A questão do espaço no cinema: um estudo comparado de I, Daniel Blake, de Ken Loach e Arábia, de Affonso Uchôa e João Dumans

A questão do espaço no cinema: um estudo comparado de I, Daniel Blake, de Ken Loach e Arábia, de Affonso Uchôa e João Dumans

• Autor
• Lucas Brichesi Minari
• Resumo

• Este trabalho tem como objetivo comparar dois longas-metragens contemporâneos: I, Daniel Blake (2016), do diretor inglês Ken Loach, e “Arábia” (2017), dos cineastas brasileiros Affonso Uchoa e João Dumans, a partir de uma análise do espaço, a fim de observar como este aspecto internaliza processos sociais vigentes e revela contradições da realidade atual. O interesse pela categoria espacial para a realização do estudo se dá pela relevância que a mesma obteve nas humanidades a partir da segunda metade do século XX, dando origem ao termo spatial turn, movimento que pensa a pós-modernidade a partir do espaço. Além disso, tal categoria mostra-se pertinente para a análise dos objetos pelo papel ativo que o espaço desempenha na construção dos filmes. Nota-se que ambos tratam de dinâmicas econômicas e sociais próprias da contemporaneidade, plasmadas nas trajetórias e deslocamentos dos personagens. A análise conduzida apoia-se numa bibliografia que enfoca o aspecto espacial em relação às principais transformações no contexto de globalização. Como referenciais teóricos elementares, tomamos a noção de “desenvolvimento geográfico desigual”, de David Harvey, e a de “mapeamento cognitivo”, de Fredric Jameson. Através da leitura e fichamento de bibliografia selecionada e da análise de partes decisivas de cada filme, pode-se observar temas recorrentes e elaboraçes formais diversas, permitindo o levantamento de hipóteses incipientes sobre as obras. A seguir, algumas observações provenientes da análise devem exemplificar o estado atual da pesquisa. Em I, Daniel Blake, os deslocamentos espaciais na narrativa dizem respeito a dinâmicas do capital financeiro e especulativo sobre a cidade de Londres e sobre a China, que aparecem de maneira indireta no filme; as ramificações desse processo também produzem relações de solidariedade determinantes para a narrativa. Em Arábia, as perambulações do personagem central se ligam às influências da desregulamentação do trabalho na periferia do Brasil, que resultam em relações descontínuas e no isolamento.

• Palavras-chave
• Cinema Contemporâneo, Espaço, Globalização, Pós-modernismo
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Estudos Literários