neutralidade e objetividade do conhecimento produzido nas ciências humanas positivistas, questionando como os discursos expressam perspectivas ideológicas implícitas que muitas vezes passam despercebidas e se colocam desafiadoramente entre disciplinas, não se reduzindo a apenas técnicas de pesquisa sobre a linguagem, mas também abarcando reflexões epistemológicas e ontológicas acerca do papel da comunicação linguística na (re)produção de significados socioculturais e relações de poder. Segundo Orlandi "A AD é uma espécie de antidisciplina, uma desdisciplina, vai colocar questões da linguística no campo de sua constituição interpelando-a pela historicidade que ela apaga do mesmo modo que coloca questões para ciências sociais em seus fundamentos, interrogando a transparência da linguagem sobre a qual ela se assenta".
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