Manifestação clínica atípica de piomiosite tropical

  • Autor
  • Camylla Santos de Souza
  • Co-autores
  • Juliana Porto Moura Negreiros , Laura Belizante Pontes Pereira , Natasha Simoes Montenegro Mello , Graciela Josué de Oliveira Laurênio , Glaucia Maria Lima Ferreira
  • Resumo
  • Objetivos: A piomiosite tropical tipicamente ocorre entre 2-5 anos e 20-45 anos de idade, com aparente predomínio em homens e cuja maioria dos acometidos é previamente hígida. Por se tratar de um acometimento incomum, faz-se necessário relatar e discutir um caso de piomiosite tropical com complicações raras após trauma. Métodos: Trata-se de um estudo de caso, pesquisado de forma qualitativa e descritiva, por meio de busca ativa em prontuário eletrônico. Resultados: J.P.D.A., 14 anos, sexo masculino, com fáceis suspeitas de acromegalia, que, em período de convalescença de dengue (IGG e IGM positivo em 16/05), sofreu trauma contuso em ataque de bullying na escola e evoluiu com abscesso em coxa esquerda, drenado cirurgicamente em 24/05, com prescrição ambulatorial de cefalexina. Em 30/06, retornou à emergência com piora do edema em coxa esquerda, edema em glúteo direito e febre. Após exames de imagem, foi diagnosticada piomiosite tropical e realizada internação hospitalar para nova drenagem em 31/05, com início de ceftriaxona e oxacilina. Três dias depois, sem resposta satisfatória e com episódio de febre, foi escalonada antibioticoterapia para ceftarolina. Após oito dias, apresentou mal estar, adinamia e dificuldade para movimentação de joelho esquerdo. Realizado ECOTT (10/06), com achado de derrame pericárdico laminar, e TC abdominal, com presença de coleção mediana retrovesical de aproximadamente 680ml. Decidiu-se por prescrever meropenem e linezolida, porém paciente evoluiu com dor abdominal refratária a sintomáticos. Em interconsulta com a cirurgia pediátrica, optada por realizar drenagem videolaparoscópica da coleção retrovesical (18/06). Após abordagem, paciente ainda permanecia com queixa álgica em abdômen, associada a vômitos, hiporexia, peritonismo e, em 23/06, Blumberg positivo em exame físico. Em USG abdominal, identificava-se ainda importante coleção retrovesical. Procedeu-se, então, à laparotomia exploratória com drenagem de coleção e, por visualização de apendicite intraoperatória, realizada apendicectomia. Após procedimento, evoluiu com melhora clínica progressiva, finalizando meropenem e linezolida até o 21º dia. ECOTT de controle (27/06) sem alterações. Após alta hospitalar, foi encaminhado para retorno ambulatorial com cirurgião pediátrico, sem relato novas intercorrências, bem como para investigação com endocrinologista por distúrbio de crescimento por suspeita de acromegalia, porém, paciente não compareceu à consulta. Conclusão: A piomiosite tropical é uma infecção muscular primária e, como o próprio nome diz, mais frequente em países tropicais. Inicialmente, suas manifestações são leves e inespecíficas, dificultando o diagnóstico, e sua história natural é costumeiramente benigna. O Staphilococcus aureus geralmente é o responsável pelas raras complicações, que podem ser precedidas por dor e rigidez muscular acompanhadas de febre. Destacam-se, como hipóteses causais, traumatismo, estresse muscular, desnutrição, hipovitaminose, infecções parasitárias e virais. O paciente supracitado apresentou complicações de piomiosite precedida por infecção viral e trauma, incluindo choque séptico e apendicite. Portanto, deve-se atentar sempre para os sinais clínicos, uma vez que o diagnóstico precoce é fundamental para realizar um tratamento adequado e evitar complicações.

  • Palavras-chave
  • Piomiosite, apendicite, coleção
  • Modalidade
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  • Pediatria
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