A língua em uso contribui para a construção de todas as dimensões da estrutura social, atuando sobre as identidades sociais dos sujeitos, sobre as relações estabelecidas entre eles e, também, sobre os sistemas de conhecimento e crença. Tendo em vista estes efeitos constitutivos do discurso, percebe-se a relevância de promover reflexões acerca do uso que os educandos fazem das construções linguísticas, ao estabelecer associação entre as realidades local e global, por meio de uma postura intercultural crítica. A língua não deve ser vista como mero sistema de signos interconectados, destituídos de historicidade e cuja única função é permitir a comunicação entre os falantes. Do ponto de vista metodológico, foram realizadas práticas pedagógicas em uma turma de 7º ano de uma escola pública estadual, localizada na zona urbana de Arapiraca, na sala de aula de língua portuguesa. Como recurso pedagógico, foi utilizada a música “A coisa tá preta”, composta e interpretada pelo rapper e poeta Rincon Sapiência, que contribui para a (des)construção do imaginário social do negro brasileiro, ainda permeado por estereótipos de cunho racista. Na atividade foram abordados tanto os aspectos culturais como os formais. O presente trabalho é de natureza teórico-prática e analítica, vinculado às reflexões do linguista britânico, Voloshinov; Bakhtin (1976) Fiorin (2016), Santos (2001), Menegassi (2013) e outros. No que concerne aos resultados, percebe-se que os discentes mostraram grande interesse pela proposta, uma vez que as temáticas escolhidas estavam sendo amplamente divulgadas nos meios de comunicação aos quais tinham acesso. Outro fator que contribuiu para o bom aproveitamento da prática foi a escolha do gênero explorado, apreciado pelos participantes desta pesquisa.
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