EIXOS TEMÁTICOS

Eixos temáticos do evento

EIXO 1: CIDADE E URBANO NA BAHIA E NO BRASIL: VELHAS QUESTÕES E DEBATES EMERGENTES

 

O eixo temático ora apresentado tem o propósito de catalisar os debates sobre a cidade e o urbano, contemplando a multiescalaridade que o tema abarca e os diferentes enfoques possíveis, com ênfase na abordagem geográfica, mas aberto às contribuições de estudantes e profissionais das diversas áreas científicas que tenham seu foco analítico nos estudos urbanos. Assim, interessa tratar de questões que persistem como componentes históricos das formas contraditórias de reprodução social e econômica, bem como dos debates contemporâneos, despertados pelas novas formas do habitar, conviver, sobreviver, produzir riqueza e sociabilizar-se no espaço urbano.

 

EIXO 2: GEOGRAFIA AGRÁRIA, MUNDO RURAL E A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAMPO

 

  • mundo rural sofreu profundas transformações com o avanço do processo de “modernização” do campo, a partir da segunda metade do século XX. Um processo que foi impulsionado pela industrialização da agricultura e que se complexifica nos tempos atuais da financeirização. E que não somente alterou a relação campo-cidade e a dinâmica da produção do espaço agrário, mas também aprofundou as suas contradições e conflitos. Novas formas de apropriação privada dos bens naturais, de grilagem e de usurpação das terras públicas se juntam à questões históricas ainda não resolvidas no campo, como a concentração fundiária e a precarização do trabalho (por vezes, em condições análogas ao trabalho escravo). A produção de commodities avança sobre os territórios da produção e reprodução da vida dos povos e comunidades do campo, das águas e das florestas. Comunidades Indígenas, de Fundos e Fechos de Pasto, Quilombolas, Pescadoras e Pescadores, Marisqueiras, Geraizeiros(as) Posseiros e todas as formas de expressão do campesinato, em sua unidade e diversidade, têm suas terras e territórios ameaçados pelo avanço das diversas frentes do capital: especulação imobiliária, empreendimentos turísticos imobiliários, grandes projetos de infraestrutura, parques eólicos e solares, mineração, monocultivos, celulose, entre outros. discurso do “agro” como impulsionador do desenvolvimento e do progresso se impõe, enquanto se observa a destruição da natureza, por meio de queimadas e desmatamentos dos biomas da caatinga, cerrado e mata-atlântica, amazônia e da produção de commotidies e alimentos com veneno. Ao mesmo tempo, insurge uma diversidade de lutas e resistências camponesas e de produção da vida por meio das pautas da reforma agrária, soberania alimentar, agroecologia, educação do campo, feminismo camponês, defesa dos biomas e justiça climática, dentre outras. Nesse contexto, o Espaço de Dialógos e Práticas impulsionado pelo GT de Agrária da AGB – Santa Inês convida a todas e todos que pesquisam o mundo rural, a relação campo-cidade, a questão agrária, o agrohidromineronegócio, transição energética, povos e comunidades tradicionais, organizações e movimentos sociais rurais, reforma agrária, segurança e soberania alimentar e nutricional, agroecologia, agricultura familiar camponesa, segurança hídrica, justiça climática e diversas formas de lutas e resistências populares, violências e conflitos territoriais no campo e a contribuir com seus trabalhos neste espaço de diálogo.

 

EIXO TEMÁTICO 3: PENSAMENTO GEOGRÁFICO

 

Este eixo temático abarca proposições que contemplem um olhar sobre a(s) epietemologia(s) que envolve(m) a ciência geográfica, seja a partir de uma análise da sua formação e consolidação como pensamento autônomo, das contradições e complementaridades entre conhecimento científico e saberes populares, mas também pelas possibilidades de interação com outros campos do conhecimento e da sua institucionalização e assimilação nos meios escolar, universitário, nos discursos oficiais, nas sociedades geográficas e nas entidades públicas, privadas e do terceiro setor. Também são bem-vindos trabalhos que abordem novas perspectivas para o avanço do pensamento geográfico.

 

EIXO TEMÁTICO 4: EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA E ENSINO DE GEOGRAFIA

 

O eixo acolherá produções teóricas e práticas que refletem as possíveis distinções e relações entre noções de Educação Geográfica e Ensino de Geografia. Também pesquisa relacionadas à Educação Geográfica na Educação Básica, na Educação Básica Técnica e no Ensino Superior, bem como na Formação inicial e continuada de professores no Estado da Bahia. Desse modo, buscará tratar das questões relacionadas aos currículos (BNCC), à precarização das relações de trabalho, os desafios do Novo Ensino Médio e a Educação Geográfica e o Ensino de Geografia em relação às mudanças neoliberais da educação brasileira. Além disso, o eixo receberá propostas que abordem as diferentes metodologias e linguagens no ensino-aprendizagem da ciência geográfica.

 

EIXO TEMÁTICO 5: GEOGRAFIA DA FOME, ALIMENTAR E DA SAÚDE

Este eixo temático tem como provocação empírica a necessidade de melhoria da qualidade de vida da população no quadro das políticas públicas urbanas e regionais e como categorias analíticas, a alimentação e a saúde. Na ciência geográfica, alimentação e saúde- direito constitucional, social e humano são analisados por meio de abordagens transdisciplinares e leitura multiescalar, que podem estabelecer e problematizar a importância dos vários determinantes: aspectos políticos, sociais, físico-ambientais, culturais, econômicos e psicológicos em prol da construção de uma sociedade menos desigual.

Neste sentido, o eixo temático abarca temas variados como a fome e suas especificidades do contexto brasileiro e baiano; Sistema Nacional da Segurança Alimentar, hábitos alimentares dos diferentes grupos humanos ligados a determinadas áreas geográficas; espaços geográficos de troca e comercialização que valorizem alimentos saudáveis e comida de verdade; sistema alimentar contra-hegemônico; análise espacial da insegurança alimentar e nutricional na saúde da população; fatores determinantes ao risco à saúde e/ou bem estar social e ambiental; impactos das alterações climáticas na saúde e qualidade de vida, entre outros

 

Eixo 6: Geografias Negras e Geografias Feministas: instrumentos teórico-metodológicos de luta e (re)existências no fazer geográfico

 

O processo diaspórico dos povos africanos para o Brasil foi marcado pela violência colonial, fator decisivo para a atual desigualdade socioespacial e a violência enfrentada nos territórios negros, como nos diz Alex Ratts. O estado da Bahia cuja população é majoritariamente negra e feminina (SEI, 2020) apresenta um legado de re-existências contra as injustiças que se manifestam através da negação de direitos básicos e de violências, frutos desse passado colonial e da colonialidade bem presente.

Desse modo, as geografias negras e as geografias feministas são fundamentais para possibilitar transformações teórico-metodológicas no contexto da ciência geográfica, já que a análise sobre a realidade dos territórios não pode ser realizada sem acompanhar as emergências atuais. Por isso, essa geografia do real, como afirma Rafael Sanzio dos Anjos, articuladora das relações entre espaço, raça, gênero e classe, tal como orientou Antonia Garcia, precisa ser valorizada.

O Espaço de Diálogo e Prática (EDP) Geografias Negras e Geografias Feministas valoriza os trabalhos científicos que tracem caminhos para instrumentalizar os sujeitos contemporâneos a resistir às injustiças socioespaciais estruturadas e sustentadas no racismo, na violência de gênero e de sexualidade. Dessa forma, o EDP se delineia como um espaço de diálogo, troca de experiências e apresentação de pesquisas/trabalhos, desenvolvidos ou em desenvolvimento da comunidade geográfica, a partir das epistemologias, trajetórias e corporeidades de sujeitas/os individuais e coletivos em suas diferentes espacialidades e territorialidades. Assim, o eixo Geografias Negras e Geografias Feministas está em consonância com o compromisso assumido nacionalmente através do Manifesto Geo-grafias Negras (2019).

 

Eixo 7: A Geografia Econômica, a Geopolítica e a Geografia Política no primeiro quarto do século XXI

 

A crise de 2008 ainda reverbera sobre a economia mundial, através do avanço de políticas de austeridade fiscal dos governos, desregulamentação dos mercados e taxas de inflação. O aumento do desemprego e da precarização do mundo do trabalho assombram diversos países e provocam ondas de crescimento da insatisfação popular, associadas ao aumento das práticas de xenofobia e políticas mais duras contra os imigrantes (principalmente do Sul global). Nesse contexto, o discurso autoritário e de extrema-direita ganha corpo com alguns dos representantes de alternativas autoritárias chegando ao governo em diversos países ocidentais. Ao mesmo tempo, o ocidente observa a ascensão chinesa, o crescimento do BRICS, a mudança nas relações comerciais entre países que já não adotam mais o dólar como moeda de troca. Os países integrantes da OTAN e da União Europeia enfrentam as consequências da guerra na Ucrânia. Observa-se um realinhamento dos países da África e do Oriente Médio. O Brasil passa por um momento de retomada das políticas sociais e de combate a pobreza, mas as políticas de austeridade, como as reformas neoliberais que visam atender ao sistema financeiro, continuam sendo pautadas pela ala conservadora e ligada à extrema-direita que forma maioria no congresso. A bioeconomia se apresenta como pauta econômica alinhada ao contexto das mudanças climáticas, não somente para a preservação ambiental, mas também para a captação de recursos de fundos internacionais. A retomada de grandes projetos de infraestrutura visa a geração de emprego, com impactos sobre os camponeses, povos e comunidades tradicionais e periferias urbanas. O estado da Bahia vive essa contradição, à medida que possui um governo progressista com um discurso de inclusão social e preservação ambiental e de respeito aos povos e comunidades tradicionais, mas autoriza a implantação de empreendimentos que impactam os territórios destas comunidades. Nesse contexto, o presente EDP convida as pesquisadoras e pesquisadores que discutem a Geografia Econômica, A Geopolítica e a Geografia Política a apresentarem seus trabalhos para debatermos juntos.

 

Eixo 8: Cultura, memória e patrimônio

A cultura está intimamente ligada ao sistema de representações e de significados que envolve valores materiais e imateriais. A partir de uma visão multifacetada nos estudos geográficos passa-se a compreender a ação transformadora da cultura nas religiões, na militância política e social, na organização comunitária para uma economia solidária, e na reafirmação de identidades. Nesse sentido, a cultura é fundamental na espacialidade humana ao mesmo tempo que o patrimônio é significativo para a preservação da memória coletiva de um povo e quando representado se torna passível de proteção por políticas públicas. Espera-se que esse espaço de diálogo possa oportunizar aos participantes ricos debates relativos à visibilidade das práticas culturais, ao evidenciar conflitos mas também (re)existências nos mais diversos territórios e nas mais diversas formas de manifestação cultural.

 

Eixo 9: Geografia Física e meio ambiente

O contexto que estamos vivendo relativo às questões ambientais, seja pelas variabilidades climáticas ou pelos usos abusivos do solo, é que se discute a atuação da Geografia Física e seus princípios para reorganizar o pensamento geográfico ambiental a respeito dos impactos emergentes na natureza e na sociedade. Em especial, no Estado da Bahia, percebe-se inúmeros impactos que têm despertado a preocupação, felizmente, cada vez maior da sociedade. Mesmo assim, é perceptível a pouca compreensão da complexidade ambiental própria dos sistemas que integram a natureza que embora possua mecanismos de regulação e resiliência frente aos esforços aplicados também possui um limiar que deve ser considerado nos estudos ambientais. Para tanto, pensou-se trazer à tona nesse espaço de diálogo o papel fundamental da Geografia Física e suas abordagens na análise das múltiplas relações sistêmicas com incentivos a debates oriundos de pesquisas e experiências produzidas nos mais diferentes territórios da Bahia e de outros lugares capazes de apontar e apresentar caminhos metodológicos e propositivos para a construção de uma sociedade mais atuante e mais justa ambientalmente.

 

Eixo 10: Cartografia e representações de mundo

 

Este eixo temático contempla discussões cartográficas de cunho teórico e/ou empírico, alinhadas aos conceitos cartográficos, às interseções entre cartografia e categorias de análise geográfica, educação cartográfica, cartografia escolar, cartografia e arte, geotecnologias, sensoriamento remoto, geoprocessamento, mapeamento participativo e análises geoespaciais, cujas pesquisas foram desenvolvidas nas esferas da sociedade civil e governamental, em instâncias públicas e privadas, por pesquisadores de escolas, institutos, universidades, organizações não governamentais, movimentos sociais e sindicais.