Objetivo: Identificar o perfil dos recém-nascidos (RNs) de alto risco internados em unidades neonatais do hospital infantil terciário de referencia do estado do Ceará, que foram encaminhados para seguimento ambulatorial – Follow up.
Métodos: Estudo retrospectivo, secundário e quantitativo, realizado a partir da coleta de dados registrados nos prontuários médicos dos RNs encaminhados para seguimento no ambulatório de Follow Up de alto risco, do Núcleo de Orientação e Estimulação ao Lactente (NOEL) do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) no estado do Ceará; no período de janeiro a julho de 2021.
Resultados: Foram identificadas 161 crianças no período do estudo. O sexo masculino foi predominante (60,87%) e a via de parto mais comum foi a cesariana (50,31%). O boletim APGAR médio foi de 6,91 no primeiro minuto e, no quinto minuto, 8,22. O peso ao nascer concentrou-se no intervalo entre 2.500g e 3.999g (55,90%), com a média de 2,730g; a maior prevalência da idade gestacional foi de RNs termos, entre 37 a 41 semanas (58,39%). Ao avaliar a idade gestacional em relação ao peso de nascimento, a maioria dos RNs foi adequado para idade gestacional (62,63%). Em relação a assistência nas unidades neonatais, a antibioticoterapia foi instituída em 105 RNs (65,39%), sendo os antibióticos de 1ª linha iniciados em 77 desses. O suporte respiratório com oxihood foi a segunda assistência mais realizada (30,43%) e, em terceiro lugar, ficaram os procedimentos cirúrgicos, realizados em 29,19% dos RNs estudados. Os diagnósticos evolutivos mais recorrentes nos registros dos prontuários foram: infecção neonatal (40,37%), icterícia neonatal (39,75%), malformações congênitas (38,51%%) e síndrome do desconforto respiratório (35,40%). É importante salientar que as crianças que apresentaram dez ou mais diagnósticos evolutivos eram frequentemente RNs de muito baixo peso ao nascer, entre 1000g e 1499g (41,38%) e prematuras com idade gestacional no intervalo entre 32 e 36 semanas (34,48%).
Conclusão: Apesar do presente estudo ter identificado que a maioria dos RNS prematuros e de baixo peso apresentam mais diagnósticos evolutivos, intercorrências e intervenções terapêuticas; observou-se que esse perfil de pacientes não é a maioria dos pacientes acompanhados no ambulatório de seguimento de alto risco do HIAS; possivelmente, por se tratar de um hospital de referencia, inclusive para patologias cirúrgicas, malformações e doenças raras. Esse fato chama atenção para a importância da identificação de outros fatores de risco e comorbidades do período neonatal, que geram demanda para esse perfil de assistência e necessidade de seguimento, mesmo em pacientes termos e de peso adequado ao nascimento. É de suma importância a realização de seguimento em pacientes neonatais de alto risco com objetivo de reduzir a morbimortalidade infantil. Além disso, conhecer o perfil desses pacientes, colabora para um melhor planejamento e realização de intervenções na instituição.
Comissão Científica
Roberto Ribeiro Maranhao
Maria Sidneuma Melo Ventura
José Nazareno de Paula Sampaio