CONFERÊNCIA DE ABERTURA - DIA 1
O DOCUMENTO LITERÁRIO DE FICÇÃO VISTO COMO MATERIALIDADE DISCURSIVA
Profa. Dra. Ida Lucia Machado - Universidade Federal de Minas Gerais (POSLIN/FALE/UFMG)
Doutora em Letras pela Universidade de Toulouse II (França). Dois pós-doutorados em Análise do Discurso em Paris XIII e Paris III (França). Fundou e é membro do Núcleo de Análise do Discurso da FALE/UFMG. É uma das professoras pioneiras no PosLin/FALE/ UFMG, na implantação de cursos e pesquisas em Análise do Discurso. Suas pesquisas são centradas em: AD Semiolinguística, narrativas de vida de sujeitos diversos; sujeitos transclasses. Tendo por base a Semiolinguística, nela busca incluir elementos vindos da psicologia clínica e da sociologia bem como da neurologia e da neuropsiquiatria.
Documentos ficcionais (literários, cinematográficos, imagéticos etc.) conseguem –intuitivamente - capturar diferentes facetas do mundo social, conforme as diferentes épocas em que foram concebidos. Eles têm o poder de ativar nossas habilidades para interagir com o mundo que nos rodeia, pois, o mundo da ficção e o mundo do real são permeáveis, se tocam: é o que já notamos em muitas narrativas de vida. Mesmo ao contar um fato banal podemos, sem perceber, nele incluir dados ficcionais, vindos de nossa subjetividade e de nossos imaginários. Desse modo, parece-nos mais que natural que uma corrente da análise do discurso francesa –como a semiolinguística, que nos acompanha há anos – tome documentos ficcionais diversos como objeto de estudo. Eis o assunto que gostaríamos de abordar: mostrar como documentos literários ficcionais e análise do discurso interagem e engendram resultados favoráveis no âmbito dos estudos da linguagem como também nos dos estudos psicossociais. Para ilustrar o proposto, utilizaremos citações vindas de um conto de Machado de Assis e de um poema de Manoel Bandeira. Esperamos poder passar a ideia de que documentos literários ficcionais vistos pela análise do discurso, permitem-nos visualizar mundos mentais diversos, concedendo-nos também uma espécie de “pedagogia da empatia”, como o diz Cyrulnik (2021).
Palavras-chave: Semiolinguística; Materialidade Discursiva; Documento Literário.
CONFERÊNCIA - DIA 2
CAMINHOS E DESCAMINHOS DO FANTÁSTICO NO SÉCULO XXI
Prof. Dr. Alexander Meireles da Silva - Universidade Federal do Catalão (UFCAT)
Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008) e Mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2003). Desde 2009 atua como Professor Associado de Língua Inglesa e Literaturas de Língua Inglesa da UFCAT, onde também é Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da RC/UFG. É membro fundador dos Grupos de Pesquisa ESTUDOS DO GÓTICO (CNPq) e NÓS DO INSÓLITO: VERTENTES DA FICÇÃO, DA TEORIA E DA CRÍTICA (CNPq).Suas pesquisas se concentram nas áreas das Literaturas de Língua Inglesa e da Literatura Fantástica. É criador de conteúdo do canal do YouTube FANTASTICURSOS.
Fantasia urbana, New Weird, Slipstream, Fantasia sombria, Horror corporal, Ficção Punk... Sempre alinhada ao seu zeitgeist, a literatura fantástica vem sendo marcada pela multiplicidade de subgêneros e modos narrativos que buscam capturar as ansiedades e debates do século XXI. Mas, o que seria esse “fantástico”? Ou será que, na verdade, teríamos “fantásticosˮ a serem entendidos? Como estas histórias se constituem? Quais são os seus limites estéticos? Como a cultura brasileira interfere nas configurações dessa expressão literária? As limitadas e/ou conflitantes respostas oferecidas por diferentes teóricos e escritores sobre o termo desde o século XIX demonstram que esta forma artística, uma das mais expressivas atualmente dada sua presença também em outros meios como o Cinema e as Histórias em Quadrinhos, vem cada vez mais demandando do meio acadêmico estudos capazes de compreender suas particularidades dentro do campo dos gêneros literários, incluindo as razões das transformações pelas quais a literatura fantástica vem sofrendo no ambiente finissecular do século XX para o XXI. Refletir sobre este quadro é a proposta de nossa pesquisa.
Palavras-chave: Literatura; Modo Fantástico; Cultura Brasileira.
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO - DIA 3
MEMÓRIA DISCURSIVA E MEMÓRIA METÁLICA: QUANDO O DISCURSO VOLTA A SEU PASSADO OU O APAGA
Profa. Dra. Daniella Lopes Dias Ignácio Rodrigues - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas)
Doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010) e Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2001). Fez estágio de doutorado na Université de Genève - Suíça/Genebra - e Pós-doutorado na Université Lille III, na França. Professora adjunto IV da PUC/Minas Gerais, membro do colegiado do Programa de Pós-graduação em Letras e coordenadora do curso de Revisão de Textos em EAD. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: discurso, escrita de pesquisa, revisão de textos, leitura e formação acadêmica.
A memória discursiva ou interdiscurso constitui-se pelo esquecimento, na qual “fala uma voz sem nome” (Courtine, 1984). Aquela em que “algo fala antes, em outro lugar, independentemente” (Pêcheux, 1994), produzindo o efeito do já-dito. A memória metálica, produzida pelas novas tecnologias de linguagem, ao contrário, produz-se por uma tecnologia e sua particularidade é ser cumulativa, horizontal (e não vertical, como a define Courtine). Esta última, segundo Pêcheux, em Ler o arquivo hoje, busca a regulação da leitura, o gerenciamento da memória coletiva e, consequentemente, com base em fins estatais ou comerciais, objetiva tornar os arquivos textuais “facilmente comunicáveis, transmissíveis e reproduzíveis”. Tendo em vista tais conceitos, proponho, a partir de uma síntese de ordem histórica e epistemológica do destino científico da noção de memória discursiva, no contexto da Análise de Discurso, articular memória discursiva e memória metálica, a fim de problematizar o funcionamento das tecnologias de linguagem em práticas digitais. Especificamente, o intuito da discussão teórico-analítica é o de colocar em suspenso “métodos de tratamento em massa do arquivo textual”, tais como materiais didáticos destinados ao ensino da escrita de pesquisa que vêm oferecendo orientações, dicas, algumas de acesso aberto e outras pagas, com vistas a “treinar” e “capacitar” pós-graduandos, futuros pesquisadores e pesquisadores recém-formados para a escrita científica, dita de “alto impacto” (Rodrigues; Silva, 2019).
Palavras-chave: Interdiscurso; Memória metálica; Tecnologias de linguagem.