Tempo, fotografia e trauma: personagens paralisadas e fraturadas em Maura Lopes Cançado

Tempo, fotografia e trauma: personagens paralisadas e fraturadas em Maura Lopes Cançado

• Autor
• Elieni Cristina da Silva Amorelli Caputo
• Resumo

• Esta pesquisa tem como objetivo apreender a configuração corporal de personagens fragmentadas e paralisadas, tendo como corpus quatro contos do livro O sofredor do ver (1968/2016), de Maura Lopes Cançado: “No quadrado de Joana”; “Introdução a Alda”; “O espelho morto” e “Rosa recuada”. Refletimos sobre aspectos como temporalidade, imagem e duração, partindo dos conceitos freudianos de trauma e de unheimlich, de estudos sobre instituições totais de Goffman (2010), do conceito de duração de Bergson (2006) e de reflexões sobre fotografia de Barthes (1984) e André Bazin (1991). Retomamos estudos históricos sobre a psiquiatria, seus procedimentos, instâncias de controle e instituições correlatas brasileiras das décadas de 50 e 60, refletindo sobre a incidência do poder médico no corpo e subjetividade de Maura Lopes Cançado, cuja vivência deu matéria-prima à composição de algumas de suas personagens, como Joana e Alda. Reflexões sobre a ontologia da imagem fotográfica e as correlatas noções de morte, paralisia e distorção temporal também norteiam o estudo realizado. Temos como fundamentação teórica de base: História da loucura na Idade Clássica, de Michel Foucault (2019); Manicômios, prisões e conventos, de Erving Goffman (2010);  A câmara clara, de Roland Barthes (1984); Ontologia da imagem fotográfica, de André Bazin (1991); Além do princípio do prazer, de Sigmundo Freud (2020); O infamiliar e outros escritos, também de Sigmund Freud (2020); O pensamento e o movente, de Henri Bergson (2006). Como resultados preliminares, observamos que as personagens Joana e Alda são caracterizadas com aspectos de rigidez corporal e imobilidade rochosa. Seus corpos, em estado de regressão, estão amalgamados ao espaço circunscrito do pátio manicomial, do qual adquirem a forma e a temporalidade, na esteira do perpétuo, da repetição, do inanimado e do eterno. Sob a catatonia, entretanto, há vida interna e subjetividade prementes, apreendidas pela escrita literária de Cançado.

   

• Palavras-chave
• Maura Lopes Cançado, fotografia, trauma, personagem.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Estudos Literários