1 -GRAFIAS-MÃES: MATERNIDADES NEGRAS EM PERFORMANCE
COODENADORAS:
Fabiana Carneiro da Silva – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Josinélia Chaves Moreira – Instituto Federal do Piauí (IFPI)
Resumo
As performances de maternidades negras evocam rasuras e dobras de (re)existências e de (auto)descolonização do corpo, uma oralitura (MARTINS, 1997) em dilatação, afetada de palavras, expressões, articulações que estão envolvidas nessa matripotência (OYWÙMÍ, 2016). Diante disso, o exercício de pensar maternidades negras nos diversos campos de saber, justifica-se diante da dificuldade de falar sobre o tema, assim como das relações imbricadas entre os conceitos de maternidades, maternagens, amor, afetos, famílias, solidões, vulnerabilidades, violências, racismo, sexismo, invisibilidades, dentre tantos outros temas que se cruzam nessa grande instituição identitária e comunitária da maternidade. É também um gesto de redimensionar a discussão sobre as múltiplas perspectivas do tema maternidade a partir da filosofia africana, pois na eurocêntrica e colonial, as mulheres negras são reduzidas apenas a um corpo depositário de reprodução e continuidade da escravidão. Na verdade, faz-se necessário continuar movimentando e juntando as memórias de maternidades negras, fecundando caminhos outros para discussão sobre o papel da mãe negra na construção da ideia de nação e como isso se insere na historiografia literária brasileira. Por isso, é fundamental analisar as ressignificações da representação de maternidades negras, a partir dos operadores teóricos da escrevivência (EVARISTO, 2007; 2020) e interseccionalidade (CRENSHAW, 2002; COLLINS, 2017; AKOTIRENE, 2018), bem como de referências afroperspectivadas (NOGUERA, 2012), recolhendo os índices e signos de maternidades negras espalhados, amontados, adormecidos nos corpos negros, tendo em vista a sabedoria dos/as mais velhos/as. Nessas gestações de leitura, o que mobilizou a construir essa proposta parte das seguintes questões: como as grafias-mães parem rasuras sobre maternidades negras diaspóricas nas Améfricas (GONZALEZ, 1988), através de quais signos e índices? De que maneira essas mães (re)fundam os sentidos de maternidades e maternagens? O que só mães negras podem sentir ou falar? Como essas maternidades atravessam os diversos contextos históricos de comunidades afrodiaspóricas, quais as sincronias e as rupturas? Qual a importância da chave de leitura da maternidade negra como símbolo de poder, como ferramenta de construção política, cultural e econômica nas Améfricas? Diante disso, serão bem-vindas comunicações que busquem colher, trançar, alinhavar essas questões e outras, instaurando novos paradigmas de análise através de insinuações estéticas (MOREIRA, 2022) de escrevivências, escritas-tranças, matripotentes e exsurgentes, para mostrar o quanto o edifício da maternidade foi erguido sob areia movediça desconectada de forma proposital dos grandes feitos e conquistas. Estes e outros rodopios serão necessários para confirmar o quanto a escrevivência, como essa grafia-desenho de clamar outras possibilidades de resistência, alimento e vivência, alarga a própria noção de mãe, maternidade, maternagens e insere outras referencialidades negras. Por fim, o nosso desejo é continuar aprimorando, alargando e contribuindo com esse campo de conhecimento, o qual tem revelado o poder feminino das mulheres negras que sempre inventam na falta, imprimem alegoricamente, na arquitetura de diversos símbolos o desespero, mas também parem outras possibilidades de existências, como também fazia a mãe de Conceição Evaristo (2007), ao engravidar cotidianamente pela via da grafia-desenho para parir o sol, sustento da família. Assim, o parir não representa apenas o ato de expulsão do feto, mas todas as vezes que essas mães e toda a comunidade criam estratégias de sobrevivências que alimentam a vida de toda a família e de quem está ao seu redor, acionando as diversas faíscas de criatividade (WALKER, 1972).
Palavras- Chave :Grafias-mães. Maternidades Negra
2- MEMÓRIA E IDENTIDADE FEMININA NAS NARRATIVAS LATINO-AMERICANAS DE AUTORIA FEMININA: DAS DITADURAS À CRISE DA DEMOCRACIA
COODENADORAS:
Profa. Ana Paula dos Santos Martins-(USP)
Profa.Elisabete Vieira Câmera-(IFSP)
Resumo
Após a Segunda Guerra Mundial, os movimentos anticolonialistas, de emancipação e autoafirmação de grupos minoritários e oprimidos e de luta contra governos totalitários e autoritários surgiram como forma de resistência ao apagamento do passado, segundo Márcio Selligman-Silva. Nesse sentido, a renegociação tanto do contexto da narrativa histórica quanto da política de representação e autorrepresentação passou necessariamente pelos novos modos de representação do passado e pela desconfiança quanto à existência de categorias universais.
Considerando-se a produção literária de autoria feminina, pode-se afirmar que a crítica feminista de orientação cultural oferece subsídios fundamentais para a análise da especificidade da escrita das mulheres, inclusive as “importantes diferenças entre as mulheres escritoras”, tais como “classe, raça, nacionalidade e história”, as quais são “determinantes literários tão significativos como o gênero”, conforme preconiza Elaine Showalter (1994). Como lugar privilegiado para a experiência social feminina, a escrita de autoria feminina apresenta como um de seus méritos a sistemática de recuperação da produção feminina silenciada ou excluída dentro dos cânones literários, desmascarando as estratégias sociais e políticas opressoras da instituição literária e dos aspectos culturais da análise que envolve a produção literária feita por mulheres. Pensando na produção literária da segunda metade do século XX no Brasil, por exemplo, foram muitos os escritores que produziram contos e romances durante o regime ditatorial imposto em 1964, como Antonio Callado, Ignacio de Loyola Brandão, Rubem Fonseca e Renato Tapajós, embora a censura tenha se constituído em um modo eficiente de calar algumas vozes dissonantes com a proibição, muitas vezes, da publicação de suas obras. Da mesma forma, durante a redemocratização e depois dela, muitos ficcionistas têm se dedicado a recriar esteticamente os efeitos sobre os personagens das ditaduras e da ascensão de discursos ligados à extrema direita que põem em risco a democracia, especialmente pelo viés da memória e da ressignificação do passado. Cabe ressaltar que há também uma produção de autoria feminina sobre esse período que se estende de meados do século XX até o início do século XXI, que, de certo modo, foi relegada a um segundo plano, e que, mais recentemente, graças à crítica literária feminista e aos estudos que envolvem interseccionalidade, têm ganhado visibilidade e se tornado cerne de pesquisas acadêmicas. Em muitos desses textos escritos por mulheres, experiência, identidade e memória remetem a um jogo paradoxal que problematiza o passado histórico ou recente, na medida em que a experiência pessoal e a social estão fortemente entrelaçadas. Se o pessoal é político, como preconiza a crítica feminista, a experiência das personagens femininas está articulada, literariamente, com a representação da dinâmica das relações de poder com as quais as elas travam embates, sejam eles em nível familiar, social ou político; nesse sentido, as escritoras assumem “sua posição de mulher nos processos de alteridade”, como afirma Níncia Teixeira (2008). Pelas razões expostas, o simpósio temático “Memória e identidade nas narrativas latino-americanas de autoria feminina: das ditaduras à crise da democracia” acolhe propostas de trabalhos que versem sobre a identidade das personagens femininas sob os efeitos da ascensão de ditaduras impostas a países latino-americanos desde meados do século XX até momento sócio-histórico atual, com a propalada crise das democracias, a partir do fortalecimento de discursos e programas políticos da extrema direita em alguns desses países. Pretende-se discutir, seja a partir da revisitação do passado histórico, seja por meio da problematização do presente, a recriação estética realizada por escritoras latino-americanas do período mencionado, que permita uma reflexão acerca de questões que envolvem gênero e interseccionalidade, história e política.
3-TRANSGRESSÃO, MEMÓRIA E (IN)SUBALTERNIZAÇÃO NAS LITERATURAS AFRICANAS E AFRODIASPÓRICAS PRODUZIDAS POR MULHERES
COODENADORES:
Sávio Roberto Fonseca de Freitas (UFPB)
Cintia Acosta Kütter (UFRA/UFPB)
Vanessa Neves Riambau Pinheiro (UFPB
Resumo
O simpósio "Trangressão, memória e (in)sulbaternização nas literaturas africanas e afro-diaspóricas produzidas por mulheres", tem por objetivo colocar em debate questões crítico-literárias que se proponham a pensar possibilidades de representação das várias transgressões sociais, sobretudo no que tange ao corpo feminino, por meio da memória e da insulbalternização e/ou subalternização das mulheres frente aos diversos sistemas de opressão de raça, classe e gênero.
Portanto, este simpósio pretende acolher trabalhos que tenham como foco a relação entre as questões relacionadas à transgressão, à memória e à (in)sulbalternização femininas presentes nas obras literárias de origem africanas e/ou afro-diaspóricas produzidas por mulheres, ou seja, estudos das manifestações literárias africanas e afro-diaspóricas em suas mais diversas possibilidades de análise crítica de textos poéticos, narrativos e dramáticos.
A produção literária africana e afro-diaspórica de autoria feminina precisa ocupar ainda mais espaços nos congressos internacionais , pois até o momento, ainda é considerada, por parte da crítica literária eurocentrada, com uma produção pouco significativa e irrelevante se comparada ao cânone literário oficial, o qual ainda é composto massivamente por homens, mesmo diante de todo o movimento acadêmico das universidades brasileiras e internacionais que discute o binômio Mulher e Literatura. Esse posicionamento, contudo, não tem se fundamentado em critérios suficientemente válidos. Dessa forma, o gênero, através de seu próprio questionamento, problematiza o fenômeno literário e sua trajetória na contemporaneidade oferecem novas perspectivas sobre as mudanças e revisões cartográficas das literaturas africanas e afro-diaspóricas de autoria feminina.
Este simpósio acolhe análises críticas de produções literárias que deem visibilidade às vozes femininas que compõem a roda de intelectuais e feministas contemporâneas em países africanos e afro-diaspóricos. A produção literária de escritoras como Chimamanda Adichie(Nigéria), Buchi Emecheta (Nigéria), Fatu Diome (Senegal), Hirondina Joshua (Moçambique), Rinkel (Moçambique), Sónia Sultuane(Moçambique), Paulina Chiziane(Moçambique), Ken Bugul (Senegal), Nawal El Saadawi(Egito), Fatema Mernissi (Marrocos), Ama Ata Aidoo(Gana), Odete Semedo (Guiné Bissau), Conceição Lima (São Tomé e Príncipe), Yvonne Vera(Zimbabwe), Warson Shire(Quênia), Léonora Miano (Camarões), e crítica feminista africana feita por Theo Sowa (Gana), Osai Ojibo (Nigéria), Luimah Gbwee (Libéria), Minna Salammi (Nigéria), Amina Doherty (Nigéria), Nana Sekyiannah (Gana), Amina Mama (Nigéria), Yewande Omotoso (Nigéria), Parity Kagwiria (Quênia), Yaba Badoe (Gana), Aisha Ibrahim Fofana (Serra Leoa) , entre outras, que mostram uma cumplicidade feminina que se constrói para discutir temas que corroboram com a territorialização da autoria feminina em um campo minado por ideologias machistas e patriarcais em países africanos e da diáspora que obnubilam temas como: abordo, abuso sexual, tráfico de mulheres, tráfico de drogas, pedofilia, prostituição, lesbianismo, maternidade, casamento, guerra civil, colonialismo, pós-colonialismo, descolonização, identidade cultural, religiosidade, direitos humanos, ativismo político, feminismo africano. Desta forma, nosso simpósio pretende desenvolver uma discussão que viabiliza o ponto vista feminista africano e afro-diaspórico como categoria problematizadora das questões de raça, classe e gênero em textos críticos e literários elaborados por mulheres africanas e da diáspora africana.
Palavras-chave: Corpo. Diáspora . Autoria Feminina Afrodiaspóricaresumo
4-ESCRITAS FEMININAS NAS LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
COODENADORAS:
Algemira de Macêdo Mendes, (UESPI/UEMA)
Áurea Regina do Nascimento Santos-(IFPI)
Ruth Lages-(UNEMAT)
Resumo
As Literaturas Africanas de Língua Portuguesa passaram a ser estudadas academicamente em meados do século XX, com a autonomia de diversos escritores e críticos literários que contribuíram para a criação de um espaço epistemológico onde essas narrativas, antes marginalizadas ou apagadas, passaram a ser percebidas e representadas para além da visão eurocêntrica. Tais narrativas tem abordado temas como as relações de gênero, raça, classe, (de)colonização e identidade nacional, entre outros, que impactam a produção literária nacional e internacional, bem como o reconhecimento de escritores e escritoras de África. Como a literatura é um espaço de fomento a novas e inquietantes possibilidades, ela nos convida a produzir outros modos de pensamento, marginais ou inovadoras, como alternativa a posturas dominantes e limitantes. Dessa forma, a literatura do Sul Global, mais especificamente, a Literatura Africana, passa a ter o seu valor estético reconhecido, mesmo fora do eixo central do discurso ocidental, mesmo sendo o “outro”, proporcionando uma transformação das subjetividades por meio do desconforto. O estado de vulnerabilidade promovido por essas narrativas periféricas pede aos leitores que ultrapassem seus preconceitos para acolher as produções literárias que apresentam novas visões de um mundo, até pouco tempo atrás, desconhecido. Com a crescente produção literária africana em língua portuguesa, especialmente, de mulheres, o espaço editorial foi invadido por novos nomes que não mais escreviam sobre a luta pela independência e sobre o exotismo pós-colonial, mas osbre as políticas de identidade, a luta das mulheres e o futuro dos povos africanos, entre outros temas. Assim, com foco na literatura produzida por mulheres, este simpósio busca fornecer um espaço de discussão sobre escritas femininas nas literaturas africanas em língua portuguesa, refletindo sobre o futuro de uma área que não só tem impacto academicamente, mas que influencia profundamente a visão de mundo do continente africano.
Palavras-chave: Literatura africana. Literatura em Língua Portuguesa. Escritoras africanas.
5- LITERATURA E REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA IMPRENSA: DOS PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE
Keyle Sâmara Ferreira de Souza-(SECE )
José Felipe de Lima Alves-(URCA)
Resumo
Considerando as pesquisas sobre Literatura e gênero, tendo gênero como uma construção social, realça-se que é fulcral resgatar e dar visibilidade à escrita de mulheres, pessoas homoafetivas e de outros gêneros, visto que estas são socialmente e literariamente condenadas ao ostracismo ou mantidas à margem dos cânones literários. Assim como, também reconhece-se que estes autores e autoras escreveram e tiveram na imprensa um dos principais espaços de publicação, e que a escrita deles e delas têm traços e características absorvidas dos periódicos, uma vez que, como afirma Barbosa (2007) os jornais e revistas são mais que suportes de textos. Portanto, nesse contexto, evidencia-se a necessidade de investigar e discutir as intersecções entre Literatura, Imprensa e gênero, analisando sobre como cada escritor e/ou escritora produziu e publicou em jornais, revistas e almanaques, devido serem estes meios mais acessíveis do que a publicação em formato de livros. A imprensa, dede os seus primórdios, também aparece como uma rede de sociabilidade, porque nos periódicos identificamos que autores e autoras marginalizados pelo cânone têm a possibilita de tirar suas produções do espaço privado para o público. Outro aspecto de relevância a ser observado e analisado é como ocorre na imprensa as representações dos gêneros nos periódicos. Nessa perspectiva, este simpósio acolhe comunicações que tratem da escrita de autores e autoras que publicaram ou publicam na imprensa, esquecidos ou em evidência, como também trabalhos que discutam as representações de gêneros nos periódicos, desde publicações mais antigas até a contemporaneidade. Destarte, esses trabalhos resgatarão e darão visibilidade a muitas escritoras, escritores e suas obras, localizarão produções inéditas perdidas em arquivos e contribuirão para ampliar os estudos de Buitoni (1986; 2009), Zinani (2006), Duarte (2016), Chartier (2004;2011), entre outros tantos pesquisadores e pesquisadoras.
Palavras-chave Literatura e gênero; Literatura e Imprensa; Representações.
6-FEMINISMO DECOLONIAL E LITERATURA BRASILEIRA: ENTRELACES E PERSPECTIVAS
COODENADORAS:
Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne (UFPB)
Déborah Alves Miranda (UFPB)
Macksa Raquel Gomes Soares (UFPB)
Resumo:
Os estudos decoloniais e feministas propõem um novo modo de pensar as narrativas e relações de opressão, sobretudo, quando se refere ao gênero e à sexualidade, enquanto construção sociocultural. O feminismo decolonial nos permite refletir sobre nossas condições enquanto mulheres colonizadas e a partir desse movimento elaborar novas epistemologias de rompimento de estruturas politicamente organizadas (LUGONES,2014). Na modernidade, observa-se que os corpos subalternizados pelo processo da colonização são ainda subjugados e animalizados, assim, o feminismo decolonial surge como um movimento que objetiva revisar e propor novos caminhos em direção à construção de novas metodologias epistemológicas, como afirma Curiel (2020). Pensando, dessa forma, a modernidade como meio de perpetuação do colonialismo e como operante de nós histórico-culturais (MIGNOLO, 2017) e a necessidade atual de questionar tais estruturas de modo a pensar uma nova perspectiva, a literatura cria e recria espaços de desconstrução e reelaboração de novos saberes. A escrita de autoria feminina, nesse sentido, rompe com a estrutura patriarcal, sexista quando abre leques de possibilidades para redesenhar espaços de diálogos, de produção e de resistência na contramão de raízes fortemente alicerçadas no machismo, preconceitos, privações de direitos inerentes ao ser feminino. O ato de escrever para as mulheres é, portanto, uma forma de promover debates, fugas, preencher vazios, criar e recriar memórias, sobretudo dar vozes insubmissas a sujeitos subalternizados. À vista disso, é resistir a processos que aprisionam essas vozes e permitir elevar-se para além das questões que marginalizam e permeiam o contexto das mulheres. Nessa perspectiva de enxergar acima do que nos oprime, a escrita de autoria feminina reivindica e revalida identidades pulverizando através de seus escritos a sensibilidade de pertencer a si, ao outro. Nesse viés, os estudos decoloniais feministas propõem novos caminhos de reflexão dessas vivências para pensarmos os corpos que são atravessados por diversas formas de violências orquestradas pelo sistema colonial. Desse acordo com Curiel (2020), a metodologia feminista decolonial incorre em discutir e construir novas práticas e trazer ao centro discussões que refletem sobre essa estrutura que ao historicamente assola a mulher colonizada impondo a esta uma situações que minam, limitam os sujeitos subalternizados. Assim, à luz de saberes decoloniais e feministas, esses corpos objetificados passam a ser protagonistas de suas partilhas e histórias e tecem novos fios de sobrevivência (KILOMBA, 2019). Nosso principal objetivo nesse simpósio é reunir estudos que questionem a matriz colonial de poder através dos mais diversos vieses apresentados pelos feministas decoloniais, observando através de textos literários, em qualquer que seja o gênero literário, ou somente por um viés teórico-crítico, os diversos nós histórico-culturais que ainda persistem, propondo outras formas de ver o mundo e as diversas manifestações de (re)existência.
Palavras- Chave : Literatura Brasileira. Feminismo Decolonial. Estudos Feministas
7-ANALOGIA E GÊNERO: NOVOS OLHARES SOBRE A LITERATURA E OUTRAS ARTES NA PERSPECTIVA DA DIFERENÇA
COODENADORES:
.José Ailson Lemos de Souza-(UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos-(UEMA/UESPI)
Resumo
Os estudos feministas, gays e lésbicos, étnicos, queer, em aba teórica mais ampla, os estudos culturais, contribuíram para mudanças no modo que conferimos sentido a expressões artísticas. Cada uma dessas perspectivas adota abordagens e métodos de análise variados, geralmente por meio de combinações teóricas ecléticas e que se mostram necessárias na pós-modernidade. No caso da literatura, esses estudos refutam em coro a ideia de universalidade, que por longo tempo serviu para escamotear a evidência de que há uma matriz de poder a privilegiar um gênero, um sexo, uma classe e uma raça específica em detrimento da multiplicidade de “outros”. Identidades múltiplas, contraditórias e mutáveis sintetizam o sujeito pós-moderno na concepção de Stuart Hall (2020). Tal sujeito, ou identidade (uma produção histórica sempre em aberto) habita sociedades atravessadas pela diferença, por antagonismos que precisam de articulação para viabilizar a permanência do tecido social. Nesse sentido, a ideia de analogia presente em Barbara Stafford (2001) parece-nos salutar para análises sobre as relações entre gênero, literatura e outras artes: tecer analogias viabiliza fazermos com que pessoas distantes, outros períodos, e contextos diversos da contemporaneidade integrem o nosso mundo. Ou seja, é a partir de um esforço de aproximar o remoto ou “estrangeiro” que podemos compreendê-los. A interpretação por meio de analogias sempre esteve presente na relação entre obra e leitor, se pensarmos que a literatura se consolidou mesmo quando os poderes resistiam e recusavam a multiplicidade da diferença. Em outras palavras, sempre fomos capazes de nos conectar com enredos, personagens e estilos que extrapolavam os contornos de nossas próprias experiências, tanto existenciais quanto estéticas. Desse modo, as seguintes questões norteiam as discussões do presente simpósio: de que modo os estudos acima mencionados têm dinamizado a crítica no interior dos estudos literários? Como obras canônicas e contemporâneas têm sido relidas a partir desses novos paradigmas? De que modo as insuficiências de gênero rasuram e também questionam os contornos das diversas expressões artísticas? Neste simpósio, buscamos reunir trabalhos que possam, a partir da literatura e outras artes, analisar a pluralidade e multiplicidade de expressões de identidades culturais e de gênero, as quais tornaram obsoletas as ideias de sujeitos unificados (contínuos) e de gêneros binários.
Palavras-Chave Crítica. Gênero. Literatura e outras artes.
8-ABORDAGENS E ATUALIDADE DA OBRA DE MARIA FIRMINA DOS REIS
COODENADORAS:
Régia Agostinho da Silva-(UFMA)
Luciana Martins Diogo-(USP)
Roberta Flores Pedroso –(UFRGS)
Resumo
O objetivo deste simpósio é reunir pesquisadoras/es que abordem em seus trabalhos os diversos aspectos e as diferentes abordagens da obra literária de Maria Firmina dos Reis.
A autora Maria Firmina dos Reis (1822-1917) possui uma produção literária expressiva: o romance Úrsula (1859); a novela “Gupeva” (1861) e o conto “A Escrava” (1887); o livro de poesias Cantos à Beira-mar (1871); quarenta e dois poemas avulsos e dez jogos de palavras (enigmas e charadas) publicados em jornais e periódicos. Atribui-se a ela também sete composições musicais e um diário (1853-1903). Entretanto, sua obra e trajetória permaneceram silencias durante quase um século, mas, atualmente, vêm recebendo o devido reconhecimento.
A recuperação da produção literária de Firmina ocorreu a partir de 1973, com as pesquisas de Nascimento Morais Filho, que tornou possível reintroduzi-la nos círculos de leitores e de pesquisas literárias; e também resgatar e publicar parte de seus manuscritos que, entretanto, encontram-se hoje sem localização. Nossa tese é de que Maria Firmina dos Reis é uma das fundadoras do romance brasileiro e, em especial, da literatura de autoria de mulheres negras, abrindo novos elos na nossa tradição literária, inaugurando no romance brasileiro do século XIX, a narrativa em primeira pessoa de personagens negras. Para Regina Dalcastagnè (2018), que analisou um total de 692 romances escritos ente 1965 e 2014, na literatura brasileira contemporânea, surpreende a falta de mulheres e homens negros tanto na posição de autores (2%) como na de personagens (6%). Mulheres negras aparecem como protagonistas em apenas seis ocasiões, e em duas como narradoras das histórias. Ela demonstra que mulheres negras praticamente não são vistas nem representadas como leitoras, personagens, protagonistas, narradoras produtoras e/ou pesquisadoras de literatura. Desta forma, esse cenário ressalta a importância e atualidade da obra de Maria Firmina. Como forma de suprir essas lacunas, apresentamos essa proposta de discussão temática.
Palavras-chave Maria Firmina dos Reis, Mulheres Negras, Escravidão
9--ESCRITAS DE MULHERES NEGRAS NO CENÁRIO LITERÁRIO CONTEMPORÂNEO
COODENADORAS:
Marinei Almeida –(UNEMAT)
Celiomar Porfírio Ramos- (UFMT)
Resumo
A produção literária de mulheres negras a partir do século XX vem ganhando espaço num contexto em que a literatura é produzida, principalmente, por homens brancos, como constatou a pesquisa realizada por Regina Dalcastagnè (2008). Nos últimos anos tem sido notório a conquista de espaço das mulheres negras no mercado editorial e, além disso, tem aumentado de forma significativa o interesse de pesquisadores(as) em refletir sobre essa produção literária na academia. A visibilidade da escrita de mulheres negras é importante, entre outros fatores, por apresentar uma nova perspectiva social (YOUNG, 2000) permitindo, assim, que elas se autorrepresentem e representem suas semelhantes e, consequentemente, rasure os estereótipos atribuídos a elas na literatura hegemônica. A autoria feminina negra é, sem dúvidas, uma grande conquista, visto que ao “assenhorar-se da pena” essas mulheres que foram, por muito tempo, apenas objeto nos textos literários, tornaram-se sujeito e objeto da produção literária contemporânea. Apresentando textos/escrevivências que são, em sua maioria, marcados pela condição de mulheres negras, ou seja, permite que a subjetividade e memória se apresente no texto, contudo, muitas vezes, sem se centrar em si, evidenciando uma memória coletiva. Segundo Mata (2008), tais literaturas são metonímias da história dos países e podem ser consideradas textos memórias. Dado o exposto, nosso objetivo é reunir trabalhos que discutam a produção literária de autoras negras em diferentes gêneros literários, com os seguintes objetivos: (1) debater a importância da autoria feminina negra; (2) refletir como se dá a representação de mulheres negras na literatura contemporânea produzida por autoras negras; (3) abordar a relevância das produções literárias de mulheres negras no cenário africano, afro-brasileiro e afrodiaspórico; (4) discutir em que medida essas produções contribuem para desconstruir os estereótipos atribuídos aos negros, em especial à mulher negra. Os objetivos apresentados deverão ser abordados considerando a inter-relação de gênero, raça e condição social, uma vez que tais aspectos são relevantes para pensar o lugar atribuído à mulher negra em uma sociedade.
Palavras-chave Mulheres negras; Autoria feminina negra; Autorrepresentação.
10-MULHERES: PRESENÇA E REPRESENTAÇÃO NA LITERATURA
COODENADORAS:
Cristiane Viana da Silva Fronza-(UFPI)
Jurema da Silva Araújo-(OBJETIVO)
Resumo
No ano de 2020, uma das autoras de maior alcance hoje, J. K. Rowling, foi inconvenientemente irônica ao se referir a um artigo sobre pessoas que menstruam – incluindo-se não apenas aquelas com a fisiologia e a anatomia biológica feminina, mas homens trans. A postura da escritora repercutiu amplamente em seu ciclo e fora dele. Posições como as dela não são raras, ao contrário, estão cada vez mais sendo disseminadas e alavancadas por discursos carregados de preconceito e estereótipos negativos. As obras de autoria feminina e, ainda, suas análises, assentadas na crítica literária feminista e também no encorajamento de precursoras como Mary Wollstonecraft (1759-1797),Virginia Woolf (1882-1941), Simone de Beauvoir (1908-1986), entre outras, se solidificam na medida em que dessacralizam ideologemas construídos como verdades absolutas que insistem no silenciamento das vozes femininas, dessa forma, nas palavras de Rita T. Schmidt (2019, p. 66) “as vozes dessas autoras se fazem ouvir pelas fissuras que desencadeiam”. Nesse sentido, considerando a literatura como espaço simbólico para a manifestação da pluralidade de discursos, propomos este Simpósio Temático para trazer para o debate o protagonismo das mulheres (todas elas) na literatura brasileira, bem como de qualquer outra nacionalidade. Por conseguinte, coletamos propostas que tratem da representação ou da ausência de representação das mulheres em produções literárias em prosa ou poesia, aglutinando também a relação destas com o campo literário (escrita, edição, ilustração, etc.). Portanto, este simpósio abre espaço para o diálogo de temas sobre a escrita de mulheres negras, indígenas, cis, trans, portadoras de deficiência, dentre outras.
Palavras-chave Mulheres. Literatura. Representação.
11- HISTÓRIA E GÊNERO EM NARRATIVAS LITERÁRIAS
COODENADORES:
Maria Suely de Oliveira Lopes –(UESPI)
Sebastião Alves Teixeira Lopes –(UFPI)
Márcia do Socorro da Silva Pinheiro- (UESPI/UFPA)
Resumo
Linda Hutcheon (1991) ressalta que a consciência pós-modernista pensa historicamente os acontecimentos do passado, mas de forma crítica e contextual. Isto porque, por conta da subjetividade da História e a parcialidade do historiador, muita coisa deixou de ser relatada nos documentos, como também perspectivas divergentes não tiveram espaço nas narrativas históricas oficias, fazendo com essas fossem conduzidas por meio de visões únicas e uma ideologia considerada “certa” e universal. Sendo assim, o intuito desse “repensar” histórico não é negar o conhecimento que já foi adquirido e revelado, mas contestar se só há a possibilidade de conhecer o passado a partir desses documentos históricos (HUTCHEON, 1991). Por conta dessas reflexões pós-modernas, a perspectiva oficial e homogênea que permeou nossa história por muitos séculos é confrontada a uma ideologia pós-moderna de pluralidade de discursos e uma dessas narrativas ignoradas por muito tempo, foi a história das mulheres. Por conta disso, a partir do século XX, estudos começaram a fortalecer a tomada de consciência de que por muito tempo a História foi contada “de cima” – e os estudos pós-coloniais e feministas tiveram grande valor nessa revisão de como o passado é narrado –, dado que, conforme explica Mirele Jacomel (2008), com o advento da chamada Nova História, o que se entendia como verdade absoluta foi problematizado e contestado. Com isso, inúmeros estudiosos dedicaram-se a investigar os discursos marginalizados e a perspectiva da análise da literatura e gênero problematiza os discursos históricos considerados oficiais, questionando-os e dando chance às vozes que foram silenciadas na História. O fato é que a Literatura, em sua forma subjetiva, abre espaço para reflexões e interpretações sobre os acontecimentos históricos que menciona em suas obras, fazendo com que haja uma polêmica ao sugerir certas “verdades” que não foram mostradas, como também ao mostrar outros ângulos, outro lado daquela história sendo narrada. Assim, nesta proposta de simpósio, receberemos comunicações que problematizem a relação entre a História, literatura e gênero, uma vez que algumas narrativas literárias recontam criticamente um momento histórico, mas pela voz dos esquecidos, nesse caso, de mulheres, tendo em vista que apenas o ponto de vista de alguns grupos que eram considerados hegemônicos foi apresentado oficialmente na História. Os mecanismos de construções de narrativas da História e da Literatura são muito parecidos e, tanto a construção dos registros históricos, quanto os textos literários, são construções humanas. Sendo assim, começou-se a questionar se o discurso histórico é tão imparcial como se pensava. Especialmente, pelo fato de ao contrário do ficcionista que inventa as suas histórias, o historiador encontra e interpreta os acontecimentos a partir de sua ideologia e visão de mundo. Por isso, esses discursos históricos estariam propensos à parcialidade do historiador, já que não haveria uma espécie de neutralidade em seus discursos, porque seriam motivados por suas ideologias e crenças, podendo manipular os registros oficiais de acordo com seus próprios interesses políticos, econômicos, religiosos, sociais ou culturais. Posto isso, ressaltamos que o proveito da História em procurar junto à literatura elementos narrativos não reside em uma simples aceitação de técnicas literárias, mas sim na criação de uma consciência de que as “velhas formas” de se construir o discurso histórico não dão conta das atuais buscas dos pesquisadores. Assim, consideramos por demais salutar a utilização da literatura como uma linguagem para a compreensão de determinado contexto histórico.
Palavras-chave Ficção; História; gênero
12-NARRATIVAS DE RESISTÊNCIA: TENSIONAMENTOS E EMERGÊNCIAS DE NOVAS VOZES LITERÁRIAS
COODENADORES:
Linda Maria de Jesus Bertolino –(UEMA)
Claudia Letícia Gonçalves Moraes-(UFMA)
Rayron Lennon Costa Sousa –(UFMA)
Resumo
De acordo com Judith Butler, é preciso que se perceba as várias formas de ser mulher e que se leve em conta outras intersecções, como gênero, raça e etnia. Segundo Butler, é necessário que se dê visibilidades a vozes que, historicamente, foram silenciadas e/ou desestabilizadas por discursos hegemônicos que tentam inviabilizar outras formas de conhecimento. Nesse seguimento, seja na área de literatura ou em outras áreas do conhecimento é necessário criar e fortalecer espaços plurais e interseccionais que acolham proposições e interlocuções teórico-críticas sobre as diferentes escritas literárias, produzidas por intelectuais negras, indígenas, LGBTQIAP+, 50+ e várias outras que se diferem entre si. É preciso criar frentes para discutir e propor um novo viés epistemológico que situe esses corpos, apagados pela história, como sujeitos ativos. Desse modo, pensando nesses corpos-sujeitos, impostos a preconceitos, e, de forma pontual, pensando em suas escritas, convida-se estudiosos e pesquisadores que exploram este tema, a refletir sobre essas narrativas. Narrativas que, na condição de mecanismo político de resistência, subvertem opressões de matriz colonial moderna. Sob essa lógica, o simpósio busca reunir trabalhos de diferentes reflexões críticas que se organizem em torno de escritas literárias, cujo seguimento contemple questões como: feminismo negro, etnia, raça e/ou identidade de gênero.
Palavras-Chave: Feminismo negro. Gênero. Raça.
13- INTERSECCIONALIDADE E RESISTÊNCIA: OS MÚLTIPLOS OLHARES SOBRE A LITERATURA CONTEMPORÂNEA
COODENADORES:
Abílio Neiva Monteiro (UEMA/UERN)
Thaís Amélia Araújo Rodrigues-(UFPI)
Resumo
Refletir sobre a Literatura Contemporânea significa trilhar caminhos singulares, íntimos e densos, visando penetrar nas esferas mais profundas do conhecimento sobre a representação do sujeito, indagando e propondo interpelações que interferem diretamente nas relações que se estabelecem entre os indivíduos e a sociedade . Destarte, os conceitos existentes sobre identidade, corpo, gênero, bem como a própria crítica literária, possuem gigantescos arcabouços e espaços de sentidos e significados que se entrelaçam com a esfera literária. Nesse sentido, o referido simpósio propõe expor discussões que mergulham nas engrenagens conceituais, interseccionais e representativas da identidade, memória, corpo, gênero e sexualidade, além de explanar os aspectos da escrita literária como elo de resistência, uma base para que as inúmeras vozes, que por muitas vezes foram silenciadas, possam ser ouvidas, percebidas e incluídas no ciclo social. Cabe ressaltar que, por se tratar de um simpósio que trabalha com a Literatura Contemporânea como vetor principal para os olhares sobre as produções literárias, o espaço também visa ressaltar a crítica literária como palco recheado de pensamentos e possibilidades sobre a (des)construção da escrita e suas implicações dentro da literatura. Com isso, o simpósio se debruça a expor análises acerca das referidas temáticas em obras literárias. Assim, alguns autores, tais como Georges Bataille, Stuart Hall, Antonio Candido, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Glissant, José Guilherme Merquior, Giddens, Michael Foucault, Regina Dalcastagnè, Octavio Paz, Judith Butler, Simone de Beauvoir, Afranio Coutinho, Alfredo Bosi, entre outros, servem como fonte teórica para elucidar alguns questionamentos que surgem nos campos que são foco da pesquisa. Desse modo, os estudos de identidade, gênero, sexualidade e crítica literária deram espaço a uma abertura maior na academia para se tratar de temáticas contemporâneas necessárias, por vezes, consideradas subversivas, transgressoras e marginais. Assim, pesquisar sobre a Literatura contemporânea significa adentrar em vários universos que levam ao mais profundo conhecimento sobre as diversas representações do indivíduo que interferem diretamente nas relações sociais. Destarte, os conceitos que existem sobre crítica, resistência, identidade, memória, gênero, marginalidade, entre outros, possuem um gigantesco espaço de sentidos e significados que se entrelaçam com o eixo em questão, viabilizando revisitações as obras literárias, sendo um ponto de partida obrigatório para aqueles que buscam compreender as inúmeras possibilidades poéticas e políticas dos múltiplos olhares acerca da Literatura contemporânea. Posto isso, a literatura apresenta situações que colocam em pauta questões, seres e acontecimentos que são “invisíveis” dentro da sociedade e, assim, contribui eficientemente para as suas discussões, e que se torna importante e necessário o acréscimo de novas vozes, provenientes de inúmeros espaços da sociedade, no cerne literário.
Palavras-chave Identidade, Gênero, Crítica Literária.
14- LITERATURA,MEMÓRIA,ESCRITA DE SI E RESISTÊNCIA NA ESCRITA DE AUTORES MASCULINOS E FEMININOS
COODENADORAS:
Margareth Torres de Alencar Costa-(UFPI/UESPI)
Susana Beatriz Cella-(UBA)
Resumo:
O objetivo deste Simpósio é congregar esforços no sentido de refletir sobre as representações de literatura, memória, gênero e resistência em textos literários escritos por mulheres e homens ou que tenham a mulher e o homem como protagonistas, discutindo o lugar da mulher e do homem na História, do papel dos movimentos sociais e das práticas culturais e artísticas na redefinição de identidades culturais, em especial a de gênero.A escrita de si volta para si mesma, reafirma suas bases linguísticas e questiona a relação entre ficção e realidade. Mais importante ainda, ao se afirmar enquanto construto linguístico, a escrita de si denuncia a base linguística de outros discursos, artísticos ou não, ou seja, aponta para a ficcionalidade dos diversos discursos sociais e mesmo para a ficcionalidade do mundo. A escrita de si pressupõe também uma mudança na postura do leitor e na relação entre autor e leitor. Na escrita de si, o leitor é convidado a participar ativamente do jogo da produção de sentidos, tornando-se mesmo coautor do texto lido. . Em especial o leitor é convidado a reconhecer seu próprio papel enquanto sujeito produtor de sentidos, tornando-se ao mesmo tempo consciente e suspeitoso dos significados produzidos, que emergem dentro de uma lógica efêmera e socialmente posicionada de produção de verdade. A Escrita de sí, uma linha de pesquisa que pode ser associada a metanarrativa ficcional é outra proposta neste simpósio a ser desenvolvida pelos coordenadores e participantes do mesmo através de suas pesquisas aqui submetidas.Nesta proposta listamos como objeto de estudo as obras literárias produzidas por escritores latino americanos como por exemplo: Julio Cortázar, Manuel Bandeira, Rigoberta Menchú Tum, Mario Vargas Llosa, e Jorge Luis Borges, Lima Barreto, Machado de Assis, Clarice Lispector, Rubens Fonsêca, Caio Fernando Abreu, Ana Maria Machado, Elio Ferreira da Silva, Clarice Lispector, Adriana Lisboa, Ricardo Lísias, Toni Morrison, Ligia Fagundes Teles, Marina Colasanti, Emilia Pardo Bazán, entre outros, o estudo das marcas da escrita de si presente na poesia e prosa dos referidos autores sob a vertente da “escritura do eu” no texto literário, do ponto de vista da escrita autobiográfica e do ponto de vista da autoficção, uma vez que modernamente a crítica tem visto a escrita autobiográfica como autoficção.Uma questão primordial, neste estudo é o fato de não se poder pensar a escrita autobiográfica dissociada do estudo da memória. É através da evocação do meu passado que tento explicar o meu presente, minha identidade, como ela se formou, como me tornei este sujeito, e faço isso conversando comigo mesmo, refletindo sobre mim, autoanalisando minha personalidade. Falar de escrita do eu remete ao significado do termo tratado por muitos estudiosos como sendo a escrita autobiográfica. Seja qual for o tipo de texto autobiográfico que tenhamos em mente que tem nosso próprio ser como objeto de investigação, na hora de escrever, sentimo-nos invadidos por um sentimento de estranhamento e insegurança, porque estaremos interrogando, refletindo, questionando nosso próprio ser e essa tentativa nos faz desenvolver com nossa própria consciência um pacto, o de não mentir, falar a verdade, estabelecendo conexões teóricas e críticas entre literatura, representações sociais, memória e resistência. O Simpósio propõe uma abordagem transdisciplinar sobre as relações de gênero. Assim, encorajamos a inscrição de ensaios que examinem os mais diversos gêneros literários, em especial as escritas de si, tais como memórias, diários, histórias de vida, autobiografias, biografias, cartas e testemunhos. Como base teórica, sugerimos, entre outros, Bhabha (1998), Hall (2006), Canclini (1998; 1997), Cevasco (2203), Chatterjee (1999), Gagnebin (2004), Oliveira et alii (2018), Petit (2209) e Butler (2003), GALE(2009), entre outros autores que envolvam o tema deste simpósio.
Palavras-chave Gênero; memória; escrita de si.
15-ABORDAGENS DECOLONIAIS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA LITERATURA BRASILEIRA E LATINO-AMERICANA
COODENADORAS:
Carlos Magno Gomes-(UFS)
Luciana Borges-(UFCAT)
Resumo
Nas últimas décadas, vem ganhando destaque o grande número de escritoras brasileiras e latino-americanas que têm se dedicado a obras voltadas para o questionamento da violência contra a mulher. Desse grupo, destacamos as argentinas: Selva Almada e Gabriela Cabezón Cámara, as brasileiras Patrícia Melo, Conceição Evaristo e Tatiana Salem Levy, a cubana Teresa Cárdenas, a nicaraguense Gioconda Belli, as mexicanas Arminé Arjona, Susana Chávez e Micaela Solís, entre tantas outras. Essas autoras denunciam e questionam as normatizações hegemônicas sobre temas sensíveis como estupro, violência conjugal e feminicídio. Esteticamente, suas obras são construídas de forma híbrida, explorando tantos fragmentos ficcionais como trechos próprios de memórias, diários, biografias, ou autoficções. Tais estratégias de composição textual favorecem a visibilidade do lugar de fala da mulher, já que detalham esses crimes a partir de traumas das vítimas e luto dos familiares. Assim, ao privilegiar essa agenda, incorporando relatos e depoimentos à série literária, essas autoras reforçam o quanto são importantes os testemunhos para a consolidação da resistência feminista contra a normatização da violência estrutural de gênero. Metodologicamente, as leituras decoloniais são voltadas para investigar como as opções estéticas e ideológicas da arte/literatura contemporânea desnudam os diferentes sistemas de opressão dos sujeitos marginalizados, excluídos ou subalternizados. Essas abordagens tanto se pautam pela revisão crítica do passado como pela identificação das cruéis estratégias de dominação e exploração dos colonizados como debatido por Gayatri Spivak e María Lugones. Nessa direção, os feminismos do século XXI proporcionam visões multifacetadas, quando articulados de forma interseccional: classe, sexualidade, origem, etnia, entre tantos fatores relevantes conforme tem comentado as pensadoras Djamila Ribeiro, Carla Akotirene e Heloísa Buarque de Hollanda. Estrategicamente, a crítica literária feminista interseccional prioriza o questionamento dos valores patriarcais estruturais, reforçando a decolonização de gênero, pois está interessada em ampliar paradigmas que privilegiem as conquistas da mulher. Por esse prisma, a agenda decolonial dialoga com um projeto de ‘revisão do passado’ e de “resgate da fala calada” por meio de uma abordagem feminista crítica consciente de seu papel político como já comentado por Spivak em seu clássico ensaio “Por um subalterno falar?”. As análises dessa crítica, seguindo os passos de María Lugones, precisam desmistificar a colonialidade de gênero, que considera as mulheres duplamente inferiores como as desdentes afro-americanas, as mulheres pobres e as indígenas do Brasil e das Américas. Partindo dessas reflexões, este simpósio aceita trabalhos que analisem como as questões estéticas tensionam a violência contra a mulher para além de questões particulares, debatendo valores coletivos e interseccionais de diferentes escritoras contemporâneas. Os trabalhos podem seguir as abordagens dos estudos de gênero, dos diferentes feminismos, dos estudos afro-brasileiros, das escritas de si, englobando estudos comparatistas ou individuais sobre obras que questionam as diferentes formas de violência contra a mulher.
Palavras-Chave -Crítica Literária Feminista. Feminismos Plurais. Literatura Contemporânea. Autoficção e Memórias.
16- VIOLÊNCIA E RESISTÊNCIA EM NARRATIVAS DE MULHERES
COORDENADORAS:
Alexandra Santos Pinheiro –(UFGD)
Marta Francisco de Oliveira-(UFMS)
Geovana Quinalha –(UFMS)
Resumo
Esta proposta de simpósio tem como objetivo refletir sobre a relação da literatura e dos direitos humanos em texto escritos por mulheres. Em Literatura e Resistência, Alfredo Bosi afirma, sobre o ato de resistir, que, “Resistir é opor a força própria à força alheia. O cognato próximo é in/sistir. O antônimo familiar é des/sistir.” (BOSI, 2002, p. 118). Os textos literários de autoria de mulheres têm, ao longo da história, servido como um instrumento de resistência ao desnudar as diferentes violências que advém de um discurso patriarcal ainda intrigado nas relações interpessoais. Em coerência com os conceitos abarcados por esta proposta de simpósio, buscaremos acolher pesquisas que tenham como foco principal de análise obras literárias, artísticas, performáticas e/ou literárias, de qualquer temporalidade ou contexto geográfico, que explorem representações da violência contra mulheres, assim como atos e/ou ações de resistência a todo tipo de agressão.
Palavras-Chave: Mulher.Violência.Gênero
17-GÊNERO, CORPO, MEMÓRIA E DISSIDÊNCIAS SEXUAIS NAS EXPRESSÕES LITERÁRIAS E ARTÍSTICO-CULTURAIS
COORDENADORES:
Rubenil da Silva Oliveira –(UFMA)
Renata Cristina da Cunha –(UESPI)
Érika Fernandes Alves –(UEM)
Resumo
O presente Simpósio pretende reunir discussões as quais envolvam as categorias conceituais – gênero, corpo, memória e dissidências sexuais nas expressões literárias e artístico-culturais. Entende-se o gênero como uma construção para além do binarismo imposto como norma, também trata da “contínua estabilização do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de um quadro regulatório altamente rígido e que se cristaliza ao longo do tempo para produzir a aparência de uma substância, a aparência de uma maneira natural de ser” (BUTLER, 2016). Essa noção nos desestabiliza das certezas e nos coloca num espaço de discussão que atravessa os diferentes campos do saber e nos inquirir sobre o que somos – homem, mulher – e suas performances correlatas, assim nos perguntaríamos – que gênero performatizamos? Então, o melhor seria nos perguntar o que fazemos, porque gênero é discurso e é um ato performático, por isso, construído socialmente. Já o corpo consiste no lugar das inscrições daquilo que fazemos, é a identidade física do sujeito, é também a identidade cultural de uma sociedade, pois nele são registradas as diversas experiências do ser. Em se tratando da memória, pensemos as acepções de Halbwachs (2013), Candau (2017), em que ela pode ser uma recordação individual que se faz no interior do coletivo e implica nas ações do sujeito na esfera social. Por último, as dissidências sexuais revelam os corpos dos sujeitos que confrontam a heteronormatividade, abrigando todo o conjunto de letras e diversidade de desejo para além do binarismo heteronormativo. Nesta perspectiva, este Simpósio abriga todo o conjunto envolto nessas categorias nos diferentes sistemas literários, literatura inglesa, literatura portuguesa, literaturas africanas, literatura brasileira, afro-brasileira e indígena, além as outras expressões artísticas e culturais como as séries televisivas e o cinema os quais têm contribuído para a ampliação do debate acerca das categorias apresentadas. Portanto, este Simpósio também se coloca como um espaço de resistência e da voz dos sujeitos marginalizados, revelando que não “é sobre o ser que discutimos”, mas “sobre o fazer” dos sujeitos de cada dia, aquilo que está cá dentro das expressões artístico-culturais e da literatura que precisa de um lugar nas discussões acadêmicas e não ocupar o lugar do cânone.
Palavras-chave: Literatura e genêro; Diversidade sexual; Corporeidades.