Objetivo: Avaliar a relação entre a pandemia do COVID-19 e possíveis alterações comportamentais no contexto das crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Método: Foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores "Transtorno do Espectro Autista", “SARS-CoV-2” e “criança”. Foram utilizados nove artigos para a presente revisão no período de 2020 e 2021. Resultados: O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por início precoce de déficits persistentes na comunicação, interação social e repertório de interesses, decorrentes do comprometimento dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). O quadro clínico abrange um grupo heterogêneo de características, como respostas atípicas a estímulos sensoriais e dificuldade de processamento não-verbal. Além disso, a presença de comportamentos restritos e repetitivos tornam os autistas preferentes por ambientes estáveis e rotinas estruturadas. Sabe-se que o COVID-19 é uma enfermidade infecciosa causada pelo novo coronavírus, identificado pela primeira vez em 2019, na China. Diversos países adotaram o isolamento social como mecanismo de contenção da contaminação do vírus. Em três estudos realizados nos Estados Unidos (2021) mostraram que, para a maioria das crianças autistas, a diminuição da exposição a situações sociais, o aumento da comunicação online e as restrições de saúde pública em constante mudança gerou alterações comportamentais, uma vez que ocasionou modificação significativa na rotina desses indivíduos. Isso se relaciona com o fato das crianças com TEA prosperarem em ambientes interativos, como escola, terapia e brincadeiras grupais. Em outra pesquisa, produzida na Inglaterra (2021), destacou-se que os principais impactos ocasionados pela pandemia foram alterações no horário e qualidade do sono, comunicação afetiva diminuída, hiperatividade, aumento da frequência dos movimentos repetitivos e regressão de aspectos já superados. Nos Estados Unidos, um estudo mostrou que 60% das crianças com TEA experimentaram aumento de problemas psiquiátricos no período de 2 meses após o início do COVID-19, sendo a ansiedade e a depressão os mais relatados. Entretanto, por ser uma temática recente, pesquisas advertem não haver estudos suficientes para demonstrar os impactos no desenvolvimento das a longo prazo. Ressalta-se que muitos serviços terapêuticos não têm a função online e, mesmo que ofereçam, diversos indivíduos não têm acesso devido a carência de recursos financeiros. Além disso, desenvolver-se no ambiente virtual pode ser um obstáculo para o público em questão. A realização da terapia padrão-ouro para crianças com TEA, chamada de terapia de análise comportamental aplicada (ABA), foi comprometida, resultando na piora dos resultados comportamentais e cognitivos. É importante elucidar que lidar com o agravamento dos sintomas do Transtorno do Espectro Autista é um desafio para os familiares, uma vez que também enfrentam as incertezas geradas pelo contexto pandêmico. Sendo assim, esse fato gerou impactos negativos na saúde mental dos cuidadores, aumentando a incidência de sintomas depressivos e ansiogênicos nessa população. Conclusão: Todos os artigos utilizados neste estudo demonstraram que a pandemia do COVID-19 impactou negativamente em aspectos comportamentais, psíquicos e ambientais das crianças autistas. Entretanto, estudos são necessários para confirmar os resultados a longo prazo. Palavras-chave: COVID-19, Transtorno do Espectro Autista (TEA), crianças e impactos.
Comissão Científica
Roberto Ribeiro Maranhao
Maria Sidneuma Melo Ventura
José Nazareno de Paula Sampaio