Relações de gênero e o acesso ao Cadastro Único no Sertão do Pajeú – PE

Relações de gênero e o acesso ao Cadastro Único no Sertão do Pajeú – PE

• Autor
• Maria Marcia da Silva
• Co-autores
• Lorena Lima de Moraes
• Resumo

•  

  As políticas públicas configuram em um conjunto de estratégias governamentais que visam à redução das desigualdades sociais. As situações de vulnerabilidade não são iguais para todas as pessoas, assim, faz-se relevante compreender as relações de gênero e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que vivem no Sertão do Pajeú – PE para acessar o Cadastro Único para Políticas Sociais. A pesquisa abarcou três comunidades quilombolas nos municípios do sertão pernambucano: Afogados da Ingazeira, Serra Talhada e Mirandiba. Em cada município foram realizadas cinco entrevistas por ligações telefônicas ou por aplicativos de voz. A pesquisa se propôs investigar como se organizava a dinâmica familiar, a situação dos/as dependentes, identificar quais membros da família também participavam dos processos do acesso ao Cadastro único e analisar como as relações de gênero se perpetuam no cotidiano das mulheres rurais. As entrevistadas possuem entre 21 e 60 anos, são agricultoras, se autodeclararam como negras, demonstrando consciência política e identitária em relação a sua ancestralidade; são casadas e, relação à quantidade de filhos, as respostas mais recorrentes foram dois ou três filhos/as. No que tange os objetivos destacados, identificamos que quando as mulheres precisavam ir aos pontos de atendimento para cadastramento e/ou atualização do Cadastro Único os/as dependentes ficavam sob responsabilidade de outra mulher,  mãe ou sogra da entrevistada ou elas levavam consigo, aumentando os custos com alimentação. Nesse processo identificamos que somente as mulheres participam; as relações de gênero se perpetuam no cotidiano das mulheres rurais através da sobrecarga que é imposta a elas em todo o processo, pois realizam tarefas domésticas no dia anterior e precisam acordar mais cedo que o habitual para ordenar os trabalhos de cuidados com os/as membros/as da família. Além disso, há uma dificuldade de acesso ao transporte para o deslocamento até a área urbana do município e precisam destinar muito tempo de sua rotina nas filas dos pontos de atendimento. As mulheres corroboraram entre si que o processo seria menos desgastante se a atualização fosse na própria comunidade. Neste sentido, concordamos que as políticas públicas devem ser planejadas e efetivadas levando em consideração as particularidades dos públicos específicos.

   

• Palavras-chave
• Relações de gênero, mulheres rurais, Cadastro Único
• Área Temática
• Ciências Sociais (SEDE)