SIMPÓSIOS - LITERATURA
1. Diálogos e interseções entre Literatura e História
Dr. Raphael Nunes Nicoletti Sebrian (UNIFAL-MG)
Vanessa Moro Kukul (UEMG/Passos)
Resumo: Recorrentes e bastante significativas em termos teóricos e críticos, as reflexões acerca dos diálogos e das interseções estabelecidas entre Literatura e História constituem, indiscutivelmente, um campo interdisciplinar profícuo, com manifestações, sobretudo (mas não apenas), nos domínios da Teoria da Literatura e da crítica literária e nos âmbitos da Historiografia e da Teoria da História (entendidas aqui como subcampos da área de História). As relações entre as áreas do conhecimento – Literatura e História – e sobre os objetos nelas interpretados podem se estabelecer, afinal, de diferentes maneiras, por exemplo: no debate teórico-crítico a respeito das fronteiras, das interseções e das similitudes e diferenças entre as narrativas literárias e históricas/historiográficas; nas reflexões sobre as escritas da História e sobre a escrita das Histórias da Literatura; nas avaliações, cada vez mais comuns, sobre a importância dos diálogos entre Literatura e História no ensino desses saberes na educação básica. A proposta, neste simpósio temático, é reunir investigações nas quais sejam exploradas, como parte das perspectivas interpretativas delineadas em cada estudo, as relações aqui mencionadas e várias outras possíveis, para que seja possível discutir e tornar mais complexas as compreensões acerca dos diálogos entre Literatura e História. Para tanto, serão valorizadas pesquisas em que os objetos sejam a materialização textual (e, sempre que possível, artística) dos diálogos e das interseções entre as áreas de Literatura e de História, tomadas como campos de estudo e de investigação acadêmica, mas também como âmbitos de criação de textos em que são reconhecíveis interpretações significativas das sociedades. Serão bem-vindos, enfim, estudos a respeito de obras literárias, de autoras/autores, de movimentos estético-históricos, de debates teórico-críticos e historiográficos, de reflexões sobre o ensino de Literatura e de História, e serão especialmente valorizados estudos em que exista reflexão sobre Literatura e também sobre História.
2. Memória, ensino e narrativas indígenas
Huarley Mateus do Vale Monteiro (UERR)
Isabella Coutinho Costa (UERR)
Valeria Cristian Soares Ramos da Silva (UEPA)
Resumo: Este simpósio tem como objetivo proporcionar uma reflexão sobre memórias, ensino e narrativas indígenas utilizadas como metodologias que auxiliam na prática pedagógica de professores da educação escolar indígena. Sabemos que são inúmeros os desafios interculturais no ensino envolvendo multilíngues e multiculturais, especialmente em um mundo que está em constante transformação. Dessa maneira, possibilitar espaços que se ocupem das referidas temáticas, relacionando-as a questões educacionais das populações tradicionais, é uma forma de potencializar a resistência e a valorização desses povos. Tal valorização vem em contraponto direto às práticas de silenciamento que têm sido imprimidas contra a memória dos povos tradicionais através dos diferentes desdobramentos do capitalismo neoliberal. Assim, este simpósio visa reunir apresentar narrativas, ou outras formas de contar histórias, oriundas de experiências de professores e alunos indígenas, bem como modos de se relacionar com a floresta, a vida e o mundo. O simpósio também busca refletir sobre a própria identidade indígena através de memórias e narrativas, tendo como premissas os processos de construção identitária, resistência e valorização. Há nessas narrativas uma enorme diversidade de experiências vividas e compartilhadas, de protagonismo e saberes compartilhados na vida cotidiana desses povos, cujo currículo escolar oficial não dá conta da dimensão que tais saberes abarcam. Trazer para o espaço acadêmico esta reflexão, também é possibilitar o exercício da escuta e do diálogo em uma atividade de aprendizagem compartilhada. Os trabalhos que farão parte deste simpósio devem refletir sobre as metodologias de ensino que levem em consideração a diversidade cultural, a memória ancestral, o multilinguismo e o multiculturalismo incluindo as narrativas indígenas em suas diferentes performances e facetas, trazendo metodologias que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem da educação escolar indígena, a partir da reflexão sobre as realidades locais.
3. Na tangente: novos caminhos no ensino de literaturas em língua portuguesa
Prof. Dr. Danglei de Castro Pereira (UnB)
Profᵅ. Dra. Cristiane da Silva Umbelino (SEE-MS)
Resumo: Os trabalhos submetidos neste simpósio promovem reflexões sobre a situação do ensino de literaturas em língua portuguesa, tendo como ponto de partida o percurso historiográfico enquanto fator de discussão do objeto literário. A ideia central é aglutinar pesquisas que abordem os caminhos trilhados pelo método historiográfico enquanto possibilidade de discussão do traço heterogêneo inerente à diversidade literária brasileira e focalizem desafios do ensino de literatura nos dias de hoje. O uso de novas tecnologias como o Chat GPT, o NotebookLM e as diferentes plataformas que abordam a IA são questões que criam novos desafios para a abordagem do literário em ambientes de ensino no século XXI. Os trabalhos inscritos no simpósio devem, portanto, refletir e, na medida do possível, problematizar e discutir os fatores da construção do cânone literário e sua relação com o ensino em momentos de grandes mudanças e novos paradigmas tecnológicos nos ambientes de ensino de literatura. Abordar o lugar da literatura na Educação Superior e seus reflexos na Educação Básica, novas legislações que focalizam o ensino de literatura e os desafios de uso de IA nos ambientes de ensino são alguns dos encaminhamentos temáticos para os trabalhos no simpósio. Assim, também serão considerados no delineamento dos trabalhos apresentados neste simpósio, os pressupostos estabelecidos pela Teoria da Literatura, a relevância da Historiografia Literária Brasileira em permanente diálogo com o sistema educativo universitário e sua relação com a formação de educadores literários na Educação Básica. Os trabalhos devem abordar ecleticamente a relação entre literatura, história da literatura e tradição literária no que se refere não só ao delineamento do conceito de tradição, mas de identidade cultural e identitária em suas diferentes manifestações de gênero, incluindo a prosa de ficção e a poesia e pensar o lugar de novas tecnologias no processo de ensino de literatura, bem como seus desafios nos dias de hoje.
Palavras-chave: Revisão do cânone; Historiografia literária; Ensino de literatura.
4. A escrita literária de mulheres negras latino-americanas – narrativas contemporâneas
Dra. Rosane Maria Cardoso
Resumo: O presente simpósio tem por foco narrativas literárias escritas por autoras negras latino-americanas, cujas obras tenham sido publicadas a partir das duas últimas décadas do século XX. A ficção contemporânea escrita por escritoras negras tem tratado de temas como o impacto da racialização no cotidiano feminino negro, a objetivação do corpo, o direito ao desejo, o colorismo, a escravidão e seus desdobramento na contemporaneidade, a história da diáspora, o debate a respeito do cânone, etc. Portanto, este simpósio acolherá pesquisas que promovam discussões sobre a autoria de mulheres negras em relação a: novo romance histórico latino-americano, narrativas autoficcionais, escrevivência, representatividade, identidade, corpo e violência, etc.
5. A produção literária de autoria feminina no sul global: perspectivas africanas, negro-brasileira e indígena
Adriana Cristina Aguiar Rodrigues (UFAM/PPGL)
Elen Karla Sousa da Silva (UFAM/PPGL)
E-mail: elen.silva@ufam.edu.br )
Priscila Vasques Castro Dantas(UFAM/PPGL)
Resumo: A partir da insurgência de contextos culturais, literários e políticos em geografias que perfazem o que se tem definido como Sul Global, espera(va)-se que sujeitos em posições de subalternidade ampliassem os espaços de voz e de escuta, de forma a terem suas produções, em diferentes formas culturais, como partícipes das trocas e das permutas que se deslindam no mundo global. Dentre esses sujeitos, mulheres escritoras, seja no Brasil, seja em países do continente africano, apresentam-se como grupo fundamental de observação de movimentos, a um só tempo, estéticos e políticos, posto que a agência delas nos permite, a partir da análise de suas produções literárias, compreender os modos como as implicações (neo)coloniais, raciais, econômicas e de gênero se interseccionam, isso porque suas obras atuam potencialmente como espaços de escuta crítica e reflexiva das realidades que caracterizam esse grupo de sujeitos subalternizados. Assim, observa-se, por exemplo, no mercado editorial europeu, norte-americano e brasileiro, a aparição de nomes e de obras de (jovens) escritoras oriundas do continente africano, seja em língua inglesa, francesa, seja em língua portuguesa, algumas delas romancistas com trabalhos reconhecidos pela crítica literária e pelo público leitor. Cenário pouco provável até o início deste século. Realidade semelhante se observa quando se tem em mente a produção de escritoras brasileiras indígenas e negras. A literatura negra tem se expandido, ganhando reconhecimento, e se firmando como uma poderosa ferramenta de crítica social, questionando e desconstruindo as estruturas coloniais, raciais e de gênero. No contexto da literatura indígena, que se delimita a partir do “eu-nós” entrelaçador, para além da escrita alfabética, de oralidade, ancestralidade e identidade, o que notamos é um movimento de contranarrativa, em que as escritas subjetivo-coletivas destas mulheres se fazem dissenso na estrutura hegemônica, inscrevendo-se, dessa feita, no campo do vozeamento e da resistência. Considerando esse cenário, este simpósio espera receber propostas de comunicação oral que versem sobre autoria e/ou obras de autoras africanas e/ou brasileiras negras e/ou indígenas, a partir de temas como mercado editorial, gêneros literários em que essas autoras atuam. Também é possível pensar a produção dessas autoras a partir do campo da crítica literária, da pesquisa ou da obra literária em si.
6. Escritas de autoria feminina e (re) existências: reflexões interseccionais como provocações decoloniais
Ana Patrícia Sá Martins (UEMA)
Algemira de Macedo Mendes (UEMA/UESPI)
Resumo: Diante do contexto assimétrico de poder na produção de conhecimentos e saberes, dentro e fora dos espaços acadêmicos, a nossa proposta neste simpósio visa reunir pesquisas que discutam as literaturas de autoria feminina, a partir de perspectivas transdisciplinares e plurais. Objetivamos, ainda, oportunizar debates que reflitam a dimensão do poder nas experiências literárias femininas sob a ótica da interseccionalidade que as atravessam, pensando esses discursos como representações de vozes que (re) escrevem suas subjetividades nos modos de ser/estar no mundo. Neste sentido, acreditamos que a literatura pode ser lida/produzida como movimento de (re) ação aos sistemas patriarcais, eurocentrados e colonizadores, assentados nos processos da colonialidade que (in)tentam subjulgar, marginalizar e invisibilizar, sobretudo, mulheres indígenas, negras, pardas e latino-americanas do/no Sul global. Desse modo, almejamos receber trabalhos que, por meio da análise da literatura de autoria feminina, problematizem a condição de marginalização, exclusão e violência a que esses sujeitos foram/são condicionadas. Argumentamos e acreditamos, enquanto mulheres pesquisadoras, professoras e nordestinas, que a leitura literária é um instrumento de luta e de (re) existir no mundo, o qual precisa ser potencializado nos espaços de formação, institucionais/acadêmicos ou não, para uma práxis que transite das margens para o centro epistêmico e político, conferindo prioridade às experiências subalternas como fundamento da crítica, do reconhecimento, da inclusão, do ativismo e da educação, para além das mediações institucionalistas, cientificistas e tecnicistas em termos de neutralidade, imparcialidade, impessoalidade e formalismo metodológico-axiológicos.
7. Mulheres plurais: autoria feminina na literatura brasileira
Carolina Montebelo Barcelos (UERJ)
Mariângela Alonso (USP)
Resumo: Embora o cânone literário brasileiro seja predominantemente masculino, a irrupção da autoria feminina neste século XXI trouxe novas possibilidades de escrita e uma pluralidade de gêneros e estilos, que variam de escritas de si e romance histórico a um novo realismo e ao insólito ficcional, incluindo até mesmo um hibridismo na composição dos textos. Assim, vemos surgir nomes como Natalia Borges Polesso, Eliana Alves Cruz e Micheliny Verunschk. Há ainda aquelas que, além de se dedicarem à escrita literária, contribuem com ferramentas metodológicas de análise, como é o caso, principalmente, de Conceição Evaristo e suas escrevivências. Paralelamente, escritoras dos séculos XIX e XX, por muito tempo pouco estudadas, como Maria Firmina dos Reis, Julia Lopes de Almeida, Carolina Maria de Jesus e Cassandra Rios, vêm recebendo considerável fortuna crítica. Por outro lado, as narrativas de Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Hilda Hilst permanecem atuais, provocando constantes reavaliações e perspectivas críticas. Destarte, esse simpósio tem por objetivo reunir estudos que versem sobre as diversas formas de representação de mulheres na literatura brasileira dos séculos XIX, XX e XXI de autoria feminina. O intuito aqui não é fazer um recorte específico, de modo que no conjunto das pesquisas apresentadas possamos ter uma visão panorâmica, conforme afirma Eurídice Figueiredo, de quais “imagens de mulher se podem depreender desses escritos” (2013) e como e sobre o que elas escrevem. À vista disso, pretendemos impulsionar um debate crítico que amplie e aprofunde os estudos sobre a presença feminina – como escritora, narradora, personagem – em nossa literatura, em um meio patriarcal, mormente literário, que sempre privilegiou a figura masculina, seja como autor, narrador ou protagonista, e que, muitas vezes, incorre em uma figuração estereotipada de mulheres (DALCASTAGNÈ, 2021). Almejam-se pesquisas que abordem temas como sexualidade, velhice, maternidade, ancestralidade, memória, violência contra a mulher, mulheres na ditadura, dentre outros, e cuja matriz teórica seja assentada, por exemplo, na crítica feminista, na perspectiva interseccional, nos estudos de gênero, nas reflexões decoloniais e nos estudos culturais. Interessa-nos, também, estudos de obras que considerem os descentramentos dos narradores, cujas estratégias exploram pontos de vista opostos aos campos dominantes da história social em confronto com a política conservadora, a cultura patriarcal, o autoritarismo de Estado, o machismo, a pureza étnica, entre outros aspectos (GINZBURG, 2012). Desse modo, acolhemos propostas que também articulem suas análises com outros campos do saber, como a antropologia, a sociologia, a filosofia, e a história. Entendemos esse simpósio como uma oportunidade para reunir pesquisas a partir de gêneros literários variados e que se pautam em diferentes aportes teóricos e procedimentos metodológicos.
8. Literatura, canção e crítica social no Brasil
Prof. Dr. Cleber José de Oliveira (UFGD)
RESUMO: O processo de formação da sociedade brasileira é marcado, por um lado, pela manutenção de privilégios para os grupos abastados, e por outro, pela espoliação das comunidades de origem popular. Isso fez com que o tecido social brasileiro se desenvolvesse disruptivo e segregador, o que se refletiu nas manifestações artísticas. Com efeito, tais mazelas foram/são retradas e denunciadas tanto na produção literária quanto na cancional em obras como “Navio negreiro”, de Castro Alves; “O bicho”, de Manuel Bandeira; “Macunaíma”, de Mário de Andrade; “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos; “O operário em construção”, de Vinicius de Moraes; “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus; “Meu canto de guerra”, de Solano Trindade; “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré; “Construção”, de Chico Buarque; “É ladrão que não acaba mais”, de Bezerra da Silva; “Que país é esse?”, da Legião Urbana; “Amarelo”, de Emicida; “Negro Drama”, do Racionais MCs. Registre-se que essas obras se desenvolveram sob a égide da crítica social. Não alheio a isso, este simpósio busca agregar estudos e pesquisas sobre “literatura, canção e crítica social” que reflitam em que medida expressões literárias e cancionais de cunho sócio-crítico atuam ou podem atuar como instrumentos de intervenção na realidade social promovendo de fato mudanças nas estruturas e nas relações de poder social, política e cultural.
9. Feminismo e feminismo negro na Literatura Brasileira Contemporânea
Elizabete Barros de Sousa Lima (UFNT)
Janara Laiza de Almeida Soares (UNEB)
O campo literário brasileiro se redescobriu a partir, em especial, da década de 1970, conforme Jaime Ginzburg (2012), ao abrir espaço para a presença de outras vozes literárias, as quais não se restringiam ao cânone paternalista colonial, perpetrado por vozes ideológicas de homens brancos, de religião e sexualidade legitimadas. Nesse embargo, mulheres, que já escreviam e eram pouco valorizadas, bem como aquelas silenciadas devido à cor da pele, através de suas lutas, buscam mais espaço para a produção de suas poéticas. Dessa forma, a experiência autoral trouxe novos olhares ao corpo feminino, desconstruindo estereótipos que acompanham a formação da sociedade brasileira. A partir dessa vertente, este simpósio busca receber trabalhos que discutem a experiência corpo-literária da mulher na literatura brasileira contemporânea, focalizando suas lutas e conquistas.
10. Literatura e gênero: múltiplos olhares, discursos e representações
Prof. Dr. Gil Derlan Almeida (IFMA/UFMA)
No âmbito dos estudos literários, cada vez mais tem sido dado enfoque às relações de gênero como campo de análises e formulações, que dialogam proficuamente com o tecido social. Desta maneira, vemos como essa teia de possibilidades nos abarca, sendo matéria basilar nas nossas próprias noções sobre sujeito e identidade. Se o caráter performativo do gênero, como já cunhado por Butler (2018) e sua característica enquanto arena política, conforme Connell e Pearse (2015) são pontos primordiais no entendimento dessa área, vemos que ao mesmo tempo, as relações de gênero servem como um ponto de questionamento de discursos hegemônicos e patriarcais que, imbricados de poder e no uso desse aparato, moldam cenários de dominância e subjugação (Foucault, 2018). Este simpósio busca discutir as representações de gênero e seus desdobramentos em textos literários clássicos e contemporâneos, servindo como momento de troca e discussão sobre como a literatura apresenta personagens envoltos nessa esfera. Assim, convidamos pesquisadores e pesquisadoras de instituições nacionais e estrangeiras para socializarem suas pesquisas em torno das representações de gênero que tomam o texto literário enquanto corpus. Serão aceitos trabalhos de obras nacionais e estrangeiras, bem como apresentações em língua portuguesa ou inglesa. Enquanto aporte teórico, sugerem-se nomes como Bento (2019), Bourdieu (2017), Butler (2018), Connell e Pearse (2015), Foucault (2018) dentre outros de livre escolha dos comunicadores. Os trabalhos, também, podem englobar questões que dialoguem sobre gênero e seu caráter interseccional, aliando análises que, porventura, tratem sobre raça, classe, idade e região, haja vista a impossibilidade de dissociação desses marcadores com as relações de gênero, mas entendendo que o foco das análises, ainda que conversem com os pontos acima citados, recaia sobre gênero e seus nuances. São sugeridas temáticas como: literatura e relações de gênero, autoria e coautoria feminina, representações de mulheres e demais grupos marginalizados, gênero, poder e sociedade.
11. ST: epistemografias dissidentes e políticas de escritas femininas
Leocádia Aparecida Chaves (UnB)
Manuela Rodrigues (IFS)
Resumo: Conforme demonstra Regina Dalcastagnè (2012, 2021), o sistema literário brasileiro, como dispositivo de poder, também é produtor e reprodutor do status quo. Ou seja, confirma e reafirma pelo modo artístico-discursivo um ordenamento social mantido por múltiplos supremacismos. Como demonstra a pesquisadora, essa produção se efetiva sob um mapa de violências de grupos subalternizados, seja pela sua ausência – como autores e autoras, seja em representações estigmatizadoras de personagens negras, de mulheres e de pessoas dissidentes gênero-sexuais. Para estes grupos, a escrita emerge tanto como um ato de reconstrução, de recuperação de si; quanto como um ato de resistência coletiva, um modo de escapar da estratégia colonial de encerrar as dissidências e as mulheridades como um outro, visto apenas da perspectiva do homem branco, heterossexual, moderno/colonial, de classe média alta, capacitista e cisgênero. Um processo de ressignificação da dor e de construção de conhecimento, edificado em um texto que politiza o Eu, fazendo-se rente ao corpo, um corpo em performance que restaura, expressa e, simultaneamente, faz circular saberes. Assim, como confirmam Michel Foucault (1988), Judith Butler (2018) e as “guinadas” no nosso próprio sistema literário: onde há poder, há resistência. Diante dessa certeza histórico-sociológica e da certeza de que para as chamadas minorias escrever não é um luxo, parafraseando Audre Lorde (2019) é que indagamos: a quantas anda a produção literária na contemporaneidade de pessoas dissidentes a esse “padrão de humanidade”? Como a escrita de autoria feminina vem instituindo políticas de escrita no interior do sistema literário? Como a crítica literária tem se comportado diante destas produções? Em que medida as produções de mulheres e de pessoas dissidentes têm colocado em xeque o status quo? Como essa produção vem torcendo a linguagem, “essa língua na qual toda palavra está mancomunada com a reprodução de nossa ininteligibilidade. Somos simultaneamente tornadas incógnitas e levadas a lutar pela linguagem” (Mombaça, 2021, p. 28). Salientamos que, ao qualificar e delimitar a instância da autoria como gênero-dissidente e feminina não desprezamos a existência de outros marcadores sociais que associados àquele vêm reforçando extermínios em nossa sociedade (Crenshaw, 1991), portanto, não negligenciável nas propostas de comunicação a serem apresentadas. Assim, a proposição deste simpósio temático vem da compreensão da necessidade de se garantir a ocupação deste importante espaço de poder – o sistema literário – para que essa produção e a sua crítica irrompam de forma fraturadora do status quo, portanto, resistindo, rebelando, revoltando contra as produções e modelagens hegemônicas de existir (es) e saber (es).
12. Metáforas dos espaços de memória
Dra. Maria Daíse de Oliveira Cardoso
Resumo: Não raramente, identificamos em narrativas a presença do espaço como centro das ações, que representam o coletivo ou até mesmo comportamentos individuais, mas que estão sempre atrelados, gestando os espaços de memória, sejam eles físicos ou psíquicos Segundo Assmann (2011), mesmo quando os locais de recordação não preservem em si uma memória eminente, ainda assim fazem parte da construção de espaços culturalmente mnemônicos e significativos. E isso ocorre não exatamente porque consolidam e validam uma lembrança, na medida em que a ancoram no chão, mas, principalmente, porque corporificam uma continuidade da duração que ultrapassa a fragilidade da memória breve dos indivíduos. Ainda de acordo com os conceitos de Assmann (2011), que faz referência à memória dos locais, há, na perspectiva do sujeito, uma formulação confortável e sugestiva. É confortável porque permite duas interpretações: a fala do “genetivus objectivus” ou do “genetivus subjectivus”, ou seja, da memória que se recorda dos locais ou da memória que está por si só ancorada nos locais. O ato de recordar é também sugestivo “porque aponta para a possibilidade de que os locais possam tornar-se sujeitos, portadores de recordações e possivelmente dotados de uma memória que ultrapassa a memória dos seres humanos” (ASSMANN, 2011, p. 317). Assim, o texto literário âncora essas recordações. O fenômeno da memória é resistente à descrição mais direta e incide em processos metafóricos. Assmann (2011), em suas investigações sobre os locais, categoriza diversos ambientes de memória: locais de gerações, locais sagrados e paisagens míticas, locais da memória exemplar, ruínas, sepulturas, locais de memória e contragosto, locais honoríficos.
Para complementar as nossas discussões, buscamos nos ancorar nas concepções de Bachelard (2008), que compreende que a memória atua como um mecanismo que busca reter o tempo vivido nos muitos alvéolos do espaço, que o corpo e a mente habitam. Nesse ínterim, as canções aqui selecionadas, de algum modo, também apontam para relação espaço-tempo, seja na perspectiva de uma passagem rápida e fugaz, seja no modo afetuoso de permanência dos registros. Dessa forma, o devaneio do tempo vivido, quando recordado, torna-se um novo devaneio capaz de conduzir o sujeito lírico novamente aos aspectos que o passado ainda mantém no presente.
13. Áfricas em poesia e prosa: Memória, território e imaginação criativa
Dra. Marcella Granatiere
Dra. Juliana Campos Alvernaz (UFES)
Resumo: No entremeio das imagens e narrativas sobre a violência da desumanização, ocorre o encontro entre o silêncio do esquecimento e a fala, em voz alta, do excesso das memórias em um tempo espiralar. Tanto a ausência quanto o excesso causam uma certa instabilidade no tecido social. Essas relações com a memória, seja através do não dito ou das repetições, podem ser entendidas como instrumento de interdição de uma possível reconciliação crítica com o passado. A literatura, território híbrido da imaginação criativa, torna-se um lugar de incômodo encontro das memórias com a historiografia. A fabulação é uma linha possível de inscrição dos esquecimentos e mediação dos excessos da história humana.
“O passado não é livre. Nenhuma sociedade o deixa à mercê da própria sorte” (Robin, 2016, p. 31). O real e o imaginário permeiam (re)interpretações do passado. As escritas imaginativas sobre as vivências do ser individual e coletivo tendem a ter um disparador no mundo real, um elemento de interseção que habita as temporalidades híbridas do presente-passado. Trata-se de um estilo de escrita de poesia e prosa que opera na fronteira da história por duas vertentes: a rememoração baseada em relatos de acontecimentos passados ou a (re)contagem na temporalidade presente de um determinado evento histórico. Essas escritas criativas podem ser estruturadas a partir de fragmentos de memórias, uma foto e/ou uma carta, por exemplo, ou construídas por meio de símbolos, imagens, territórios ou distorções de um determinado tempo histórico. Um elemento do real, adormecido em meio às memórias, produz uma leitura distinta de um fato histórico, por vezes considerado fixado no tempo passado, ausente de ações similares ou repetidas no tempo-agora.
Em África, o ato político de escrever em liberdade desvela as sombras do passado misturadas a memórias e territórios. Seja o passado recente e/ou distante, celebrado e/ou ocultado, comemorado e/ou odiado, ele persiste como uma questão fundamental no presente (Robin, 2016, p. 31). A memória, por vezes considerada adormecida, explode e entrecruza o momento de abandonar o passado, conforme sugerido por Nadine Gordimer. Como observa a escritora sul-africana Futhi Ntshingila (2022, tradução da autora) sobre as experiências históricas: “Nunca seria o que era antes da colonização, mas pode tornar-se mais saudável e livre do que aquilo que a colonização tentou transmitir às gerações”. Tendo em vista as relações complexas entre colonização, memória e território, este simpósio objetiva acolher trabalhos que se voltem para literaturas – em prosa e/ou poesia – produzidas no continente africano. São, portanto, bem-vindos textos que analisem as literaturas a partir de perspectivas anticoloniais em obras de escritoras e escritores africanos, de diferentes línguas, para o debate em torno das configurações poéticas e narrativas que contemplem o fazer literário a partir do confronto com os laivos da colonialidade, com ênfase na memória e na territorialidade.
Palavras-chave: literaturas africanas; memória; território.
14. Ditadura e pós-Ditadura civil-militar na Literatura Brasileira: aspectos do tempo, da memória e do contexto histórico-social
Profª. Dra. Lucélia Almeida (UFMA)
Francinaldo Pereira (UEMA)
Resumo: O simpósio acolhe trabalhos que investiguem como as marcas traumáticas das ações do período da Ditadura civil-militar brasileira são representadas na coletividade figurada em obras literárias — seja na prosa, poesia ou teatro — produzidas a partir da geração posterior ao Ato Institucional nº 5. Busca-se compreender de que maneira o contexto sócio-histórico é inserido como elemento significativo na composição estético-literária, evidenciando o entrelaçamento entre os aspectos externos da sociedade e os internos da ficção.
Neste âmbito, o foco recai sobre os fatores internos da construção literária, como a figura do autor/poeta, a posição do narrador, as dimensões do tempo e do espaço narrativo, versos, bem como os elementos estruturais e estilísticos da obra. São mobilizados referenciais teóricos como Bakhtin, Adorno (2003) e Friedman (2002) para orientar a análise desses elementos na criação literária. No que tange à representação da memória, observa-se um duplo movimento: as recordações individuais dialogam em contraponto com as memórias coletivas. Para esta discussão, as reflexões de Maurice Halbwachs (1990), Izquierdo (2002), Pollak (1992) e Ricoeur (2007) oferecem importantes subsídios teóricos, permitindo uma leitura crítica das obras que abordam as complexas relações entre memória, história e literatura no contexto de ditadura e suas ressonâncias no período posterior.
15. Pluralidades na literatura brasileira contemporânea
Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira (UFPA)
Profa. Mestra Aldecina Costa Sousa (UEMA/UFPA)
RESUMO: A narrativa literária brasileira contemporânea caracteriza-se pela pluralidade e diversidade inéditas, graças à incorporação de novos temas, em que se exteriorizam inquietações de escritores e escritoras, em meio às turbulências socioeconômicas, culturais e recentemente, também as sanitárias. Novas questões e novos enfoques são bem-vindos, como acréscimos a tudo o que já existia na recriação literária da realidade brasileira. No campo da autoria, é significativo que um enorme contingente de escritores e escritoras tenham conseguido romper o antigo círculo restrito quase exclusivamente a autores (em maior parte) brancos, de classe média, oriundos de ambientes propícios ao cultivo das letras, os quais detiveram o monopólio de nossos espaços literários. A visibilidade conquistada por novos autores e autoras deve-se a facilidades como o barateamento dos custos editoriais, a multiplicação de editoras, muitas delas alternativas, dispostas a correr o risco de novos lançamentos. Além disso, o acesso à publicação on-line e à venda, divulgação e distribuição por meio de sites permite uma circulação antes impensável. De todo modo, a ampliação do quadro de criadores literários não teria sido possível sem o reconhecimento das qualidades estéticas e temático-ideológicas presentes em suas produções ficcionais. São pessoas diferentes entre si quanto a origem, condição socioeconômica, condição sexual, etnia e outras características fatores que outrora constituíam impeditivos à sua entrada em espaços restritos e, de modo geral, discriminatórios. A respeito da pluralidade, vale ressaltar as temáticas voltadas para as grandes questões do momento: pós-colonialismo; feminismo; identidade; movimento LGTBQIA+, migração, sem prejuízo das mais recentes, como o ambientalismo e a ecologia, havendo espaço, ainda, para temáticas perenes em nossa literatura, como o mundo afetivo-emotivo-psicológico e, em outra vertente, a exclusão social e o preconceito. Tal pluralidade, no contexto das mídias eletrônicas, suscita estudos comparativos entre literatura e outras artes (cinema, música, pintura). Convidamos, portanto, a apresentarem resumos de comunicação oral pesquisadoras e pesquisadores cujos trabalhos dialoguem com as questões apresentadas, tanto aquelas que dialogam explicitamente com aspectos da narrativa tradicional, quanto aquelas que apresentam inovações aptas a refletir sobre o momento de diversidade que caracteriza a narrativa ficcional brasileira atual.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira Contemporânea. Narrativa. Pluralidade.
16. Literatura e multiculturalidade
Prof. Dr. Valderi Ximenes de Meneses ( UEMA)
Prof. Dr. Antônio Valbert Alves Silva ( UEMA)
RESUMO: O presente Simpósio objetiva realizar estudos sobre a importância do ensino de literatura no desempenho das habilidades leitoras, especialmente em contextos multiculturais, pois é uma ferramenta poderosa para promover a compreensão entre diferentes culturas e perspectivas. Dentro desse contexto procuramos fundamentação em determinados teóricos como Castro Rocha – Cultura, Multicuturalismo e Identidade Nacional(2015), Santos – Estudo Focado no Multiculturalismo na Literatura(2016), além de Santiago – Entre-lugar do Discurso Latino Americano(1978). O Simpósio se justifica pelos interesses demonstrados por professores do Ensino Superior e da educação básica e alunos no que se refere ao ensino da literatura, sendo vista como formadora de pessoas cultas nas diferentes áreas do conhecimento. O leitor literário adquire formação multicultural em que se reflete múltiplas questões como identidade, desigualdade, racismo e exclusão social, por meio de textos literários que oportunizam o leitor a entrar em contato com um variado número de culturas diferentes da sua, vindo a ampliar seus conhecimentos, através da troca de experiências interdisciplinares para promover uma interação e formação de leitores multiculturais, permitindo que todos que façam parte do processo consigam se promover e ter uma educação inclusiva e transformadora .
Palavras-chave: literatura, leitura, inclusão, multicultural
17. Práticas literárias e decolonialidade do saber: literaturas afro-brasileiras e indígenas em questão
Profª Drª Claudia Moraes
Profª Drª Linda Bertolino
Profº Dr. Rayron Sousa
Resumo: O presente simpósio pretende reunir pesquisas acadêmicas e vivências relacionadas à área da Literatura Negra Brasileira, das Literaturas Africanas, bem como das literatura indígenas em diálogo com as Ciências Humanas. Assim, o presente simpósio acolherá propostas interessadas em atualizar o debate sobre as diversas fronteiras em diálogo com as cosmologias dos povos originários do Brasil, debatendo com obras literárias criadas por autores pertencentes a povos nativos ou indígenas refletem as visões de mundo, tradições, histórias, línguas e experiências das comunidades indígenas e atuam como uma forma de preservar e transmitir sua cultura, identidade e resistência ao longo do tempo. Serão consideradas também as literaturas afro-brasileiras como conjunto de produções literárias que emergem da experiência, história e cultura dos afrodescendentes no Brasil. Essas obras ecoam as lutas, resistências e contribuições dos negros na formação da sociedade brasileira, abordando temas como escravidão, racismo, identidade, ancestralidade, religiosidade e cultura afro-brasileira. Deste modo, intentamos colaborar na construção de um espaço de discussão sobre propostas alicerçadas em uma abordagem interdisciplinar e reflexões sobre as questões/interesses relacionados às produções artísticas contemporâneas, como: questões de gênero/sexualidade; diálogos entre literatura, história, memória; afetividades e violência; autoria negra e indígena; ancestralidade e contemporaneidade.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Afro-Brasileira; Literatura Indígena; Ancestralidade; Memória.
18. Identidades marginais: corpos queer, gênero e raça na literatura
Prof. Dr. Rubenil da Silva Oliveira (UFMA/UEMA)
Profa. Dra. Renata Cristina da Cunha (UESPI)
Prof. Dr. Ruan Nunes Silva (UESPI)
Maria Cleidimar Silva Ribeiro (PPGLB-UFMA)
Denise Santos Miranda Pereira Silva Ribeiro (PPGLB-UFMA)
RESUMO: O presente visa reunir discussões plurais acerca das identidades marginais e das representações de seus corpos desviantes sob a perspectiva da teoria queer, da fuga às pressões das normas que performatizam o gênero e a raça. Neste sentido, as tendências contemporâneas da literatura interseccionalizadas por eixos discursivos de outros campos do saber abrem um vasto campo de reflexão acerca das identidades na produção das artes e da literatura. Por essa razão, os corpos de sujeitos desviantes, não enquadrados nos padrões de gênero, raça e sexualidades, agora, podem combinar suas vozes e fazê-las ecoar mais longe e até mesmo contradizer as procissões para a coroação de Nossa Senhora, pois, agora, as meninas negras podem ser as escolhidas para levar a coroa e assim coroar a Mãe de Jesus, não mais apenas lançarão flores e, assim, reescreverão o poema “Meu rosário”, de Conceição Evaristo. Também os corpos os quais não se deixam docilizar, transgridem e ultrapassam as fronteiras, resistem e vivem o amor e o desejo de bamburrar assim como Mané e Zuza, na lama do garimpo de Serra Pelada podem ser escutados e visibilizados. Portanto, todas as expressões artísticas, audiovisuais e literárias produzidas por corpos desviantes e/ou que expressem essas interseccionalidades têm seu lugar de fala, porque resistir é viver e esse é o espaço ideal para as nossas vozes se pluralizarem.
PALAVRAS-CHAVE: Resistência; Cultura; Artes e literatura; Crítica literária.
19. Literatura, educação e processos criativos
Dr. Ricardo Nonato Silva (UFMA)
Thais Rabelo de Souza (PPGL/ UFPE/ CAPES)
Resumo: A relação entre literatura e educação é tão antiga quanto a humanidade, a qual, em seus primórdios, se utilizou das suas narrativas e de sua poesia como instância coletiva de transmissão de saberes e experiências, e educação das gerações jovens. De lá para cá, essa relação tem se firmado através das questões suscitadas pela escrita literária, suas manifestações e gêneros e formas, bem como a produção de sentido, do uso didático, da interpretação e do uso criativo da literatura nas interfaces com a educação. Tanto no horizonte da leitura, da história entre o leitor e o texto literário, quanto horizonte da produção têm sido observado problemas que desde uma perspectiva metodológica incapaz de dar conta do objeto literário em suas relações com os sujeitos, pautada no historicismo, no gramaticalismo, na retórica (LEITE, 2011), ou, ultimamente, na linguística textual, sem a transcendência necessária para seu caráter afetivo e imaginário (JOACHIN, 2011), para pensar a relação entre a vida e o texto literário, a inclusão ou exclusão social (CANDIDO, 2012), as intersubjetividades, reivindicações e resistência (BOSI, 2002). Tratando, por exemplo, da presença da poesia em sala de aula e notando as claras deficiências no trabalho com ela, Elder Pinheiro diz o seguinte: “não podemos cair no didatismo emburrecedor e no moralismo que sobrepõe à qualidade estética determinados valores” (PINHEIRO, 2007). Há, portanto, uma multitude de pontos que dizem respeito tanto à educação no Ensino Básico quanto no Ensino Superior. No que diz respeito aos seus processos criativos, a literatura suscita um campo aberto e inimaginável de possibilidades, não apenas da condução à produção criativa, quanto à geração de formas e produtos e ao engajamento cultural e coletivo. Este eixo temático abre-se, pois, para as discussões que envolvam literatura e educação em seus mais diversos aspectos e possibilidades, dos desafios contemporâneos, principalmente na efetividade dos processos criativos de produção e leitura, no meio do redemoinho da vida.
20. A preservação da identidade histórica, cultural e literária maranhense a partir da produção e disseminação de materiais orais
Profa Dra Solange Santana Guimarães Morais - UEMA/NuPLiM-CNPq/RIEMO
Prof. Me Francinaldo de Jesus Morais - SEDUC-MA/NuPLiM-CNPq
Profa. Me. Hádrya Jacqueline da Silva Santos - UEMA-Bolsista BATI/NuPLiM-CNPq
RESUMO: Este Grupo Temático tem como objetivo reunir pesquisadores para discutir de maneira crítica e atual a importância de materiais orais e, principalmente, das distintas manifestações culturais maranhenses para a preservação da identidade histórica e literária do estado, promovendo discussões interdisciplinares, na intenção de gerar mais visibilidade e fomentar o desenvolvimento de pesquisas voltadas para essa área tão rica, bem como fortalecer os vínculos entre literatura e história locais. O interesse em materiais orais parte do fato de que na África, antes do aparecimento da escrita e, ainda hoje, em muitas partes daquele continente, a cultura oral resiste, em que pese os efeitos da globalização, pois a oralidade está sedimentada na memória transmitida espontaneamente de geração em geração. Nesse sentido, o africanista Jan Vansina (1967, p. 13) argumenta que as tradições e as transmissões orais servem como fontes históricas e têm suas particularidades ao serem transmitidas, reforçando, portanto, à importância das práticas de contação de histórias como forma de preservar e continuar a “memória coletiva” – conceito proposto por Halbwachs (2006) – de um povo, de um grupo ou de uma comunidade. Propor uma troca de experiências com essa temática fortalece, também, os “laços humanos” (Bauman, 2021) ao associarmos a ideia do novo com as culturas escritas, as tradições orais e as memórias que nos formaram, pois somos produtos desse conjunto de fenômenos humanos. Transpondo a temática para a ficção, é possível depreender que um autor ficcional traz para o contexto cenas do cotidiano, linguagem características dos personagens, imagens para representar os “lugares de memória” (Nora, 1993) vivenciados pelos participantes do enredo, entre outros aspectos. Um texto literário assim constituído pode testemunhar as vivências do seu autor, as suas referências, a sua cultura, e ao mesmo tempo, universalizar essas experiências porque, muitas destas, são significantes para as vidas de outros seres a quem são oportunizados compartilharem daquelas histórias. Por tudo isso, sustenta-se a relevância do envolvimento de pesquisadores e discentes em pesquisas em Literatura que direcionem o olhar crítico para o contexto cultural e histórico do estado pertencente, com vistas a entender que o homem precisa fortalecer sua história, conhecer-se, saber sua origem, não negar ou esquecer o processo que o formou. Importa pontuar que, além da literatura, existem outras formas de transmissão da cultura, via oralidade, e são a elas que este Grupo Temático deseja, também, dar espaço e visibilidade, na intenção principal de contribuir para trabalhos de pesquisa acerca das poéticas da oralidade, possibilitando o entendimento de que as histórias precisam ser contadas, escrita ou oralmente, e compartilhadas para sobreviverem, evitando, assim, o esquecimento. A presente proposta insere-se, portanto, na Linha III: espaço, paisagem e memória; ficção contemporânea, por entender que elementos culturais surgem de um lugar e contribuem, pois, para a preservação histórica e literária deste.
Palavras-chave: Cultura maranhense. História e Literatura. Memória. Oralidade.
21. Literatura infantil e juvenil: leitura, imagem, tecnologia e produção de subjetividades
Prof. Dr. Diógenes Buenos Aires de Carvalho (LLER/UESPI)
Profa. Dra. Paula Fabrisia Fontinele de Sá (LLER/UESPI)
Resumo: O simpósio "Literatura Infantil e juvenil: leitura, imagem, tecnologia e produção de subjetividades" tem como objetivo explorar o papel transformador da literatura para crianças e jovens, considerando as dinâmicas sociais e culturais contemporâneas. Serão abordados temas como a diversidade de narrativas e o impacto da imagem na literatura, com destaque para livros ilustrados, livros-objeto, histórias em quadrinhos e outras formas narrativas que combinam texto e visualidade para enriquecer a experiência de leitura. Além disso, outro eixo de discussão será debater como elementos da literatura infantil e juvenil contribuem para a formação de leitores críticos e reflexivos, a relação entre essas produções literárias e outras tecnologias, como cinema e jogos digitais, e o papel das práticas de mediação de leitura como ferramentas essenciais para promover o acesso e o gosto pela leitura desde a infância. Nosso simpósio visa proporcionar um espaço de troca e reflexão entre pesquisadores, educadores e demais interessados, ampliando a compreensão sobre as intersecções entre leitura, imagem, tecnologia e a formação da subjetividade na infância e juventude.
Palavras-chave: literatura infantil e juvenil; leitura; imagem; tecnologia; subjetividade.
22. Literatura e Ensino na Construção do Leitor Multicultural: Diálogos, Desafios e Perspectivas
Dr. Ana Cristina Teixeira de Brito Carvalho (UEMA)
Resumo: A leitura é uma prática cultural que transcende o ato de decodificar palavras, é um processo de construção de sentidos que conecta o indivíduo ao mundo. A leitura literatura tem sido um espaço privilegiado para o encontro de vozes, culturas e visões de mundo. No contexto contemporâneo, marcado pelo uso das tecnologias digitais, redes sociais e pela crescente mobilidade cultural, o ensino de literatura assume um papel ainda mais relevante na formação de leitores multiculturais, capazes de compreender e dialogar com as diversidades que compõem nossa sociedade. Com base nesse panorama, propomos o simpósio Literatura e Ensino na construção do leitor multicultural: diálogos, desafios e perspectivas. O simpósio terá como objetivo principal reunir pesquisadores, educadores, escritores e estudantes para discutir como a literatura pode ser utilizada como ferramenta pedagógica para promover a inclusão, a empatia e a valorização da diversidade cultural. Eixos de discussão:
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A representatividade literária;
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Metodologias de ensino de literatura;
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O leitor como agente crítico;
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Desafios contemporâneos para o ensino de literatura.
23. Recepção multicultural: o leitor e a dinâmica da imagem na literatura e em outros sistemas semióticos ( filmes, quadrinhos, novelas, séries ou minisséries)
Profª Drª Elijames Moraes dos Santos (UEMA)
Resumo: O texto literário desde a instauração do cinema tem servido de pano de fundo e/ou inspiração para a construção de novos sistemas de linguagem, como quadrinhos, novelas e as tão discutidas séries. Nesse ínterim, o leitor torna-se cada vez mais importante no contexto da significação, figura como elemento para pensar a caracterização do novo espaço significante, imagético ou midiático. Diante disso, o presente simpósio tem como objetivo promover discussões a respeito dessa relação leitor e os novos formatos de textos literários, sejam os traduzidos para outros sistemas de linguagens, como os fílmicos, sejam aqueles recriados, a partir da literatura, e que se realizam em plataformas digitais. Esse processo de adequação (dos gêneros) da literatura em formatos diversos exige também que o leitor esteja atento à diversidade dos textos, seja impresso ou digital, os quais impõem um certo desafio. Em geral, este simpósio é um convite ao estudo da literatura norteado, pela dinâmica da interação/interpretação, que tem como base a estética da recepção, espécie de fenomenologia direcionada ao leitor, sem perder de vista a relação com o objeto estético; ou mesmo, os pressupostos da tradução intersemiótica; ou ainda, à visão de uma poética subjetiva da metalinguagem realizado por um leitor imersivo.
Palavras-chave: Literatura. Multicultural. Leitor. Outros sistemas semióticos.
24. Literatura, Insólito Ficcional e Estudos da Personagem
Josenildo C. Brussio (UFMA - São Bernardo)
Elizete A. Ferreira (PUC – Goiás)
Fabrício Tavares de Moraes
Resumo: O presente simpósio temático pretende agregar trabalhos e comunicações sobre temas literários que atravessam os estudos da personagem em seus diversos contextos do insólito ficcional, da ficção científica, do multiverso, das distopias, do imaginário, do fantástico, da monstruosidade, do gótico, da tanatologia, da (anti)religiosidade, das distopias, do realismo mágico, entre outros. Por isso, convidamos aqueles/aquelas que tenham interesse em ampliar os debates sobre os estudos da personagem, ancorados em teóricos como Carlos Reis, Antonio Candido, Anatol Rosenfeld, Cristina Vieira, e que estabeleçam conexões com a literatura insólita, inspirados em Todorov, Filipe Furtado, Rosemary Jackson, David Roas, Irene Bessiére, Remo Ceserani, Flávio Garcia, entre outros, a submeterem textos em nosso simpósio temático. Como bem lembra o professor Flávio Garcia, sob a denominação abrangente de insólito ficcional se podem abrigar o fantástico [...] ; o maravilhoso [...] ; o estranho [...]; o realismo maravilhoso, bem como suas muitas variantes, admitindo-se o realismo mágico, o realismo fantástico, o realismo animista; o absurdo [...]; os contos de fada em geral – ficando-lhes de fora muito poucas narrativas –; uma grande maioria das narrativas de mistério e policial; uma boa quantidade de textos da ficção científica; as produções que se alinham nos cenários da ficção distópica ou da ficção pós-apocalíptica; o fantasy. Eis o universo com o qual esperamos dialogar.
Palavras-chave: Literatura. Insólito Ficcional. Estudos da Personagem.
25. Teatro brasileiro: Dramaturgias, tendências contemporâneas e suas complexas ramificações
Prof. Dr. Francisco Alves Gomes (UFRR/PPGL)
Resumo: O teatro é a arte da memória efêmera, do registro e das potencialidades artísticas advindas do ritual. Os homens possuem uma inclinação natural para a representação mimética, ou seja, o teatro é uma força propulsora que acompanha a humanidade desde os tempos primórdios. Sua presença, – para além da construção predial/arquitetônica –, está inserida na história da inteligência humana. O homem sempre fez teatro; num primeiro momento vinculando tais ações a um espectro ritualístico, mítico, a posteriori, transformando o teatro num produto cultural altamente vinculado a uma ideia de arte da elite, de extração burguesa. Na contemporaneidade a frase “o fazer teatral” tem adquirido inúmeros significados, uma vez que o contemporâneo impõe uma perspectiva de imprecisão e deslugar a todas as produções socioculturais. Hibridismo, performance, performance art e tantas outras configurações de teatralidade estão imiscuídas no ato de performar o corpo, a cena e a escrita do texto dramatúrgico, este terceiro, por sua vez, muitas vezes destituído em prol de experimentações e rupturas. Nesse sentido, a proposta do simpósio é acolher pesquisas sobre dramaturgos e dramaturgias contemporâneas que estão amalgamadas nas questões desse tempo, como por exemplo: dramaturgia negra e a dramaturgia gay. Quais são os textos teatrais que exploram a complexidade do contemporâneo atravessado de inúmeras identidades sociais no amplo campo das tensões dialéticas? O teatro é um espelho estético da sociedade. Tudo pode ser explorado por meio da dramaturgia, pois ela operacionaliza coletivamente os conflitos humanos no espaço de verdade literária do texto ao passo que culmina na catarse a partir da montagem. Ninguém sai ileso com a voz de uma personagem teatral. Uma peça sempre propõe uma engrenagem simbólica para cada sujeito leitor/espectador, que ao experienciar a dramaturgia ou a cena, retira para a vida interior o que lhe convém em termos de uma dialogia responsiva. O presente simpósio, assim, pretende ser palco para pesquisas que apresentem dramaturgias vocacionadas a descentralizar o próprio conceito de dramaturgia a partir de enredos e personagens que evidenciam as disputas de narrativa à luz de um pensamento decolonial. Quem são as personagens da dramaturgia contemporânea? O gay, o negro, a mulher, os excluídos, os migrantes e todo um vasto conjunto de vozes dissonantes. Portanto, pensar o teatro contemporâneo implica observar a dramaturgia também como espaço de reivindicação de lugares de presença e existência, compreendendo também essa experiência teatral como um confronto entre as problemáticas sociais, que resultam na necessidade de construção de uma nova ontologia do ser.
Palavras-chave: Dramaturgia; Teatro; Contemporâneo; Decolonial; Texto.
26. Literatura de autoria negra e outras artes: estéticas e críticas literárias
Dr. Sidnei Costa
Dra. Beatriz Campos
Resumo: A literatura de autoria de pessoas negras tem sido revisitada nas últimas décadas em uma perspectiva do universo imagético criado e de diálogos entre as vozes e as artes. Nesse sentido, a proposição deste Simpósio é dar seguimento ao primeiro, realizado na edição anterior deste CILEL, prospectando reunir estudos que tenham por base as criações literárias de pessoas negras em diálogo com as outras artes: a música, o teatro, o cinema, os quadrinhos, a corporeidade na dança, os efeitos sonoros ancestrais e outras modalidades artísticas, as quais proporcionam um campo amplo de diálogos para análises estéticas e críticas. Além disso, pretende-se responder a uma provocação “jocosa” de uma pesquisadora que, de forma improvisada, pontuou uma ausência de qualidade na escrita de pessoas negras, sem qualquer cuidado teórico, em um Simpósio ocorrido na USP, em homenagem aos 90 anos de Antonio Candido (2024). Desse modo, busca-se refletir e denunciar setores da sociedade que criticam os processos de afirmação, representação e emancipação de pessoas negras. É necessário ampliar espaços de reflexão sobre o recrudescimento contra a questão racial no Brasil, reforçado por setores de extrema direita e de uma parte da esquerda. Esse recorte do presente demonstra que a sociedade brasileira historicamente refuta o enfrentamento do racismo estrutural e a sua historicidade por um sentimento e um ideal de negação. Assim, nota-se que há um conjunto de intelectuais que rejeitam enfaticamente o debate sobre o racismo e, se viram “obrigados” a se recolher frente a avanços que impulsionaram a produção acadêmica com recorte racial. Assim, propõe-se reforçar a crítica a esse movimento a partir da proposição de análise de Edimilson Pereira, Eduardo de Assis Duarte, Muniz Sodré, Joel Rufino dos Santos, Conceição Evaristo e demais pesquisadores que têm colocado no centro a literatura de pessoas negras. A redução valorativa da estética às subjetividades, às dores do racismo e à afirmação de artefatos que remetem a uma ancestralidade, colocaram por décadas autores negros inseridos em uma crítica marginalizada. Portanto, a proposição deste simpósio é reunir estudos que possam colaborar com o contraponto valorativo a essa estética de autoria negra com base em pesquisas que propõem um olhar no qual a arte é concebida a partir de um contexto crítico, percorrendo o criar e o existir. Sob esse aspecto, busca-se dialogar com conceitos os quais inscrevem um outro corpus literário e artístico brasileiro criado a partir de imagens de autorrepresentação negra: “Toma-se o lugar da escrita, como direito, assim como se toma o lugar da vida” (EVARISTO, 2005).
Palavras-chave:Autoria de pessoas negras; Literatura e outras artes; Representação; Crítica sociocultural.
27. As mulheres indígenas e a literatura brasileira: do silenciamento ao reencantamento
Dra. Sonyellen Fonseca Ferreira
Resumo: A partir da invasão colonizadora em 1500, as mulheres indígenas foram constituídas tanto pelos relatos de viajantes como pela literatura e pelas artes visuais quando não silenciadas, mortas. Desde A Carta, de Pero Vaz de Caminha, registro inicial que lançava em entrelinhas as bases do projeto colonizador e catequizador, foi-se construindo um imaginário invisibilizador e preconceituoso que atingiu mais profundamente as mulheres indígenas como é possível ver em obras como O Uraguai (Basílio da Gama), Caramuru (Santa Rita Durão) e Iracema (José de Alencar). Para figurar nestas obras, consideradas bases da literatura brasileira, elas precisaram estar redimidas tanto de seu caráter “selvagem” quanto dos “pecados” de seu gênero, não raro alcançando isto com a morte. Entretanto, quando essas mulheres indígenas passam a ocupar outros lugares para além da violência, exploração e silenciamento a elas submetidos pela colonização, podemos ter acesso a outras histórias e desse modo, outras literaturas que falam de outras sociedades e outras possibilidades de existência para além do lugar de exploração de seus corpos, sua força de trabalho e conhecimentos. Estas mulheres resistiram de maneiras diversas, de forma que seus protagonismos continuaram a ser exercidos, porém de maneiras que sociedade envolvente pouco conhece ou valoriza. Desta maneira, este simpósio buscará de um lado problematizar a presença-ausência das mulheres indígenas na literatura e na história “oficiais” brasileiras, assim como buscar nas artes e conhecimentos indígenas sejam visuais, têxteis ou verbais os rastros de suas presenças e protagonismos que permitiram que as culturas indígenas resistissem à violência, genocídio e silenciamento impostos pela colonização.
Palavras-chave: mulheres indígenas, literatura brasileira, presença, ausência.
28. Literatura, Artes e Mídias (LAMid)
Prof. Dr. Emanoel Cesar Pires de Assis – UEMA/UFPI
Profa. Ma. Keiliane da Silva Araújo Carvalho - (LAMid - PEGeL/UFPI)
Resumo: O Simpósio de Literatura, Arte e Mídias (LAMid) se configura como um espaço interdisciplinar voltado à troca de ideias e saberes entre graduandos (as) e pós-graduandos (as) da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, bem como de outras instituições de Ensino Superior. Intenta-se, com isso, refletir sobre pesquisas internas e discutir as múltiplas formas de produção literária que transpõem as fronteiras de mídias, bem como as transformações, sejam elas narrativas ou estéticas, circunscritas pela digitalização e globalização, de modo a explorar as interseções entre o tradicional e o contemporâneo e levando em conta a maneira com que essas mudanças influenciam a forma, o conteúdo e, por extensão, a recepção das obras literárias no cenário atual. Nessa direção, serão aceitos trabalhos desenvolvidos por membros do Grupo de Pesquisa Literatura, Artes e Mídias (LAMid), que abordem questões literárias, teóricas, metodológicas e práticas voltadas à literatura em meio digital; à literatura maranhense; à produção literária na era das redes sociais; à literatura e patrimônio cultural; às novas formas de recepção e participação do leitor nas mídias, entre outras. A promoção desses debates sublinha as inúmeras possibilidades de entrecruzamentos que envolvem a literatura, as artes e as mídias, visando não apenas ampliar o escopo das discussões acadêmicas, mas também aprofundar a compreensão sobre como essas áreas se interrelacionam e se influenciam mutuamente.
29. Ensino de literatura: desafios e estratégias na contemporaneidade
Dra. Caroline Kirsch Pfeifer
Resumo: Nos últimos 10 anos, as ferramentas tecnológicas, como a gamificação ou o uso da inteligência artificial (IA), tornaram-se cotidianas na sala de aula. Neste novo contexto, o ensino da literatura enfrenta novos desafios e tenta buscar novas estratégias para fomentar a leitura literária. Sabemos que a literatura é fundamental para ampliar conhecimentos linguísticos, culturais e sociais, mas como trabalhamos com estratégias e/ou metodologias que orientem não só a competência leitora, mas também a sensibilização literária neste novo contexto digital? Esta pergunta orientará nossas discussões neste seminário que tem como objetivo receber trabalhos e investigações teóricas e/ou práticas pedagógicas que contemplem experiências de mediação de leitura e didática da literatura no entorno digital. Assim, convidamos professores (as), mediadores (as) e pesquisadores (as) a enviarem trabalhos que problematizem este novo contexto digital dentro de ambientes formais e informais de ensino.
30. Ficcões para Adiar O Fim Do Mundo: Narrativas de Futuros E O Que Elas Têm A Dizer Sobre Nós
Dra. Maria Aracy Bonfim (Uema)
Millena Portela
A prática de criar ficções acompanha a humanidade desde o início de sua trajetória. A partir dessa prática, foram criados vetores que governam a sociedade até hoje. A literatura que, por sua vez, pode ser descrita como a arte de criar e contar histórias, diversas vezes, materializa tais ficções. Esse assombroso movimento que a literatura faz é capaz de inspirar a formação de gêneros, subgêneros e narrativas que desafiam, e até mesmo rompem, as convenções estabelecidas sobre o que é, como se faz e para quem a arte literária é produzida, como é o caso da Ficção Especulativa. Segundo o autor e pesquisador brasileiro, Wadson Gomes de Souza (2019), a Ficção Especulativa pode servir como um termo guarda-chuva para “agregar fantasia, ficção científica e horror sobrenatural. (...) são narrativas com a possibilidade de criar novos mundos, de mudar as regras da realidade, de imaginar alternativas, de especular no sentido mais literal do termo” (p. 21). Desse modo, podemos considerar que a Ficção Especulativa é um fenômeno em ascensão, pois possibilita a existência de obras que desafiam as regras do que tem sido produzido até então pelos gêneros e subgêneros literários especulativos, como a Ficção Científica. Assim, a Ficção Especulativa, pela sua natureza diversa e expansiva, abre portas para vozes e produções outrora negligenciadas ou raramente consideradas, como as narrativas especulativas negras, a utopia negra e o Afrofuturismo, que surge em resposta à escassez de autores negros e suas obras dentro da Ficção Científica, os Futurismos Indígenas, as narrativas de futuro latino-americanas, entre diversas outras significativas manifestações artísticas. Esse exercício é fundamental e necessário quando consideramos os efeitos violentos que o sequestro do Atlântico causou nos sujeitos em diáspora. A criação de narrativas de futuros para indivíduos que enfrentam constantes ameaças de genocídio inspiram a produção de estéticas-respostas subversivas e impactantes, além de altamente populares, a exemplo do grande sucesso do filme Pantera Negra (2018), a obra e a produção audiovisual Black is King (2020), de Beyoncé. No Brasil, autores como Ale Santos, com a sua obra O Último Ancestral (2021), Taiasmin Ohnmacht, autora de Uma Chance de Continuarmos Assim (2023) e Lucas Mota, autor de Olhos de Pixel (2024), são apenas alguns nomes que trazem em suas obras aspectos importantes no que se refere a narrativas de futuro diversas. Nesse sentido, este simpósio, busca acolher trabalhos que investiguem narrativas de futuros que enfoquem vozes e perspectivas diversas do padrão ficcional científico/especulativo, como é o caso (mas não se restringe) do Afrofuturismo, a utopia e distopia preta, os Futurismos Indígenas, o Afrosurrealismo e o Africanfuturismo.
II. SIMPÓSIOS - ESTUDOS DA LINGUAGEM
1. “Meu aluno não lê”. E agora, o que podemos fazer? Diálogos necessários a partir de contextos diversos e diversificados
Dra. Dariana Paula Silva Gadelha (UFAM)
Dra. Ligiane Pessoa dos Santos Bonifácio (UFAM)
RESUMO: No ano de 2024, a 6ª edição do levantamento “Retratos da leitura no Brasil” apontou que o país está em uma constante queda no número de leitores. Conforme a pesquisa, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores. Contudo, não é difícil compreender essa realidade, se pensarmos como se deu, historicamente, a relação entre o povo brasileiro e a leitura. Um exemplo dessa relação repleta de obstáculos foi a política colonial que proibia a impressão de alguns livros, ou a dificuldade para importar obras. Tais censuras tinham o objetivo claro de evitar a propagação de ideias revolucionárias. Desse modo, o acesso a livros e à prática leitora ficou restrita às elites, o que ainda se pode observar na nossa sociedade, mesmo com a consolidação do ensino público formal e com projetos desenvolvidos nas escolas que buscam incentivar e aproximar os alunos do universo da leitura. A pessoa proficiente na atividade de leitura tem maiores possibilidades de desenvolver a autonomia intelectual e de desempenhar um papel atuante e crítico na sociedade da qual faz parte. Desenvolver habilidades e competências relacionadas à leitura é uma necessidade para o bom desempenho dos indivíduos nas diferentes práticas sociais. Diante desse contexto, a escola tem um importante papel no desenvolvimento de tais habilidades e competências, todavia, os resultados de exames nacionais e de pesquisas em diferentes anos do Ensino Fundamental, Médio e Superior têm demonstrado a urgência de serem redimensionadas as propostas das escolas e universidades para ensinar a ler, de forma que os alunos consigam alcançar o patamar de leitores proficientes, capazes de agir eficazmente nas diferentes situações de comunicação. Para que a escola cumpra o seu papel de aperfeiçoar a competência leitora e escritora dos alunos, é preciso sair do ensino tradicional de leitura que os concebe como meros decodificadores de signos linguísticos, e adotar uma prática pedagógica eficaz, concebendo o trabalho com a linguagem como um processo de interação entre os sujeitos que pensam, refletem, apreciam, julgam consciente e eficazmente, na modalidades de leitura e escrita. Nesse sentido, este simpósio, que se intitula ‘“Meu aluno não lê”. E agora, o que podemos fazer? Diálogos necessários a partir de contextos diversos e diversificados’, pretende acolher trabalhos que apresentem relatos de experiências, propostas de atividades leitoras e metodologias nos mais diversos contextos. Abordar essa questão e pô-la em evidência se faz necessária a fim debatermos sobre os rumos que nossas escolhas didáticas estão nos levando e repensarmos maneiras mais eficientes para formar cidadãos leitores. Diante do exposto, propomos diálogos com Paulo Freire (2003), El Far (2006), Kleiman (2022), Koch (2006), Oliveira (2010), Moreira (1984), entre outros autores e autoras.
2. Integração texto-gramática e leitura sob o olhar de estudos enunciativos
Isael da Silva Sousa (UEMA)
Albano Dalla Pria (UNEMAT)
Maria Auxiliadora Ferreira Lima (UFPI)
RESUMO: Neste simpósio pretendemos reunir trabalhos que defendam que um ensino de gramática pautado em conteúdos e regras gramaticais não contribui para que o aluno adquira o domínio da leitura e da escrita, por este ensino está desvinculado do texto, de seus enunciados. Pois, uma abordagem centrada em conceitos, classificações, identificações não permite que o aluno adquira um conhecimento reflexivo da gramática de sua língua em situações efetivas de usos, materializada nos textos, nos enunciados. Gramática e significação estão estritamente articuladas, tendo em vista que não há texto sem gramática. Tomando como princípio a articulação gramática e significação, este simpósio propõe uma discussão sobre o ensino de gramática sob uma prática reflexiva que tenha sua origem no texto e que conceba a gramática como suporte para a construção e reconstrução de significação dos enunciados de um texto. Nessa reflexão, a gramática deve ser trabalhada em sintonia com a atividade de leitura, pois é a partir do agenciamento de marcas que o sujeito enunciador constrói e reconstrói significações. O aluno ao ler um texto parte de marcas para reconstruir significações, assim, no âmbito da articulação léxico e gramática, cabe ao professor levar o aluno a refletir sobre o papel que determinadas marcas lexicais e gramaticais, resultantes de escolhas do sujeito enunciador, assume na construção da significação dos enunciados em um texto. Para a efetivação da discussão proposta, este simpósio receberá trabalhos que abordem o ensino de gramática sob o suporte da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE), proposta por Antoine Culioli (1990, 1999a, 1999b, 2018), a Semântica do Acontecimento, de Guimarães (2018), bem como sobre outra perspectiva teórica que abra espaço para situar a gramática em função do texto e não o texto em função da gramática.
PALAVRAS-CHAVE: TOPE. Ensino de Gramática. Texto. Leitura.
3. Letramento, multiletramentos e ensino de língua materna
Mariana Lima da Silva (UFRN/FELCS)
Deymika de Carvalho Florêncio (UEMA/Pedreiras)
Resumo: O ensino de língua materna tem se consolidado, ao longo dos anos, como um espaço de reflexão sobre os gêneros textuais e abordagens que consideram a língua como prática social e interativa (Marcuschi, 2008; Antunes, 2006). Sob essa perspectiva, o Letramento (Soares, 2009; Kleiman, 2007) tem fomentado discussões relevantes sobre práticas pedagógicas no ensino de Língua Portuguesa. Assim, este simpósio propõe abrir espaço para pesquisas que explorem o ensino de Língua Portuguesa sob a ótica dos Letramentos, promovendo a troca de saberes e diálogos sobre práticas e eventos de letramento no contexto ensino-aprendizagem. O foco também recai sobre abordagens contemporâneas, como os multiletramentos (Rojo, 2012; 2013), ampliando as possibilidades de análise e discussão.
Palavras-chave: Ensino de língua materna. Letramento. Práticas e eventos de letramento.
4. Discurso e ensino
José Antônio Vieira (UEMA-PGLB/UFMA)
Mariana Aparecida de Oliveira Ribeiro (UFMA/PGLB)
Vanessa Fabíola Silva de Faria (UNEMAT)
Resumo: O simpósio em Análise do Discurso é um espaço de apresentação de trabalhos que problematizam os processos de construção de textos e discursos. Isso compreendendo que primeiro é o resultado de uma ação ou prática social, enquanto o segundo é o produto da atividade discursiva que toma como a produção discursiva e os efeitos de sentido da construção sobre a qual o analista pode buscar, em sua superfície, as marcas que guiam a investigação científica. A ideia é criar espaço para os trabalhos que compreendem toda produção discursiva como uma construção social, refletindo sobre uma visão de mundo vinculada aos pesquisadores filiados às diferentes abordagens dos estudos discursivos que problematizam os sujeitos e a sociedade em que vivem a partir do contexto histórico-social e de suas condições de produção, bem como, a relação destas visões com o ensino de língua materna. Serão aceitos trabalhos que mobilizem conceitos provenientes dos campos dos estudos do discurso. Análises que pensem a construção sócio-histórica e política dos processos de significação em diferentes materialidades verbais e não-verbais em diferentes contextos.
5. Análises discursivas de/sobre movimentos de resistência culturais e regionais
Dr. Alan Lobo de Sousa (UESPI)
Prof. Dr. Rogério Modesto (UESC)
Resumo: Michel Pêcheux nos lembra que o real da língua é a incompletude, não no sentido de que lhe falta algo, mas em razão de que ela não se fecha. Em razão disso, podemos dizer que os sentidos se oferecem tanto pelas suas lacunas quanto pelas suas formas de presença. Não são produtos do que acreditamos dizer e dominar, mas daquilo que o sujeito-leitor/ouvinte acessa e constrói por meio de uma memória sócio-histórica e de uma posição que assumirá diante de dado discurso. Em outras palavras, o sentido depende do sujeito assim como das condições de produção do dizer. A partir desse entendimento, propomos lançar uma escuta discursiva sobre os sentidos que ganham existência história a partir de sujeitos e condições de produção do dizer marcados pela resistência, em seu atravessamento pelos sentidos de “cultural”, “regional” e “nacional”. Assim, neste simpósio, reunimos pesquisas que se interessem pelo funcionamento de práticas discursivas que se constituem, são formuladas e entram em circulação a partir de diferentes movimentos de resistência cultural e regional do Brasil. Compreendemos a resistência a partir da análise discursiva materialista para qual tal conceito é agenciado na relação com a contradição tendo em vista seu caráter ambivalente de negar e afirmar as discursividades sobre as quais se sustentam. Tendo em vista a Análise de discurso como uma teoria dedicada à descrição e a compreensão do funcionamento dos discursos em meio às práticas sociais que os materializam, é central compreendermos como tais práticas são determinadas historicamente, a fim de desopacizar sentidos tidos como evidentes no âmbito regional e nacional. Afinal, o trabalho com a significação, em uma abordagem discursiva, deve-se ao interesse pelo processamento discursivo e, por conseguinte, pelo modo como os discursos materializam sentidos tanto no/pelo verbal quanto no/pelo não-verbal. Para tanto, é fundamental descrever, analisar e compreender os processos que estruturam certos dizeres em vez de outros, de modo a questionar o modo como uns circulam mais que outros, sob um efeito de verdade. Dito isso, convidamos a todos que têm se dedicado a estudar tal funcionamento em práticas discursivas e materialidades diversas, ancorados nas perspectivas das distintas Análises do discurso trabalhadas no Brasil.
6. Letramento em foco
Prof. Dr. Antonio Valbert Alves Silva – (UEMA)
Prof. Dr. Valderi Ximenes de Meneses – (UEMA)
RESUMO: O presente simpósio objetiva promover reflexões sobreas diferentes concepções de letramento, com fundamento em (HAVELOCK, 1995; ONG, 1998, (HEATH, 1982; STREET, 1995; KLEIMAN, 1995). A partir desses teóricos, entende-se que os Novo Estudos de Letramento focam as práticas de uso da escrita como práticas socias plurais e heterogêneas. É essa perspectiva que nos interessa neste simpósio. Propomos, então, trabalhos que dialoguem com as ideias de identidade, sujeito e política, com foco nos diferentes letramentos, tais como: letramento acadêmico, literário, escolar, digital, vernacular, religioso ou quaisquer outro pertencente à perspectiva do letramento como prática social. Esse simpósio se justifica pelo interesse que professores universitários e da educação básica, alunos da educação básica e universitários têm demonstrado em relação às pesquisas que problematizem questões relacionadas aos letramentos e sua relação com aspectos de identidade, sujeito e política. Nesse sentido, considera-se para esse espaço acadêmico, letramento na perspectiva das práticas sociais. As perguntas a seguir, podem contribuir com as discussões: Como identificar eventos de letramento nas diferentes atividades socias que envolvam leitura e escrita? e, se o letramento pode contribuir para ressaltar as identidades, os sujeitos e as ações políticas nos diferentes contextos de uso de práticas sociais?
Palavras-chave: Letramento, Identidade. Sujeito. Política.
7. Categorias discursivas: letramento, identidade, sujeito e política
Prof. Dr Waltersar Jose de M Carneiro(UEMA)
Profa. Dra. Vilma Maria R Cavalcante(UEMA)
Resumo: O presente Simpósio é um espaço para os pesquisadores que queiram refletir sobrea linguagem do ponto de vista discursivo, através das categorias do letramento, da identidade, do sujeito e da política. Vê-se, portanto, um espaço amplo de discussão de temas relevantes da área da linguagem. O que aproxima essa variedade de categorias é a compreensão de que é na/pela linguagem que construímos o mundo social e, portanto, nossas práticas sociais. Nesse sentido recorreremos a orientações teóricas que tratam do letramento como a entrada do sujeito social no mundo da escrita, ampliando a competência comunicativa dos mesmos, como orienta os trabalhos de Roxane Rojo e Ângela Kleiman. Nessa perspectiva, o foco recai sobre as diversas práticas de uso da linguagem tanto sob o ponto de vista da escrita quanto do ponto de vista da leitura nas diferentes agências de letramento como a escola, a família e o trabalho. Já as categorias de identidade e de sujeito encontram-se diretamente relacionadas como apontam Stuart Hall e Tadeu da Silva sendo, portanto, compreendidas como dinâmicas, heterogêneas, líquidas, construídas nas diversas interações sociais, em que o sujeito social participa. Identidade é um constructo teórico relacionamento ao surgimento do conceito de sujeito nos estudos da modernidade e das pós-modernidade. Aqui, o foco será nas práticas discursivas que desconstroem narrativas naturalizadas da modernidade e que unificaram a noção de sujeito, criando um sujeito uno e que foi duramente combatido pelos estudos pós-modernos que passaram a ouvir outras vozes, principalmente no campo acadêmico, vozes até então silenciadas e que desconstruiu a ideia de sujeito e uno, contribuindo para os avanços nos estudos sobre identidade(s). Já a categoria, alinhada às categorias anteriores, está intimamente relacionada aos estudos que defendem que ao falarmos, o que fazemos é uma espécie de posicionamento discursivo, o que permite com que façamos uma aproximação dessa categoria da categoria da argumentação como propõem Ruth Amossy e José Luiz Fiorin orientada pela agenda de pesquisa da Linguística Aplicada de natureza indisciplinar. Aqui, nossos discursos não são a-políticos, ao contrário, estamos sempre nos posicionando através de nossas práticas discursiva. Assim, o simpósio aceitará trabalhos que se enquadrem em uma dessas categorias discursivas, abordando a linguagem como prática social, uma maneira do sujeito agir no mundo social. E, como diz o mestre Moita Lopes, é preciso que o campo acadêmico brasileiro, como uma voz emergente, repense outras formas de fazer ciência, reinventando o mundo social, especulando outras possibilidades em que o protagonismo possa ser assumido pelas vozes do sul.
Palavras-chave: Letramento. Identidade. Sujeito. Política.
8. Contribuições da fonética e fonologia para os estudos variacionistas e culturais
Profa. Dra. Luciana Martins Arruda (UEMA/Campus Colinas)
Prof. Esp. Daniel dos Santos Teixeira (UEMA/ Campus Colinas – Mestrando em Letras/ UESPI)
RESUMO: A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que se dedicam ao estudo descritivo da linguagem e dos sons humanos produzidos pelo aparelho fonador. Linguistas, como Dermeval da Hora, explicam que os sons, como matéria-prima dos sistemas linguísticos, ao se organizarem e cumprirem a função de contrastar significados entre as palavras, passam a categorias de gramática (fonemas) e desempenham papel fundamental na estruturação de cada língua. Essas duas áreas são responsáveis por descrever, analisar e registrar os diferentes modos de falar e suas variações; e nos fazem compreender fenômenos, como a harmonia vocálica, assimilação, nasalização e alofonia. Tanto a Fonética quanto a Fonologia são imprescindíveis para a compreensão e o ensino da língua materna. A diversidade de línguas no Brasil conta com um número em torno de 180 línguas indígenas e mais de 30 línguas de imigração, além das variedades regionais do português brasileiro falado em todo o território. Logo, percebemos que o Brasil é um país bastante heterogêneo, formado por diferentes comunidades de fala, como quilombolas, indígenas, descendentes de povos europeus etc. Essa heterogeneidade contribui significativamente para os estudos variacionistas realizados pela Sociolinguística Variacionista – ciência piloto dos estudos de Labov (2008), que investiga a língua em uso. Comunidades de fala, variáveis e variantes são alguns dos conceitos estudados pela Sociolinguística Variacionista. Sendo assim, neste Simpósio Temático, aceitaremos contribuições de pesquisas finalizadas ou em andamento que abordem aspectos variados da fonética e seus desdobramentos teóricos (fonética articulatória e fonética acústica), fonologia, fonologia de línguas indígenas e demais comunidades, bem como suas interfaces entre a fonologia-morfologia, fonologia-sintaxe, aquisição e variação fonológicas. Todas essas contribuições serão bem-vindas, pois suscitarão discussões acerca dos diferentes níveis de análise linguística e das identidades culturais que despertam o sentimento de pertencimento a uma comunidade, grupo ou país. Portanto, dialogar com pesquisadores do Maranhão e de outros estados brasileiros nos permitirá conhecer mais sobre essas áreas da Linguística e irá impulsionar as pesquisas que estão sendo desenvolvidas no Campus Colinas da Universidade Estadual do Maranhão.
PALAVRAS-CHAVE: Fonética e Fonologia. Variação linguística. Identidade cultural.
9. A (sócio)linguística, análise do discurso e a literatura: um olhar transcultural
Prof. Dr. Waldemberg Araújo Bessa (UEMA/MULLI/CNPq)
Prof. Ma. Deyse Gabriely Machado Brito (UEMA)
Resumo: Nos moldes do tradicionalismo, a (sócio)linguística e a análise do discurso possuem um elemento epistemológico que os aproximam. A ciência da linguagem saussuriana (1996) nos dá um ponto de partida na linha do tempo dos estudos linguísticos. O uso social da língua entrelaça-se desde a oralidade até a produção textual no mais profundo sentido. As análises variacionais assumem a função de representar e diferenciar povos, seja por origens sociocultural, seja por aspectos geográficos (Bentes e Mussalim, 2006). Nessa perspectiva, Mollica (2003) pressupõe a existência de formas linguísticas alternativas denominadas variantes ao qual a pesquisadora distingue variantes de variáveis para compor a definição de variação linguística (Bessa e Brisolara, 2021). As ideologias intrínsecas em cada texto mostram a diversidade do individualismo, contudo, o homem sendo produto do meio sofre influência das ações coletivas, estas fossilizando a identidade social de cada comunidade linguística, de modo a pressupor que a língua reflete marcas que são ideológicas, inclusive no sentido de assumir uma preponderância ou uma subalternidade. Ademais, os estudos literários, também tem percorrido um viés em que há questionamentos ideológicos que propõem tanto a releitura do cânone quanto a visualização de obras que fogem dos clássicos. Desse modo, infere-se que o saber linguístico percorre a intersecção entre o que se considera tradicional, até as tendências consideradas modernas, para abranger os saberes híbridos, sincréticos e transculturais (Grosfoguel, 2021). Nesse sentido, este simpósio propõe a discussão de trabalhos que discutam as variações que ultrapassam as normas tidas como tradicionais, considerando o campo (sócio)linguístico e literário.
Palavras-chave: Ciência da linguagem; Análises variacionais; Estudos linguísticos; Ideologias; Literatura.
10. Gênero, ensino e formação docente: perspectivas teórico-metodológicas
Paulo da Silva Lima (UFMA)
Alex de Castro da Costa (UFMA)
Ynnara Soares Reis (UEMA)
Resumo: os gêneros discursivos ocupam um lugar central nas reflexões sobre o ensino de línguas e práticas pedagógicas, destacando-se como ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento de competências de leitura, escrita e oralidade. Sua relevância e utilização transcendem o ambiente escolar, oferecendo bases teóricas e metodológicas que fomentam práticas significativas tanto no âmbito da educação básica quanto no contexto da formação de professores (formação inicial ou continuada). Assim sendo, dada a importância dos gêneros no espaço educacional/acadêmico, este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores que investiguem os gêneros textuais/discursivos em sua aplicação no ensino de línguas e na formação docente, abordando as múltiplas possibilidades de diálogo entre diferentes teorias e metodologias. Dessa forma, busca-se explorar como o trabalho com gêneros pode promover práticas educacionais que atendam às demandas de ensino-aprendizagem de estudantes da educação básica, ao mesmo tempo em que subsidiam a reflexão e o aprimoramento do agir docente. Ao integrar essas perspectivas, o simpósio pretende apresentar pesquisas e experiências que demonstrem como os gêneros podem ser utilizados para mediar processos educativos transformadores, contribuindo para a construção de práticas pedagógicas mais reflexivas e alinhadas aos desafios contemporâneos. Portanto, o propósito maior é promover um espaço de discussão que fortaleça a articulação docente entre teoria e prática, favorecendo tanto a melhoria da formação quanto o desenvolvimento dos educandos em contextos educacionais diversos.
11. Interacionismo sociodiscursivo: um alicerce para práticas educativas
Ma. Mary Joice Paranaguá Rios (UEMA)
Profa. Dra. Lucimar Dantas (Universidade Lusófona Lisboa - Portugal)
Resumo: O grupo de trabalho “Interacionismo Sociodiscursivo: um Alicerce para Práticas Educativas” visa proporcionar um espaço de discussão e reflexão sobre as bases teóricas e metodológicas do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). O interacionismo sociodiscursivo é uma abordagem teórica que enfatiza a importância das interações sociais e discursivas na construção do conhecimento. Fundamentado nas contribuições de Bronckart(1999), Vygotsky(1922), Saussure(1995), e Bakhtin(2004), destacando como suas teorias se articulam para compreender as atividades e ações de linguagem no contexto educacional. O ISD propõe que a linguagem é uma ferramenta essencial para a mediação das práticas educativas. Este modelo teórico oferece uma base sólida para analisar atividades de linguagem em contextos educacionais, promovendo uma compreensão mais profunda das dinâmicas de ensino-aprendizagem. A aplicação do ISD nas práticas educativas permite uma abordagem mais integrada e contextualizada, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. Espera-se que os participantes do grupo de trabalho realizem uma análise crítica e aplicada, utilizando exemplos concretos e propondo atividades práticas que possam ser implementadas em sala de aula. O trabalho deve ser colaborativo, com discussões e reflexões que enriqueçam a compreensão do tema. Metodologicamente, o simpósio incentivará a submissão de trabalhos que utilizem tanto abordagens qualitativas quanto quantitativas. Esperamos receber estudos que analisem produções verbais concretas em contextos específicos, como salas de aula, ambientes de formação de professores e outros espaços educativos. Além disso, os trabalhos devem discutir as implicações epistemológicas do ISD, explorando como essa perspectiva teórica pode informar e transformar práticas pedagógicas, contribuindo para um ensino-aprendizagem mais eficaz e significativo.
Palavras-chave: Interacionismo sociodiscursivo, Práticas educativas, Mediação linguística e
Ensino-aprendizagem.
12. Variação linguística em línguas brasileiras
Ana Claudia Menezes Araujo (UEMA)
Doutora em Estudos Linguísticos pela UFMG
RESUMO: O presente simpósio visa reunir pesquisas na área de variação linguística sob as perspectivas teóricas da Sociolinguística Variacionista, Sociolinguística Interacional e Sociolinguística Educacional. Nesse sentido, serão aceitos trabalhos sobre a língua portuguesa e línguas indígenas, considerando a diversidade de línguas que são faladas no Brasil. Assim, espera-se receber pesquisas concluídas ou em andamento sobre as seguintes temáticas: (i) variação linguística da língua portuguesa e/ou das línguas indígenas brasileiras nos níveis fonético-fonológico, morfossintático, semântico e lexical; (ii) preconceito linguístico; e (iii) contato linguístico. O intuito é promover a socialização das pesquisas sobre as variações presentes no território nacional, bem como incentivar os estudos acadêmicos na área de descrição e análise de línguas brasileiras.
Palavras-chave: Sociolinguística. Variação linguística. Língua Portuguesa. Línguas indígenas.
13. A ágora de agora: ler e compreender em contextos multiculturais e sociais
Profa.Dra. Ormezinda Maria Ribeiro (UnB)
Resumo: Este simpósio propõe-se a abrir um espaço de discussão sobre o ensino de leitura, tendo em vista as diversas possibilidades que se desenham em um universo possibilitado pelas redes sociais e os mais variados contextos multiculturais. Nesse sentido, congrega pesquisas e relatos de experiências que consideram as constantes mudanças nas formas de disseminação de textos em seus diversos gêneros. Assim, pretende colocar em relevo a questão dos (multi)letramentos, o acontecimento da linguagem e(m) suas inúmeras formas de manifestação, abrindo um leque de discussões a partir da compreensão do texto como um espaço em construção, enfatizando a língua em ação, na sua prática dialógica que reflete e refrata as relações sociais em constante mudança. Dessa forma, espera suscitar a reflexão acerca de seu ensino, ancorando-se em pesquisas que tematizam a leitura em seus diversos níveis e contextos sócio-históricos.
PALAVRAS-CHAVE:leitura; multimodalidade; multiletramentos; ensino.
14. Tradução, Adaptação e Paratradução Na Contemporaneidade: Panorama e Perspectivas Práticas e Teóricas
Jeanne Sousa da Silva (UEMA)
Emilie Genevieve Audigier (UFMA)
Diante do advento das chamadas “novas tecnologias” e de movimentos conhecidos como “internacionalização”, “globalização” e/ou “mundialização”, o fluxo de traduções não só aumentou consideravelmente, mas o próprio processo de tradução passou por mudanças significativas. Considerando tal contexto, torna-se bastante relevante refletir-se sobre a circulação de textos traduzidos e seu processo de produção, compreendendo que cada processo tradutório, sugere uma perspectiva prática e teórica próprias. Ainda que se possam encontrar diversos trabalhos destinados a tratar dos fenômenos de tradução, adaptação e da paratradução aquilo que constitui a(s) fronteira(s) entre ambas as práticas ainda não parece claramente delimitado, e muitos autores ainda divergem ao procurar descrever a natureza de cada uma delas. Conforme aponta GAMBIER (1992), os Estudos da Tradução ainda estão fortemente marcados por posturas ideológicas - muitas das quais relegam o status de tradução somente à prática interlingual, categorizando as demais sob o rótulo de adaptação –, e o status desses dois termos, bem como a relação de um com o outro, são fatores que dependem em ampla medida dos posicionamentos perante cada um deles, termos cujas acepções são polissêmicas e ambíguas. Partindo-se do pressuposto de que tradução, adaptação e paratradução são fenômenos diferentes, neste simpósio busca-se discutir perspectivas teóricas que pontuam essas diferenças e ampliem a percepção desses processos. Além disso, pretende-se discutir a formação de investigadores de tradução, tanto em relação à extensa abrangência de áreas de pesquisa, bem como a métodos e estratégias adotados pelos pesquisadores, centrando-se especificamente na inter-relação entre os Estudos da Tradução e áreas interdisciplinares, tais como Antropologia, Linguística, Estudos Culturais, Estudos Literários, entre outros.
Palavras-chave: Tradução. Adaptação. Paratradução. Ensino. Pesquisa