Objetivo: Avaliar o uso de probióticos no tratamento e na prevenção da candidíase vulvovaginal (CVV). Método: Foi realizado uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores "candidíase" e “probióticos”. Foram utilizados dez artigos para a presente revisão. Resultados: As infecções vulvovaginais são as doenças ginecológicas mais comuns entre as mulheres, afetando cerca de 8% das mulheres em todo o mundo. Essas infecções são frequentemente acompanhadas por inflamação, causada principalmente pela Candida albicans (C. albicans) e seus fatores de virulência, como a aspartil proteases e a candidalisina, que acarretam danos nos tecidos. A C. albicans causa inflamação da vulva ou vagina em 75% das mulheres em idade reprodutiva, que apresentam pelo menos um episódio de infecção e a metade delas dois ou mais. Por outro lado, a candidíase de repetição é considerada quando ocorre quatro ou mais ocorrências em um ano e, nesses casos, há necessidade de terapia antifúngica de manutenção para controlar parcialmente os sintomas. Entretanto, como essa terapia resulta em uma fração de cura abaixo do ideal, as pacientes apresentam altas taxas de recorrência, o que aumenta a probabilidade de efeitos colaterais e de resistência aos medicamentos utilizados. Devido a esses fatos, estudos têm sugerido a possibilidade da utilização de terapias alternativas no tratamento da candidíase recorrente, como o uso de probióticos. Sabe-se que os probióticos são microrganismos vivos que exercem benefícios para a saúde quando consumidos em quantidades suficientes, possibilitando a recuperação da microbiota normal. Além de modular os perfis de microbiota do intestino, modulam também a da vagina, sendo capazes de aumentar o potencial de resistência a infecção pela Cândida patogênica. Esses fatos fortaleceram a discussão sobre o uso de probióticos para o tratamento da CVV, uma vez que, segundo alguns autores, as recorrências da CVV em mulheres grávidas são atribuídas a uma ruptura dos lactobacilos vaginais, levando ao crescimento excessivo de Cândida vaginal. Estudos têm mostrado que os probióticos são capazes de restaurar tal ruptura e que algumas cepas de Lactobacillus inibem os fungos patogênicos por competição na adesão ao epitélio, por produção de ácidos, bacteriocinas, biossurfactantes, peróxido de hidrogênio e moléculas de coagregação. Os biossurfactantes participam da inibição da adesão inicial da C. albicans às superfícies celulares, prejudicando o seu crescimento. Além disso, os probióticos podem estimular o sistema imunológico através da ativação celular e produção de interleucinas. Alguns autores têm mostrado que a utilização de probióticos diminuiu significativamente a recidiva dos casos de candidíase e tem melhorado os sintomas clínicos em mulheres grávidas com CVV, devido a modulação da microbiota vaginal, fortalecendo a premissa que os probióticos podem ser uma alternativa importante no tratamento da CVV, na prevenção de recorrências e redução da inflamação vaginal por meio da inibição da Cândida patogênica. Conclusão: O uso de probióticos, associados aos antifúngicos, pode ser uma alternativa eficaz no tratamento e na prevenção de recidivas da CVV. Porém, estudos são necessários para um consenso quanto à forma mais efetiva de utilização de probióticos.
Comissão Científica
Roberto Ribeiro Maranhao
Maria Sidneuma Melo Ventura
José Nazareno de Paula Sampaio