O banquete amazônico foi uma prática pedagógica realizada com estudantes do 4° ano do ensino fundamental, na EETI Prof° Garcitylzo do Lago e Silva, como parte de uma pesquisa de mestrado para o ProfArtes. Seu objetivo relaciona-se com o processo de identificação e a construção de memórias de elementos da cultura amazônica, fundamentado a partir de autores como Oliveira (2015, p. 24), com a percepção de que a memória pode representar “a consciência de um sentimento de identidade”, e ainda, Costa et al (2013, p.14) quando cita que “para entender melhor a Amazônia é necessário não somente se ater a um conhecimento teórico, mas também empírico, do fazer parte”. Os procedimentos metodológicos, pautados na pesquisa-ação, se constituíram a partir de uma aula temática com a apresentação e degustação de alimentos típicos, de modo que os diálogos e percepções ocorreram de forma cooperativa e participativa entre professora e estudantes. Dessa forma, em mesas foram dispostos diversos alimentos (Figura 1) e na dinâmica da aula, a cada alimento citado, eram abordadas as formas de preparo, consumo e curiosidades.
Na ocasião, uma aluna explicou como fazer farinha, que aprendeu com seus familiares. “Primeiro tem que descascar a mandioca, depois tem um negócio que vai ralar a mandioca, depois coloca na coisa que esquenta [panela], depois tem que mexer e depois peneirar”[1], disse ela. Em seguida, outro aluno relatou o preparo artesanal de açaí com garrafa PET: “Pega o açaí [fruta] e começa a lavar, aí coloca num negócio grande [apontou para um paneiro], aí tu começa a amassar com umas garrafas, vai amassando até ficar bom, aí ‘bota’ em outra vasilha e fica assim [açaí em polpa]”[2]. Além de visualizar os alimentos, cuias com goma de tapioca, farinha do Uarini, farinha de tapioca e castanha com cascas foram passando pelas mesas, para que percebessem as diferentes texturas (Figura 2). Depois disso, os estudantes se serviram do que desejava degustar e para finalização foi servido picolé de buriti.
Os resultados dessa prática pedagógica podem ser elencados a partir de aspectos para além da degustação, envolvendo o campo visual, através da observação dos alimentos feitos com a mesma matéria-prima (a mandioca, por exemplo) e o aspecto tátil, pela percepção das texturas. Além disso, é possível afirmar que o banquete foi uma forma de aprendizagem a partir da experiência, que na visão de Larrosa (2014), é algo que nos acontece e nos transforma. Portanto, essa experiência além de gerar expectativa, satisfação, entretenimento, sem dúvida, contribuiu significativamente para construir memórias entre os estudantes e isso pôde ser constatado até mesmo posteriormente a atividade, quando em diversas oportunidades, eles citavam que haviam comido algum dos alimentos em sua casa ou mesmo, no café da manhã da própria escola.
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