Atividade antiparasitária de compostos bioativos obtidos de algas frente a Trypanosoma cruzi: uma revisão sistemática

Atividade antiparasitária de compostos bioativos obtidos de algas frente a Trypanosoma cruzi: uma revisão sistemática

• Autor
• Yanara Alessandra Santana Moura
• Co-autores
• José Noé da Silva Júnior , Daniela de Araújo Viana Marques , Silvana Ferreira Caires , Ana Lúcia Figueiredo Porto , Raquel Pedrosa Bezerra
• Resumo

•  

  A doença de Chagas (DC) é uma doença negligenciada causada por Trypanosoma cruzi. Nos humanos, o T. cruzi pode assumir duas formas evolutivas: tripomastigotas ou amastigotas e, clinicamente, a DC possui as fases aguda e crônica. A fase aguda é geralmente assintomática, enquanto a fase crônica pode ocorrer nas formas indeterminada, digestiva e cardíaca. O tratamento pode ser feito através de duas drogas: benznidazol e nifurtimox. Devido a sua elevada toxicidade, o nifurtimox não é comercializado na maioria dos países, enquanto o benzonidazol é a principal droga de escolha, apesar de também possuir alta toxicidade e eficácia duvidosa na fase crônica. As algas são alternativas promissoras de efeito tripanocida visto que possuem atividades biológicas já descritas como antitumoral, antioxidante e antiparasitária, incluindo contra T. cruzi. Assim, foi conduzida uma revisão sistemática analisando a ação antiparasitária de compostos de algas frente às tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. As bases de dados ScienceDirect, Medline (PubMed), Web of Science (WoS), Springer Link, Wiley Online Library, Scielo, and MDPI foram usadas para identificar artigos originais que utilizaram extratos ou compostos isolados de algas para avaliar a atividade tripanocida. Foram excluídos trabalhos não-originais, além de estudos utilizando epimastigotas, visto que tripomastigotas e amastigotas são mais relevantes clinicamente. Buscas iniciais retornaram 6,905 artigos e apenas 15 foram incluídos, baseado nos critérios de elegibilidade. Os filos Rhodophyta e Ochrophyta foram mais estudados, além de mostrarem os maiores índices de seletividade. No processo de extração, uma mistura de vários solventes orgânicos (n=6; 40,0%) e o método de homogeneização (n=8; 53,3%) através de blender ou agitação foram os mais utilizados. Sete estudos utilizaram células musculares esqueléticas de ratos para avaliar a citotoxicidade e 58,7% desses obteve CC₅₀ > 90 µg/ml, o que mostra baixa citotoxicidade. O elatol obtido de Laurencia dendroidea mostrou maior índice de seletividade (IS) frente a tripomastigotas (IS=19,26) amastigotas (IS=26,73), devido a danos provocados no corpo celular do parasita e formação de vesículas em organelas. Isso mostra o potencial antiparasitário promissor das algas, além de revelar a importância de explorar do potencial desses organismos para uso futuro como fonte de drogas antichagásicas.

   

• Palavras-chave
• tripanocida; drogas; medicamentos.
• Área Temática
• Biologia (SEDE)