SIMPÓSIOS APROVADOS
1 - ESCRITAS DE MULHERES AFRICANAS E AFRODIASPÓRICAS NO CENÁRIO DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA
Coordenadores:
Renata Beatriz B. Rolon (UEA)
Celiomar Porfirio Ramos (UEA)/PUC Goiás - Goiás)
RESUMO
“O perigo da história única” (Chimamanda, 2018) nos levou a adentrar em águas ainda pouco navegadas, num navio conduzido por mulheres negras que velejam na contramão da concepção hegemônica, rumo a uma perspectiva feminista negra afrocentrada, num ato de autonomeação, de (re)contar a história, a partir de uma ótica gendrada, racializada e marcada por categorias que constituem esse grupo, reconhecendo a multiplicidade que o compõe. Deparamo-nos, então, com um fazer literário elaborado, como sugere Pinheiro (2021), como uma estratégia de resistência ao silenciamento e as violências sofridas por mulheres racializadas desde o período colonial perdurando, muitas vezes, até a contemporaneidade. Desse modo, o “outro do outro” (Kilomba, 2019), impõem-se, apesar de enfrentar inúmeros obstáculos, como aquela voz que num ato de escreviver, contando a sua história, no entanto, extrapolando o “eu”, assumindo, assim, uma escrita com dimensão “política e coletiva” (Souza, 2018). Talvez esta seja uma das principais motivações que têm nos guiado à produção literária de mulheres negras: entender que a história oficial, por conseguinte, tudo que a circunscreve, inclusive a arte, foi concebida a partir da visão de homens brancos cisheterossexuais oriundos das classes mais favorecidas da sociedade (Dalcastagné, 2008), salvo as raras exceções que conseguiram driblar o apagamento sistêmico. É necessário ressaltar que, mesmo que as mulheres negras estejam rompendo o silenciamento imposto, tendo certa visibilidade (inter)nacional, há elementos que ainda obliteram esse grupo. . A necessidade de ouvir/ler, refletir, discutir e analisar produções daquelas que tiveram as vozes silenciadas por sistemas opressores, machistas e sexistas, se faz urgente, sobretudo em países que têm as suas bases fincadas ainda em um sistema neocolonialista. Apesar de tímida, nos últimos anos tem sido notória a conquista de espaço das mulheres negras no mercado editorial e, além disso, tem aumentado de forma significativa o interesse de pesquisadores(as) em refletir sobre essa produção literária na academia. Dado o exposto, nosso objetivo é reunir trabalhos que discutam a produção literária de autoras negras em diferentes gêneros literários, com os seguintes objetivos: (1) debater a importância da autoria feminina negra; (2) refletir sobre como se dá a representação de mulheres negras na literatura produzida por autoras negras; (3) abordar a relevância das produções literárias de mulheres negras no cenário africano, afro-brasileiro e afrodiaspórico; (4) discutir em que medida essas produções contribuem para desconstruir os estereótipos atribuídos aos negros, em especial, às mulheres negras. Serão bem-vindas propostas centradas nos estudos comparados, não somente entre textos literários, mas, destes com outros tipos de artes (cinema, teatro, pintura, etc), incluindo o diálogo com outras áreas de conhecimento (antropologia, sociologia, história, etc). Ainda, baseados nos pressupostos defendidos por Patrícia Hill Collins (2017), de que é preciso se munir de estudos que intervém sobre a questão da intersecção das desigualdades, na reconfiguração das hierarquias de raça, classe, gênero e sexualidade; de Judith Butler (2017), ao dizer que se alguém “é” uma mulher isso não é tudo, pois o gênero, por não se representar de maneira coerente no que diz respeito ao contexto histórico, estabelece diálogo com outros aspectos, dentre eles os raciais, classicistas, étnicos, sexuais e regionais, uma vez que “se tornou impossível separar a noção de ‘gênero’ de interseções políticas e culturais em que invariavelmente ela é produzida e mantida” (p. 21). Enfim, dentre outros estudos críticos e teóricos que centrem nessas questões, as propostas apresentadas deverão considerar tais pressupostos, uma vez que é de suma relevância para pensar o lugar outorgado à mulher negra em uma sociedade.
Palavras-chave: Autorrepresentação; Mulheres negras; Autoria feminina negra; Interseccionalidade; Afrodiaspóricas.
2 - LITERATURA E OUTROS SABERES EM TEMPO DE EMERGÊNCIA: INTERSECCIONALIDADES E FEMINISMOS NA CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores:
Marinei Almeida (UNEMAT)
Vera Maquêa (UNEMAT)
Inês Parolin (UNEMAT)
Paulo Eduardo Bogea Costa (UNEMAT)
No nosso presente espesso, hiperfragmentado e perturbador, de que modo podemos (podemos?) discutir e criar conexões inventivas (Haraway, 2023) que, a partir do discurso literário,, problematizem o estar-ser contemporâneo em sua abundância de temporalidades e materialidades? Ainda, em nosso tempo de emergência (Safatle, 2024), consciência pura do sentimento de mal-estar que nos habita nas ruínas do capitalismo, como é possível (é possível?) elaborarmos respostas etica e esteticamente engendradas, que apontem para o enfrentamento do tempo-agora (Benjamin, 1984; Agamben, 2009). Assim, este simpósio propõe-se a agregar investigações que problematizem o literário enquanto um composto de linguagem/linguagens, Devir-com (Deleuze-Guatari,1980), que enquanto tal, solicita para si também um olhar crítico interdisciplinar, plural, aqui entendido como força de resistência, sobrevivência e luta, empírica e simbólica. Ao "ficarmos com o problema" (Haraway, op.cit.), nos interessam as confluências (Bispo, 2023) entre as subjetividades, os saberes, as escrituras, as artes. Nessa perspectiva, pesquisas que abordam temas como decolonialidade, feminismos, bem como questões de gênero, étnico-raciais e diaspóricas, são bem-vindas à construção dos trânsitos possíveis.
Palavras-chave: Interseccionalidades; Resistências; Contemporaneidade; Emergência.
3 - LITERATURAS AFRODIASPÓRICAS NAS AMÉRICAS: TENDÊNCIAS ESTÉTICAS, CRÍTICAS E TEÓRICAS
Coordenadores:
Cristian Sales (UNEB - Pós-Crítica)
Fernanda Miranda (UFBA)
Alcione Correa (UFPI/CNPQ))
RESUMO
Esta proposta de simpósio pretende promover um espaço de interlocução crítica em torno das produções literárias de autoras e autores negros nas Américas, compreendendo essas obras como expressões fundamentais das experiências afrodiaspóricas nessa região. Ao destacar as autorias negras e suas contribuições para a literatura e o pensamento crítico latino-americano e caribenho, o simpósio se propõe a discutir os modos pelos quais essas produções constroem narrativas de reexistência, reelaboram imaginários e tensionam os limites estéticos e epistemológicos dos cânones tradicionais. Entendemos que a literatura afrodiaspórica não somente denuncia as estruturas de opressão herdadas da colonialidade, como também inventa linguagens, reinventa memórias e afirma mundos outros a partir de experiências marcadas por raça, gênero, classe e território. Nesse sentido, o simpósio visa reunir pesquisadoras(es) e escritoras(es) interessadas(os) em refletir sobre:
i) os projetos estéticos e políticos que atravessam essas obras, sustentados na articulação entre memória, ancestralidade, história e identidade, que interrogam as relações de raça, gênero, classe e território na experiência afrodiaspórica latino-americana e caribenha. ii) os deslocamentos teóricos que elas provocam no campo da crítica literária; iii) os diálogos possíveis com epistemologias negras, feminismos decoloniais e saberes ancestrais; iv) os regimes estéticos-literários negros que tomam a imaginação como centro de suas produções; v. a urgência de visibilizar e valorizar autorias historicamente silenciadas. A proposta também busca fomentar a construção de redes de pesquisa comprometidas com a justiça racial e epistêmica, afirmando a potência da literatura como campo de disputa simbólica e produção de conhecimento no contexto latino-americano e caribenho. Ao reunir diferentes vozes, investigações e experiências, o simpósio pretende contribuir para o fortalecimento de um campo de estudos que reconhece na literatura afrodiaspórica uma gramática de luta e resistência, de beleza estética e de invenção radical.
Palavras-chave: Literatura afrodiaspórica; Autorias negras; Crítica e teoria literária negra; Américas.
4 - A PERSPECTIVA COMPARATISTA NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenadoras:
Mônica Maria Feitosa Braga Gentil (UESPI)
Maria Luísa de Castro Soares (UTAD-PT)
RESUMO
Este simpósio inscreve-se na proposta do VII Colóquio Internacional de Literatura e Gênero: feminismos e discursos interdisciplinares. No âmbito de uma tradição plurissecular de trocas culturais e fluxos literários entre Portugal, Brasil e África, o simpósio quer abrir para reflexões sobre a elaboração de textualidades novas, inevitavelmente excêntricas em relação aos cânones nacionais, derivadas do encontro e do amálgama fruto das intersecções entre culturas, agregar estudos teóricos e analíticos que estejam debruçados sobre narrativas da contemporaneidade, desenhando um amplo espectro da diversidade e da multiplicidade de obras, tendências e abordagens, além de receber trabalhos para comunicação que tratem de temas e estratégias recorrentes nas obras literárias produzidas em Portugal e/ou países de língua portuguesa no final do século XX ao XXI. Leyla Perrone-Moisés (2016) observa que a literatura contemporânea é um olhar para o passado que se configura como citação, reescritura, fragmentação, colagem, metaliteratura, não podendo, nesta perspectiva, ser concebida como de vanguarda, mas, sim, ao modo de narrativa tardia. Neste sentido, no Simpósio A perspectiva comparatista na literatura de expressão portuguesa contemporânea serão aceitos trabalhos que visem à discussão da atualização de temas nas obras do período delimitado sob os pontos de vistas da intertextualidade, do cânone, da experimentação e do comparatismo, de onde possam advir contribuições que fomentem a discussão a partir dos múltiplos olhares dos pesquisadores envolvidos, além de agregar e entrecruzar experiências brasileiras e estrangeiras em que pese à possibilidade de divulgar os estudos culturais e literários no âmbito dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Longe de desejar demarcar novos limites para um debate conceitual ainda bastante divergente, fragmentado e provisório, opta-se pelo uso do qualificativo contemporâneo para se referir à produção ficcional dos séculos XX e XXI.
Palavras-Chave: Estudos Comparatistas; Literatura Contemporânea; Literaturas de Língua Portuguesa; Intertextualidades.
5 - DECOLONIALIDADE E FEMINISMOS EM VOZES NEGRO-FEMININAS: LITERATURA, CRÍTICA E EDUCAÇÃO
Coordenadoras:
Ângela da Silva Gomes (IFF)
Thaíse de Santana Santos (UNEB)
Sandra Lúcia Sant'ana Dos Santos (IFBA)
RESUMO
“Escrever é uma espécie de sangrar”. Por meio dessa frase, Conceição Evaristo reafirma que nossa escrita, mais do que um objeto artístico-estético, é nossa forma de sangrar e expurgar dores ancestrais da colonialidade. A autora traz à tona algo encoberto por uma névoa de silenciamento: o racismo, o sexismo e o colonialismo, que ainda persistem e se fortalecem em nosso país. Com enfoque nas reflexões de Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Grada Kilomba, bell hooks, assim como nas de outras escritoras, teóricas e pesquisadoras, evidenciamos que estudos/pesquisas sobre as literaturas, feminismos negros e decolonialidade tornam-se urgentes (apesar do ainda incômodo silenciamento), à medida que vivenciamos um crescente processo de ruptura dos apagamentos epistêmicos e da produção artístico-cultural das literaturas africanas e negro-brasileiras. Tal ruptura grita, resiste e compõe um novo cenário, tanto de novos escritos, quanto de novas tessituras críticas e de teorias recentes, compondo a tríade que perpassa o interesse da proposta deste simpósio: obras literárias, críticas e teóricas. Dessa forma, salientamos que a nossa proposta de simpósio tem como objetivo acolher trabalhos que englobem literaturas (em poesia e prosa), feminismos e decolonialidade; mais especificamente: literaturas africanas escritas em português e as literaturas negro-brasileiras produzidas por mulheres, como Paulina Chiziane, Conceição Lima, Noémia de Sousa, Odete Semedo, Vera Duarte, Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Lívia Natália, Luciany Aparecida, Eliana Alves Cruz, dentre outras autorias femininas negras, assim como analisar a ressonância dessas vozes negro-femininas em diversos âmbitos sociais, especialmente na Educação (Lei 10.639/2003 e seus resultados após 22 anos de promulgação). Esperamos criar um espaço de diálogo que contemple a pluralidade literária, crítica e teórica, mas principalmente criar uma circularidade de sujeitos/as, que partem de seu lugar de fala, para pensar a literatura negro-feminina como, nas palavras e Miriam Alves, um “ato político e revolucionário”.
Palavras-chave: Decolonialidade; Feminismos; Literatura negro-feminina.
6 - CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DAS MULHERES ARTISTAS DO SÉCULO XX: SUBJETIVIDADES FEMININAS, CRIAÇÃO LITERÁRIA E HISTÓRIA DA ARTE
Coordenadores:
Erika Ruth Melo da Silva (UFPI/NELIPI)
Fábio Leonardo Castelo Branco Brito (UFPI)
RESUMO
O estudo das condições de produção das mulheres artistas tem reescrito a história da arte e da cultura do século XX. Como constatado por Michele Perrot (1996) e pelas pesquisas responsáveis pela instituição do campo da história das mulheres a partir da década de 1960, há uma lacuna a se preencher entre a experiência real das produtoras de arte e a narrativa que foi escrita a esse respeito. Contudo, segundo comprova Margareth Rago (2019), foi através da criatividade artística que as mulheres compuseram experiências alternativas aos binarismos epistemológicos (público/doméstico, bem/mal, superior/inferior), principalmente na literatura, no cinema e na música, e desafiaram as instituições modernas e a própria escrita da história. Por isso, esse simpósio temático reúne pesquisas que se preocupam com o lugar das mulheres na produção artística, tendo em vista o papel da criatividade, tal como defendem Felix Guattari e Suely Rolnik (1998), na composição das subjetividades que não se rendem às redes da disciplina. Quer-se também criar um espaço no qual as(os) pesquisadores debatam as formas de utilização da literatura e das artes enquanto fontes históricas de acesso peculiar às experiências dos seres humanos no tempo.
Palavras-chave: História; Mulheres; Arte; Literatura.
7 - ORALIDADE NO CONTEXTO DO ENSINO E DAS TRADIÇÕES ORAIS A PARTI DE VOZES FEMININAS
Coordenadoras:
Maria Lúcia Aguiar Teixeira (UEMA)
Maria de Fátima Souza Silva (SEAD)
Elizangela Fernandes Martins (UEMA)
RESUMO
A língua é uma ferramenta essencial para comunicação humana, permitindo a expressão de ideias, emoções e cultura. A distinção entre "língua oral" e "oralidade" é crucial para compreendermos a natureza interligada da comunicação, especialmente no contexto educativo e nas tradições orais. A "língua oral" diz respeito ao uso da linguagem falada, que abrange não apenas palavras, mas também a entonação, as ênfases e pausas que tornam a comunicação eficaz. Inclui um conjunto de regras e estruturas, permitindo que os falantes se comuniquem. A diversidade linguística aparece nas diferentes formas de falar e nas expressões regionais. Este aspecto da língua é frequentemente ensinado nas escolas, onde os alunos aprendem regras gramaticais e vocabulário, mas essa abordagem pode negligenciar a complexidade da oralidade. Por outro lado, a "oralidade" refere-se ao ato de contar e ouvir histórias, transmitindo saberes e tradições sem o uso da escrita. O trabalho objetiva compreender como os domínios da oralidade, da leitura e da escrita se entrelaçam com a aprendizagem, a oralidade necessita de espaço, tempo e planejamento. A partir de vozes femininas. É uma prática que atravessa gerações, fundamental para preservação cultural. A oralidade não se resume a um simples meio de comunicação, mas é vital para manter a identidade cultural e socializar experiências. Tradicionalmente, as histórias, mitos e canções são passadas de geração em geração, muitas vezes pelas mães, tias, etc, carregando e transmitindo conhecimentos sobre a vida comunitária. No ambiente educacional, é essencial integrar o ensino da oralidade ao currículo, pois a comunicação oral é crucial para o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos. Incentivar crianças e jovens a compartilharem suas histórias e valorizar a diversidade de experiências é fundamental. Contudo, a predominância da escrita nas escolas pode levar à desvalorização da oralidade, tornando essencial que educadores reconheçam sua importância como ferramenta de aprendizagem e como parte do legado cultural que deve ser preservado.
8-DILEMAS DO FEMININO NAS IMAGENS EM MOVIMENTO: DISPUTAS SIMBÓLICAS E LUTAS AFIRMATIVAS EM FILMES, ANIMAÇÕES E ANIMES
Coordenadores:
José Wanderson Lima Torres (UESPI)
Carlos André Pinheiro (UFPI)
RESUMO
A proposta deste trabalho é analisar os dilemas do feminino em filmes, animações e animes contemporâneos, com foco nas disputas simbólicas em torno das representações da mulher e nas lutas afirmativas que emergem desses contextos. Partimos do pressuposto de que o audiovisual é um campo de construção e tensionamento de imaginários sociais, nos quais os corpos femininos são constantemente inscritos, disciplinados ou subvertidos. Através de uma abordagem comparada, serão analisadas obras que evidenciam diferentes regimes de visibilidade do feminino, destacando personagens em conflito com normas patriarcais, estruturas de poder e modelos arquetípicos. A análise se fundamenta nos aportes teóricos dos estudos de gênero, da psicanálise e da crítica cultural, com referências a autoras como Judith Butler, Laura Mulvey e Silvia Federici. A proposta considera ainda como certas narrativas – sobretudo as de animações e animes – lidam com o mito, o trauma e a agência, tensionando fronteiras entre subjetividade, identidade e política. Sob o prisma das disputas simbólicas, pretendemos discutir como o feminino é representado, apropriado e reinventado, tanto em perspectivas conservadoras quanto em movimentos afirmativos e dissidentes. O estudo propõe, assim, refletir sobre a potência do audiovisual como arena estética e ideológica de questionamento das categorias de gênero, bem como sobre os modos como tais representações influenciam (ou desafiam) a percepção coletiva sobre o lugar da mulher na cultura contemporânea.
Palavras-chave: Audiovisual; Gênero; Feminino; Disputas simbólicas; Representações.
9 - ANCESTRALIDADE, ESTÉTICA E RESISTÊNCIA NA LITERATURA DE MULHERES NEGRAS
Coordenadoras:
Luciana Lins de Sousa e Santos (UFAL),
Nágila Alves da Silva (UFPI)
RESUMO
Este simpósio propõe um espaço de reflexão crítica sobre a literatura de mulheres negras, entendida como território de insurgência epistêmica, estética e política. Com base nos conceitos de Escrevivência (Conceição Evaristo), Dororidade (Vilma Piedade), Maternagem e Matrifocalidade (Collins, 2019), Amefricanidade (Lélia Gonzalez) e Assentamentos de Resistência (Cristian Sales), busca-se discutir como essa produção reinscreve vozes silenciadas, mobiliza memórias ancestrais e elabora experiências negras atravessadas por raça, gênero e classe. Nas obras de autoras como Conceição Evaristo, Audre Lorde, bell hooks, Toni Morrison, Lélia Gonzalez e Grada Kilomba, identifica-se uma escrita que vai além do testemunho individual, configurando-se como prática coletiva de denúncia, cura e reexistência. A literatura torna-se um instrumento de construção de uma genealogia feminina negra que recusa o apagamento histórico e reafirma a ancestralidade como potência de existência. Ao mobilizar a Amefricanidade, o simpósio busca refletir sobre os vínculos entre África, Améfrica e diáspora, entendendo o texto como um espaço de troca de saberes, experiências e culturas rompidas pela colonialidade. As vozes dessas mulheres, ao narrar suas trajetórias, não apenas resgatam histórias ocultadas, mas também instauram outras possibilidades de existência, pensamento e estética. Convidamos pesquisadoras, pesquisadores e estudantes dos campos de Letras, Literatura, Estudos Culturais, Estudos de Gênero, Educação e áreas afins a submeterem trabalhos que abordem temas como escrevivência, memória, estética e política nas narrativas afro-diaspóricas, relações entre raça, gênero e linguagem, representações de maternidades negras, dororidade, afetos e resistência, além de articulações entre literatura, oralidade e cultura afrodescendente. O simpósio busca, assim, fortalecer um debate interseccional e transdisciplinar comprometido com a afirmação de epistemologias negras e com a desconstrução das hierarquias coloniais do saber.
Palavras - chave: Literatura; Resistência; Mulheres negras; Insurgência epistêmica.
10 - FACES DO FEMININO EM RIOS LITERÁRIOS: REPRESENTAÇÕES DA LOUCURA, MEMÓRIA, PODER E RESISTÊNCIA FEMININA NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA
Coordenadores:
Abílio Neiva Monteiro (UERN)
Márcia do Socorro da Silva Pinheiro (UEMA)
RESUMO
A literatura de um modo geral desempenhou um papel decisivo na resistência contra a ditadura militar, e as mulheres, em particular, utilizaram a escrita como forma de denunciar a violência e os apagamentos que a ditadura perpetuou. A literatura de autoria feminina desempenhou um papel importante para a construção da memória da ditadura militar no Brasil. Através de suas obras, mulheres escritoras abordaram a experiência do período ditatorial, muitas vezes com foco nas experiências de mulheres militantes, vítimas de violência e silenciadas na historiografia oficial. Pelo exposto, essa mesa objetiva refletir sobre a escrita de mulheres que tematizam experiências individuais e coletivas que foram silenciadas, tanto as da ditadura quanto as das próprias mulheres. Para tanto, utilizaremos autoras como Beatriz Sarlo, Luiza Passerini, Ana Maria Colling, Margareth Rago e Susel Oliveira da Rosa, Selligman Silva, Figueiredo, entre outros teóricos, que vão nos ajudar a pensar o período histórico ditatorial, bem como as categorias de análises que fomentam nossa discussão.
Palavras-Chave: Literatura; Mulher; Ditadura.
11 - ENTRE MUROS E PONTES: O QUE HÁ DE QUEER NO FEMINISMO E O QUE HÁ DE FEMINISTA NO QUEER?
Coordenadores:
Ruan Nunes Silva (UESPI)
Renata Cristina da Cunha (IFPI/UESPI)
Rubenil da Silva Oliveira (UFMA)
RESUMO
Cientes das diferenças, mas principalmente atentas/es/os ao que nos une como sujeitas/es/os, propomos neste simpósio uma discussão de questões como gênero, sexo, sexualidade e identidade em diálogos feministas-queer, buscando observar de que formas a luta contra a opressão é a chave de ambos os campos teóricos. Serão bem-vindos trabalhos Em sua crítica dos muros instituídos entre a teoria queer e a crítica feminista, Judith Butler (1994) argumentou que não é possível (ou tão fácil) estabelecer qual campo teria “domínio” sobre gênero e qual teria sobre sexualidade. A crítica de Butler em “Against proper objects” permanece válida para os dias atuais, afinal, a institucionalização de “muros” entre os campos tem produzido ruídos problemáticos. Pensamos aqui, por exemplo, na forma como Silvia Federici (2023) critica a (super)simplificação da performatividade ao falar sobre como o corpo perdeu sua materialidade nos discursos feministas, porém também observamos como Sam Bourcier (2020) descreve a ausência de uma crítica realmente “crítica” na teoria queer contemporânea, mais alinhada ao capitalismo do que nuncaque versem sobre os campos destacados enquanto analisam produções culturais (literárias, fílmicas, televisivas, artísticas etc) com especial atenção ao trabalho contra a opressão como chave de leitura.
Palavras-chave: Estudos queer; Estudos feministas.
12 - LITERATURA DE CORDEL, ESCRITA E REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO
Coordenadores:
Keyle Sâmara Ferreira de Souza (SEDUC-CE)
José Felipe de Lima Alves (URCA)
Francisca Carolina Lima da Silva (URCA)
RESUMO
A literatura de cordel é um gênero popular escrito em versos rimados, com origem nos relatos orais e influência do trovadorismo português do século XII. Chegou ao Brasil com os colonizadores e, após a invenção da prensa nos séculos XV e XVI, passou a ser impressa em folhetos expostos em cordas — daí o nome "cordel". Essa forma de poesia, antes apenas oral, passou a circular impressa, permitindo aos poetas venderem seus textos pelas cidades. O cordel se caracteriza pela linguagem simples, regional e coloquial, abordando temas do cotidiano, personagens fantásticos, além de questões políticas e sociais. Diante disso, é importante refletir como as representações de gênero aparecem nesses folhetos. Considerando que o gênero é uma construção social, torna-se essencial valorizar a produção de mulheres, pessoas homoafetivas e de outras identidades, muitas vezes excluídas dos espaços literários. Isso amplia a diversidade e representatividade no cordel. Portanto, nesse contexto, evidencia-se a necessidade de investigar e discutir as intersecções entre Literatura de cordel e gênero. Nessa perspectiva, este simpósio acolhe comunicações que tratem da escrita de autores e autoras que publicaram ou publicam folhetos de cordel, esquecidos ou em evidência, como também trabalhos que discutam as representações de gêneros nos cordéis, desde publicações mais antigas até a contemporaneidade.
Palavras-chave: Literatura de Cordel; Representações de gênero; Identidades.
13 - LITERATURA DE MULHERES LATINO-AMERICANAS: ESTÉTICAS QUE DESAFIAM O CÂNONE
Coordenadores:
Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Jordana Cristina B. V. Xavier (UEMS)
Johnny dos Santos Lima (UFGD/UEMS)
RESUMO
A escrita de mulheres, permeada de memórias e escrita de si, contribuem para o reconhecimento de identidades dessas mulheres escritoras, que acabam por representar as vivências também de outras mulheres de seu tempo. A percepção e análise desses traços de registros memorialistas permite múltiplas reflexões e análises sobre a escrita feminina, como também o valor destas estratégias tão presentes nas produções das escritoras do século XIX e da contemporaneidade. O Simpósio Temático (ST) Literatura de mulheres latino-americanas: estéticas que desafiam o cânone objetiva reunir pesquisas que tratam criticamente de questões acerca de fronteira, memória e descolonização na literatura latino-americana de autoria feminina. A autoria de mulheres promove, neste sentido, projetos críticos mais conscientes de nossa condição e, consequentemente, das nossas especificidades de sujeitos do Sul global colonizados pelo sistema capital/moderno/patriarcal. Todas essas questões atuam, inevitavelmente, como elementos de articulação em que a escrita de mulheres pode ser analisada como lugar de des-encontro, deslocamento, diferença e resistência voltados para a compreensão dos procedimentos e das implicações políticas da produção discursiva e simbólica de elementos históricos, culturais e identitários da América Latina. Com base nesta perspectiva, o ST busca a aproximação entre diferentes campos teóricos, disciplinares e metodológicos a fim de promover um diálogo que aproxima as variadas vertentes da produção científica sobre a relação entre fronteira, memória e gênero. O simpósio pretende reunir pesquisas que explorem as múltiplas formas com que autoras latino-americanas desafiam as normas estéticas e temáticas do cânone literário com ênfase nos textos em prosa, poesia e teatro. A proposta parte da compreensão de que tais escritas, ao tensionar estruturas narrativas tradicionais, produzem deslocamentos significativos no modo como se narram o corpo, a memória, o território, a identidade e o trauma.
Palavras-chave: Escrita de mulheres; descolonização; memória; resistência, gêneros literários.
14 - REPRESENTAÇÕES DE SILÊNCIOS, MEMÓRIAS E TRAUMAS EM ESCRITAS LITERÁRIAS DE MULHERES
Coordenadoras:
Margareth Torres de Alencar Costa (UESPI)
Ana Raquel de Sousa Lima (UFPI)
Joelma de Araújo Silva Resende (IFPI)
RESUMO
Michelle Perrot (2003, p.13), em Os silêncios do corpo feminino expressa que “Há muito que as mulheres são esquecidas, as sem-voz da História. O silêncio que as envolve é impressionante”. Partindo deste pensamento é importante pontuar que tais silêncios históricos também podem ser compreendidos por silêncios que estão atravessados de memórias e traumas devido ao fato de que as mulheres sempre sofreram violências e estas de alguma forma se configuram em lembranças dolorosas e cicatrizes que se perpertuam visível ou invisivelmente no corpo feminino. Quanto ao trauma é salutar mencionar que ele vem à tona através das memórias das personagens femininas que sofrem diversas ações brutais oriundas da lógica do patriarcado. Para Lagarde (2015, p. 146, “La opresión patriarcal de las mujeres es genérica, es decir, las mujeres son oprimidas por el hecho de ser mujeres, cualquiera que sea su posición de clase, su lengua, su edad, su raza, su nacionalidad, su ocupación”.Pensamento que dialoga com o de Carla Akotirene (2019) ao voltar o olhar para a mulher negra no que tange as mencionadas avenidas identitarias que se configuram na perspectiva da interseccionalidade. Diante do exposto, este simpósio tem por objetivo discutir estas questões relacionadas às experiências de mulheres escritas por mulheres.
Palavras-Chave: Escritas literárias de mulheres; Silêncios; Memórias; Trauma.
15 - MULHERES NA LITERATURA E NAS ARTES: POTÊNCIAS QUE CRIAM OUTROS UNIVERSOS POSSÍVEIS
Coordenadoras:
Meire Oliveira Silva (UEMA)
Jurema da Silva Araújo (UEMA/UESPI)
RESUMO
A possibilidade de afirmação de corpos e existências, a partir de uma perspectiva decolonial e interseccional culmina em uma ação de resistência, no que se refere às pesquisas centradas em histórias, memórias, culturas e subjetividades historicamente excluídas das esferas epistemologicamente hegemônicas. Logo, infere-se que é preciso delinear outras formas de discurso, a partir de novas abordagens, modulando questões sociais e de gênero – entre outros atravessamentos –, refletindo sobre “o que pode e deve ser dito” (Pêcheux, 2014). Assim sendo, é preciso também examinar os discursos que orientam as maneiras diversas de linguagem (Foucault, 2011) e imagens como subterfúgios de dominação ideológica (Rancière, 2009) diante das mais diferentes formas do feminino. Diante disso, considera-se a complexidade imagética e discursiva (Maingueneau, 2005) que permeia as performances gênero (Butler, 2003) em meio às violências que subjugam as mulheres. É preciso, portanto, reinterpretar conceitos consolidados a partir de um pensamento contra-hegemônico ((Lugones, 2014) que enfrente as imposições de padrões que tentam suprimir e excluir as diversidades, reforçando preconceitos e estereótipos. Desse modo, é imperativo averiguar a diversidade de linguagens que possam ultrapassar as composições hegemônicas compostas pelos pilares branco-cisgênero-hetero-masculinos e eurocêntricos. Assim, esta proposta de Grupo de Trabalho volta-se às autorias femininas, justificando-se por meio da necessidade de uma revisão teórica e metodológica que conduzam a discussões em torno da diversidade autoral de mulheres, seja na literatura, no cinema, no teatro, na música ou em expressões artísticas múltiplas, de modo a promover uma prática educativa humanizadora (Candido, 2003), que possa erigir um olhar sensível sobre as questões de gênero (Anzaldúa, 1981) e a interseccionalidade (Akotirene, 2019), especialmente, na trajetória dos estudos decoloniais latino-americanos (Moraga, 1981) e africanos.
Palavras-chave: Mulher; Literatura; Artes; Decolonialidade; Estudos de gênero.
16 - GÊNERO EM TRÂNSITO: REPRESENTAÇÕES, CORPOS E ESCRITAS NA LITERATURA E ARTES
Coordenadores:
Douglas Rodrigues de Sousa (UEMA)
José Ailson Lemos de Souza (UEMA)
Rhusily Reges da Silva Lira (UFPI)
RESUMO
As representações de gênero na literatura e nas artes são marcadas por transformações profundas ao longo da história, refletindo — e, muitas vezes, tensionando — as normas sociais, os papéis atribuídos aos sujeitos e as formas de conceber identidades e corpos. Desde os textos clássicos da Antiguidade, em que as narrativas sobre masculinidade heroica ou feminilidade idealizada já indicavam construções culturais específicas, até as produções contemporâneas que problematizam binarismos e essencialismos, a literatura tem sido um campo privilegiado para a elaboração simbólica das questões de gênero. No campo dos estudos de gênero, filósofas como Simone de Beauvoir, com O Segundo Sexo (1949), marcaram um ponto de inflexão ao demonstrar que o ser mulher é uma construção histórica, não uma essência natural. Esse caminho foi aprofundado por teóricas como Judith Butler, cujos estudos sobre performatividade do gênero evidenciam como as identidades são constituídas por meio de práticas discursivas reiteradas. Essas perspectivas desconstruíram a ideia de um sujeito fixo, abrindo espaço para compreender a multiplicidade e a fluidez das identidades de gênero. Diante disso, este simpósio acolhe comunicações que abordem as questões de gênero em diálogo com a literatura brasileira e estrangeira, mas também com o cinema, teatro, artes visuais, música e outras expressões culturais, reconhecendo a fluidez e o trânsito que marcam as escritas e as existências.
Palavras-chave: Literatura; Artes; Gênero; Transformações; Representações.
17 - VIOLÊNCIA DE GÊNERO NAS LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenadoras:
Lígia Vanessa Penha Oliveira (UFG/UEMA),
Alícia Dandara Tavares de Sousa Santos (UESPI/UEMA),
Rute Lages Gonçalves (UNEMAT/UEMA)
RESUMO
Escritoras e escritores utilizam a ficção, a poesia e o ensaio para expor as múltiplas formas de violência vivenciadas por mulheres e pessoas em contextos marginalizados, marcados por desigualdades históricas, coloniais e patriarcais. Pensando nisso, este simpósio objetiva ser espaço de denúncia, reflexão e resistência frente à violência de gênero por meio da discussão de obras literárias produzidas nas Literaturas de Expressão Portuguesa, que compreendem as produções literárias de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Principe, entre outros. Ensejamos discussões que reflitam sobre os escritos de autoras como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Inês Pedrosa, Lídia Jorge, Paulina Chiziane, Ana Paula Tavares, e outras. Representações da violência sexual, psicológica, silenciamentos, apagamentos da voz feminina, machismo estrutural, interseccionalidade com raça e classe, resistência e empoderamento feminino na literatura são temáticas que poderão ser acolhidas neste simpósio. Assim, a literatura dessas comunidades será espaço e instrumento de transformação social ao oportunizar visibilidade às experiências de dor, mas também de luta e superação por meio da linguagem literária, que contribuirá para a construção de narrativas e enfrentamento de diferentes violências de gênero no espaço não-ficcional.
Palavras-chave: Violência de gênero; Literaturas de expressão portuguesa; Autoria feminina; Representação; Interseccionalidade.
18 - EROTISMO E ESTUDOS DE GÊNERO NA LITERATURA
Coordenadores:
Joselita Isabel de Jesus (UESPI/UNEMAT)
Francisco Welison Fontinele de Abreu (UNEMAT)
RESUMO
Esse simpósio propõe discutir sobre Eros e o locus da literatura produzida por mulheres, mais propriamente na poesia. Como baliza teórica, a discussão deve se apoiar nos pressupostos de Georges Bataille, com foco especial ao erótico como forma de transgressão aos interditos culturais. De acordo com o pensamento batailliano, somente à espécie humana são impostos os chamados interditos, estes são religiosos, familiares e os do mundo do trabalho. Bataille pontua que o erotismo é primordial para diferir o homem do animal em matéria de sexualidade, pois no mundo animal a sexualidade se dá por instinto e com fins de reprodução, já para o homem, segundo Bataille, a sexualidade se baseia numa “procura psicológica, independente de seu fim natural, a reprodução.” Há de se considerar que, para o pensador francês, o erotismo assume três vieses, a saber: erotismo dos corpos, erotismo dos corações e erotismo sagrado. Também é importante observar a íntima ligação que envolve poesia e o erotismo, considerando as observações feitas pelo poeta e ensaísta mexicano, Octavio Paz, em sua obra A dupla chama: amor e erotismo (1994). Por fim, entende-se como necessária uma discussão sobre Eros e o processo pedagógico, pautada nas questões colocadas por Bell Hooks, em sua obra Ensinando a transgredir (2024). Este simpósio, pois, visa discutir a vinculação existente entre poesia e erotismo e analisar pontos relevantes para a fortuna crítica da literatura erótica de escritoras cujas produções literárias versam sobre essa temática e refletir sobre a naturalização de discutir Eros no ambiente educacional.
19 - ATRAVESSAMENTOS: O DIÁLOGO ENTRE GÊNERO, RAÇA E CLASSE NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Coordenadoras:
Cristiane Viana da Silva Fronza (UEMA),
Natália Regina Serpa (IFMA)
RESUMO
bell hooks afirmou que o gênero não é o fator determinante no destino das mulheres, pois a ele somam-se a cor e a classe social. De fato, ao olhar para as diferentes fases ou ondas do movimento feminista, a intersecção dessas três formas de opressão é fenômeno recente, o que traz, por conseguinte, a necessidade inescapável de revisitar a forma como isso é mimetizado na literatura. Partindo disso, este simpósio propõe problematizar as representações de gênero, raça e classe na literatura brasileira contemporânea. Amalgamadas, essas três categorias de análise compõem o espaço de diálogo das insurgências e possibilitam questionar, do ponto de vista das escritas culturalmente subalternizadas, a construção do cânone. Não por acaso, conforme Spivak, é necessário contestar como o sujeito, especialmente aquele que é colocado socialmente em posição de subalternidade – a exemplo das mulheres –, está simbolicamente inscrito e escrito nos discursos, dentre eles, o literário. A literatura torna-se, então, envolta em diversas camadas: estéticas, culturais, sociais, históricas, econômicas e geográficas, dado o entrelaçamento de significados que a narrativa irradia, o que exige, de acordo com Schwantes, olhar para as condições de publicação e circulação dos textos escritos por mulheres. Inseridas, inelutavelmente, em uma realidade de contradições sócio-históricas, próprias ao capitalismo, é possível analisar, a partir das escritas de mulheres, não apenas a sua inserção no mercado editorial, mas, também, o campo literário enquanto lugar de disputa de poderes, estando ela em posição de questionar e desestabilizar o cânone literário, tal como fizeram escritoras como Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo, as quais desestabilizam os lugares comuns da representação e, também, questionam os não lugares onde estão alocadas as questões de gênero, raça e classe, incluindo-se a forma como o sofrimento psíquico é também recortado pelo lugar social ocupado pelo sujeito (Zanello).
Palavras-chave: gênero; raça; classe; literatura brasileira contemporânea.
20 - LITERATURAS NEGRAS DAS AMÉRICAS EM TRÊS MARTELOS: CONTRACOLONIALIDADES, AMEFRICANIDADES E NEGRALIZAÇÃO
Coordenadores:
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI/UEMA)
Raimundo Silvino do Carmo Filho (UESPI/SED-MA)
RESUMO
Buscando contemplar as diversas dimensões das literaturas de autoria negra das Américas, o presente simpósio, intitulada “LITERATURAS NEGRAS DAS AMÉRICAS EM TRÊS MARTELOS: contracolonialidades, amefricanidades e negralização”, propõe discutir, debater e concentrar trabalhos, pesquisas e questões relacionadas à investigação das literaturas negras no Brasil e nas Américas a partir de três autores e seus pensamentos teóricos: Nego Bispo e a categoria e Contracolonialidade (2022); Elio Ferreira e a categoria de negralização (2006) e Lélia Gonzalez, e A categoria política de Amefricanidade (2022). A abordagem que ancora nossa proposta e simpósio considera a literatura um campo de saber capaz de nos ajudar a compreender como os autores negros e as autoras negras constroem artefatos artísticos capazes de enfrentar as múltiplas faces do racismo e seus sistemas de exclusão, marginalização e segregação social, política e social. Nesse sentido, as categorias de pensamentos referidas e seus autores podem oferecer quadros teóricos e críticos para a comunidade acadêmica, fazendo circular estudos, pesquisas e saberes nas Américas.
Palavras-Chave: Literaturas negras das Américas; Contracolonialidades; amefricanidades; Negralização.
21 - DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES NO MUNDO RURAL: TRABALHO, DESLOCAMENTO E NATUREZA E CONDIÇÃO FEMININA
Coordenadores:
Cristiana Costa da Rocha (UESPI)
Acebiades Costa Filho (UEMA)
RESUMO
Este Simpósio Temático tem por objetivo discutir as questões relacionadas às interfaces entre o campo e a cidade, produção agrícola, meio ambiente, deslocamentos nos recortes regionais, em perspectiva interdisciplinar. As imagens do sertão, de outros espaços rurais e urbanos na literatura, as tensões entre campo e cidade, a utilização do território pelos indivíduos, envolvendo as práticas sociais, ambientais e políticas. A proposta é coerente com as atividades desenvolvidas por pesquisadores de diversas regiões do país, responsáveis por discussão de pesquisa nos encontros acadêmicos em eventos nacionais e em congressos de âmbito regional, relativos ao campo dos estudos agrários. A amplitude temática deste campo perpassa estudos sobre estruturas e processos produtivos no campo, formas de acesso à terra e aos bens naturais, relações produtivas e socioculturais, relações de trabalho no campo, migração e as relações do homem com a natureza ao longo do tempo.
Palavras-chave: Literatura; Campo; Condição feminina.
22 - LITERATURA INDÍGENA ORAL VOZES FEMININAS E HISTÓRIA: EPISTEMOLOGIAS EM MOVIMENTO
Coordenadores:
Síria Borges (Faculdade Unicentroma)
Tatiana Ribeiro (UESPI)
RESUMO
Este simpósio convida pesquisadoras(es), educadoras(es) e lideranças indígenas a refletirem sobre a centralidade da oralidade na construção e transmissão dos saberes históricos. A literatura indígena, em sua forma oral, é compreendida aqui como um modo próprio de escrita do mundo — não como ausência de texto, mas como outra forma de textualidade, vinculada à memória coletiva, ao território e à presença ancestral. A proposta questiona a supremacia da escrita letrada como critério historiográfico e reivindica os cantos, narrativas e performances indígenas como formas plenas de enunciação histórica e política.
23 - O ESTATUTO DO ELA-MULHER NO JOGO DE DISSIMULAÇÃO/SIMULAÇÃO NA HIPERMODERNIDADE: BUSCA DA PLENITUDE DE SI E MASSACRE À POSSIBILIDADE DE SER
Coordenadores:
Maria Aparecida Rodrigues (PUC-GOIÁS)
Norival Bottos Júnior (UFAM)
RESUMO
O simpósio pretende discutir temas ligados ao estatuto do Ser-Feminino nos processos de dissimulação e simulação, no sentido teórico de Jean Baudillard, quanto ao fingir não ser o que se é e quanto ao fingir ser o que não é na hipermodernidade. A proposta visa, nesse contexto teórico de sociedade, apreender aspectos relativos à busca de reconhecimento de Ser-Mulher; o desejo intenso do Ser-Ela; o resgate do Corpo Feminino; o direito da mulher de ter Voz e a autoria feminina de si por si mesma; o direito à Vida, ou seja, o domínio dos três VVV: Voz, Vagina, Vida. O simpósio propõe, ainda, abordar sobre a inveja do outro (masculino) no discurso e na ação como princípio do ódio à mulher; a síndrome do regresso ao patriarcalismo medieval de mulheres de direita; o imperialismo do discurso masculino na escrita feminina; a moda, o fetiche, a fama, a visibilidade mercadológica da economia do hiperconsumo e seus efeitos sobre o querer-ser e o não-ser como força destruidora do ser-feminino; a cultura do medo, do desconhecimento de si, do afetar, do desejo/sedução, do espetáculo/fama e da violência contra a mulher: conformismo, silenciamento, rasgos, feridas, solidão, vazio e feminicídio. A noção de hipermodernidade se refere aos conceitos de Gilles Lipovetsky. Os corpos de análise crítica poderão ser realizados por meio da literatura e entre mídias diversas: cinema, pintura, designer, artes visuais, fotografia, ritmos e escritos urbanos, narrativas gráficas, séries e sagas contemporâneas, espetáculos, discursos de jornais, de músicas, tvs, políticos, de mercado e de mídias sociais etc.
Palavras-chave: Ser-feminino; Dissimulação; Simulação; Violência; hipermodernidade.
24 - CORPOS, VOZES E RESISTÊNCIAS: INTERSECCIONALIDADE, ETARISMO E ESCRITAS FEMININAS
Coordenadores:
Maria Eliane Souza da Silva (UERN/PPCL/FAPERN)
Jeane Virginia Costa do Nascimento (IFPI)
Eliana Pereira de Carvalho (UESPI)
RESUMO
O conceito de Interseccionalidade, criado pela jurista estadunidense Kimberley Crenshaw, tem se destacado como abordagem central diante da Crítica Feminista contemporânea, oferecendo-nos uma lente analítica para compreendermos como diferentes formas de opressão — como gênero, raça, classe, sexualidade e etarismo — interagem e se sobrepõem, moldando as experiências de indivíduos e grupos marginalizados. Nesse contexto, o próprio conceito de etarismo, cunhado pelo gerontologista americano Robert Neil Butler, emerge como uma discriminação específica ligada à idade que frequentemente invisibiliza e afeta de maneira particular mulheres em diferentes estágios da vida. Daí a Crítica Feminista, ao problematizar essas intersecções, amplia o entendimento sobre as estruturas de poder que perpetuam desigualdades, enquanto valoriza as narrativas e produções culturais de mulheres que desafiam essas dinâmicas opressivas. Esse simpósio propõe discutir como essas ferramentas teóricas e práticas contribuem para a construção de resistências literárias e culturais, criando espaços de enfrentamento e reexistência diante das múltiplas desigualdades. Nossa proposta é analisar como os corpos femininos, em suas múltiplas expressões e resistências, são representados, vivenciados e politizados em contextos históricos, sociais e culturais diversos. Desse modo, explorar as diversas formas pelas quais as produções culturais e literárias de autoria feminina enfrentam desigualdades estruturais e ampliam discussões sobre o processo de de(s)colonização de saberes, valorizando experiências subalternizadas e o fortalecimento de práticas culturais e políticas voltadas à transformação social.
Palavras-chave: Representações Femininas; Interseccionalidade; Crítica Feminista.
Algemira de Macedo Mendes
Presidente da Comissão organizadora
Teresina,13/06/2025.