Este trabalho é fruto de um questionamento pessoal acerca da mais valia do livro didático sobre à tradição popular e a carga cultural trazida pelos alunos, quase sempre, menosprezada pelas escolas. Contribuiu para tal indagação uma observação feita por uma aluna sobre o poema “Teresa”, de Manuel Bandeira, durante aplicação de intervenção pedagógica na Escola Estadual de Educação Básica Manoel Lúcio da Silva. A referida aluna, ao associar o estereótipo da personagem de Bandeira com a mistura de raças da nação brasileira e a popularidade do nome, contado em narrativas orais que ela conhecia, nos trouxe as indagações: qual importante é a tradição popular para a conservação da memória cultural de um povo?; seria o livro mais valioso que a consciência histórica?. Outro ponto que justifica a presente pesquisa é a necessidade de valorização da cultura nordestina, tão rica em sua diversidade e, sobretudo, a importância da implantação de disciplinas no Ensino Superior que visem preparar os futuros docentes para esse tipo de contato com a poesia oral, como exemplo a disciplina de Literatura Popular, ainda inexistente em muitas das universidades do Nordeste. Mesmo no campo teórico, salvo poucos trabalhos, a Literatura oral ainda permanece na obscuridade; buscando o lumiar em obras como do antropólogo Câmara Cascudo (1978), de Joseph Luyten (1987) e Paul Zumthor (2010). Outrossim, traçamos um esboço sobre a relação entre ensino formal e metodologias centradas no contato com as vivências na comunidade cultural do aluno. Por fim, averiguamos com esta pesquisa que a relações híbridas do trato com os estudantes, tal como, a presença dos causos da tradição popular, fazem parte de uma atmosfera mística que a memória exibe desde os primórdios da humanidade, materializada na figura dos contadores. Se quem conta um conto aumenta um ponto, decerto guarda a tradição, que permanece viva e nos permite aprender.
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