OBJETIVOS: Analisar o acometimento renal em pacientes que foram infectados pelo SARS-CoV-2 e desenvolveram COVID-19. MÉTODOS: Estudo exploratório e transversal produzido a partir de pesquisa bibliográfica nas bases de dados Pubmed e Scielo por meio das palavras-chave “Acute Renal Injury”, “COVID-19” e “Renal Complications”. Assim, foram selecionados 5 artigos publicados entre 2020 e 2022 considerados adequados para o objetivo deste estudo. RESULTADOS: Em estudo que analisou as internações em Unidade de Terapia Intensiva no Hospital Clínic de Barcelona de 25 de março a 21 de abril de 2020, acompanhou-se 237 pacientes. Destes, 52 (21,4%) demonstraram estágio 2 ou superior de injúria renal aguda (IRA) segundo a Acute Kidney Injury Network (AKIN). Nesses pacientes que desenvolveram IRA, o sexo masculino foi predominante (76,9%), a idade mediana foi de 71,5 anos e 73,08% apresentava uma comorbidade ou mais, com hipertensão arterial, diabetes e DPOC sendo as mais comuns. Notou-se que os indivíduos com IRA apresentaram 3 vezes mais óbitos (51,92%) em relação àqueles que não possuíam esse tipo de acometimento renal (16,87%) e também foi possível detectar um período mais longo de internação nos pacientes com esse tipo de injúria renal aguda. A necessidade de terapia de substituição renal foi observada em 15 pacientes. Já em outro estudo observacional e prospectivo realizado no pronto-socorro da Clínica del la Costa em Barranquilla, na Colômbia, 572 indivíduos foram admitidos com testes positivos para COVID-19. Observou-se que 188 desses pacientes desenvolveu Injúria Renal Aguda, com 149 deles apresentando função renal prévia normal e 39 com doença renal crônica. A maioria (91%) dos pacientes com DRC admitidos evoluiu com lesão renal aguda e foi detectada a predominância de pacientes do sexo masculino, idosos, frágeis e obesos. A presença de lesão renal aguda esteve associada com uma maior necessidade de suporte ventilatório invasivo e a taxa de óbitos foi maior nos pacientes que demonstraram acometimento renal, com 68,46% daqueles com IRA e função renal prévia dentro da normalidade chegando a falecer, comparado a uma taxa de 15,49% naqueles sem esse comprometimento dos órgãos. A requisição de terapia de substituição renal foi observada em 9% dos indivíduos com infecção pelo SARS-CoV-2. CONCLUSÕES: Tornou-se evidente a magnitude do acometimento renal em pacientes que foram infectados pelo SARS-CoV-2, com significativos impactos na função renal e índices alarmantes de mortalidade. Os dados reforçam a necessidade de desenvolver um suporte eficiente e cauteloso ao desempenho renal desses pacientes, com um cuidado intensivo que forneça todos os recursos necessários para a melhora do quadro. Além disso, foi possível identificar perfis de pacientes mais suscetíveis a pior evolução do quadro, com idosos frágeis, obesos e com múltiplas comorbidades apresentando risco significativamente maior de morbimortalidade. Percebeu-se também a necessidade de estudos que explorem novas medidas terapêuticas visando reduzir os altos índices de desfechos negativos encontrados.
Comissão Científica
Roberto Ribeiro Maranhao
Maria Sidneuma Melo Ventura
José Nazareno de Paula Sampaio