Explosão sexual na Era Atômica: corpo e trabalho em "Dr. Strangelove" (1964)

Explosão sexual na Era Atômica: corpo e trabalho em "Dr. Strangelove" (1964)

• Autor
• Artur Renzo
• Resumo

• Lançado em 1964, Dr. Fantástico acertou em cheio os ânimos de um país ávido para expurgar a retórica e as ansiedades da Guerra Fria e do macarthismo, e que tinha acabado de ver a possiblidade de uma guerra nuclear passar diante de seus olhos. A euforia da vitória militar da Segunda Guerra tinha vindo junto com a invenção da Bomba Atômica, e a corrida nuclear que ocorrera de mãos dadas com o ciclo de prosperidade do pós-guerra havia condenado “cada homem, mulher e criança” a viver permanentemente sob uma “espada nuclear de Dâmocles”, nos termos de Kennedy. Com uma sensibilidade irreverente que já atinava com a onda de agitação política e cultural que culminaria em 1968, o filme elabora um conjunto de ambivalências abertas e ainda não resolvidas nesse período de intensas reviravoltas. Esta comunicação parte de dois comentários especialmente repreensores ao filme – feitos por Susan Sontag e Pauline Kael – para discutir algumas das novidades que ele introduz. Ambas críticas reconhecem e problematizam o sucesso de crítica e bilheteria de Dr. Fantástico, particularmente entre o público jovem, e Kael, escrevendo três anos depois, chega a afirmar que o filme “inaugurou uma nova era cinematográfica”. A questão que se impõe é se a resposta quase involuntária do riso terá carga despolitizadora e complacente, como na indústria cultural, ou de uma recusa, como em Kafka, capaz de desarmar a cadeia absurda de proposições da racionalidade instrumental. Examinando algumas das dominantes estruturais do filme, em especial o tensionamento entre forma e conteúdo e as articulações temáticas entre guerra e sexualidade, o objetivo é tentar caracterizar o teor da intervenção feita por Kubrick na sociedade do pós-guerra. Por motivos de recorte, a intenção é concentrar a análise nas sequências musicais de abertura e fechamento do filme.

• Palavras-chave
• stanley kubrick, era atômica, cinema, teoria crítica
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Estudos Literários