Introdução: A varíola dos macacos (Monkeypox) é uma zoonose transmitida pelo vírus Monkeypox, da família Poxviridae e do gênero Orthopoxvirus, que inicialmente ocorria em animais e humanos nas regiões do centro-oeste africano, mas se destacou pela disseminação de casos nos continentes americano e europeu. Essa infecção foi declarada como emergência global pela OMS em julho de 2022, constando, no Brasil, até agosto de 2022, 3788 casos confirmados, incluindo gestantes.
Objetivos: Avaliar os efeitos, via de transmissão, apresentação clínica, prognóstico e propedêutica da Monkeypox em gestantes.
Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura incluindo artigos publicados em revistas científicas como The Lancet, Jornal Americano de Obstetrícia e Ginecologia e notas técnicas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde do ano de 2022 entre os meses de maio a setembro, em língua inglesa e portuguesa acerca dos efeitos da Monkeypox em indivíduos, com foco em gestantes. As palavras-chave utilizadas foram: Monkeypox, varíola dos macacos, gestantes, varíola.
Resultados: A Monkeypox é considerada uma ameaça à saúde pública devido a sua alta capacidade de propagação e aos riscos de contaminação, principalmente em grávidas do terceiro trimestre. A transmissão ocorre por contato direto com gotículas ou aerossóis, com mucosas de humanos infectados ou com lesões epidérmicas na fase ativa e, especificamente em gestantes, pode ocorrer a transmissão placentária (62%). O período de incubação geralmente é de 6 a 13 dias, podendo variar entre 5 a 21 dias. Apesar da limitação dos dados, destaca-se o risco de complicações fetais, como mortes intrauterinas (23%), prematuridade (8%), morte fetal no primeiro trimestre (77%) e no segundo trimestre (82%), além de aborto em 39% dos casos. Outro dado observado foi o agravamento da infecção materna, necessitando de internação, apesar da falta de relatos de morte materna, e do comprometimento fetal identificado pela ultrassonografia, como hepatomegalia e edemas (hidropisia). Os sintomas da doença consistem em febre, sudorese, cefaleia, mialgias, calafrios, fadiga e erupções cutâneas, estas sendo apresentadas em cerca de três dias após a manifestação febril. O diagnóstico laboratorial é realizado pela reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR), melhor desempenhado por swab das lesões. Atualmente, ainda não há medicações específicas para o tratamento da Monkeypox, entretanto, os antivirais cidofovir, brincidofovir e tecovirimat podem ser considerados dependendo da avaliação clínica de cada caso. A imunização específica para Monkeypox ainda não está disponível, sendo utilizada fora do Brasil vacinas contra o tipo Smallpox, a exemplo a ACAM2000 e MVA-BN, na qual sua utilização em gestantes deve ser avaliada nos princípios de beneficência em relação aos riscos de contaminação.
Conclusão: É notório a necessidade de enriquecer os estudos e dados estatísticos relacionados a Monkeypox e sua relação com a gestação, com o objetivo de fornecer análises concretas acerca dos riscos proporcionados pela infecção da varíola dos macacos durante a gravidez. Ademais, há uma importância em promover maiores pesquisas sobre a imunização e as formas de tratamento específicas para Monkeypox, especialmente em gestantes, a fim de diminuir os agravos maternos e fetais causados por essa infecção.
Comissão Científica
Roberto Ribeiro Maranhao
Maria Sidneuma Melo Ventura
José Nazareno de Paula Sampaio