O glaucoma é caracterizado por degeneração progressiva das células ganglionares da retina e dano ao nervo óptico (RGC), sendo o aumento da pressão intraocular (PIO) um dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. As RGCs promovem a conexão entre a luz ambiental e o relógio biológico central, núcleo supraquiasmático hipotalâmico (NSQ), o qual é responsável pela geração e sincronização dos ritmos biológicos ao ciclo de claro-escuro (LD). Em adição ao aumento da PIO, existem fortes evidências de uma degeneração secundária dando continuidade ao processo neurodegenerativo. Portanto, avaliamos as possíveis alterações retinianas induzidas pelo glaucoma, incluindo a expressão gênica e proteica de melanopsina (OPN4), uma proteína envolvida no ajuste do NSQ por luz, e expressão de genes de vias inflamatórias. Por fim, investigamos a relação entre a PIO e os ritmos de atividade locomotora espontânea (ALE) e temperatura corporal interna (Tc) ao longo do desenvolvimento do glaucoma. Para o monitoramento da ALE e Tc, sensores de telemetria foram cirurgicamente implantados na cavidade abdominal de animais saudáveis (DBA/2J GPNMB+) e glaucomatosos (DBA/2J). O monitoramento da PIO foi realizado aos 3, 6, 9 e 12 meses de idade. Ao final do monitoramento, os animais foram eutanasiados e a retina utilizada para ensaios de PCR em tempo real e imuno-histoquímica (CEUA Nº 8143290819). Observado um aumento gradual da PIO apenas nos animais DBA/2J dos 6 aos 12 meses de idade. Aos 12 meses de idade, identificamos uma redução no número de RGCs na retina dos animais DBA/2J em comparação aos animais GPNMB+ e aumento da expressão de componentes de vias de resposta inflamatória tais como IL-1?, TNF-? e Gal3. Embora tenha sido identificado morte das RGCs não foi observada redução na expressão de OPN4 na retina dos animais DBA/2J. Entretanto, evidenciamos que durante o desenvolvimento do glaucoma, áreas que recebem projeções das RGC OPN4+, como o NSQ, apresentam alterações na geração de parâmetros rítmicos. Animais glaucomatosos de 6 a 12 meses de idade apresentam redução da ALE na fase escura, enquanto animais saudáveis de mesma idade apresentam um claro perfil oscilatório deste parâmetro. Os animais glaucomatosos apresentam maior amplitude da Tc circadiana em relação aos animais saudáveis aos 5, 6 e 9 meses de idade. Aos 12 meses de idade, momento no qual os animais glaucomatosos apresentam alta PIO, o perfil circadiano da Tc se torna similar ao dos animais saudáveis, isto é, a amplitude da Tc é reduzida durante o desenvolvimento do glaucoma. Em conclusão, identificamos que o aumento da PIO, a morte das RGCs e ativação de vias inflamatórias na retina são fatores que contribuem para o prejuízo na geração dos ritmos da ALE e da Tc indicando possível alteração do NSQ. As consequências dessas alterações para o indivíduo ainda precisam ser investigadas para se compreender o impacto da cronoruptura sobre a fisiologia sistêmica. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq.
Ana Caroline Rippi Moreno
Ana Flávia Fernandes Ferreira
Felipe José Costa Viana
Flaviane de Fatima Silva
Patrizia Dardi
Docentes:
Profª Dra Andréa da Silva Torrão
Profª Dra Maria Oliveira de Souza
Profº Dr Fernando Rodrigues de Moraes Abdulkade
Ana Caroline Rippi Moreno
Ana Flávia Fernandes Ferreira
Caroline Pancera Laurindo
Felipe José Costa Viana
Flaviane de Fatima Silva
Jéssica Mayara Nascimento Lopes
Karen Cristina Rego Gregorio
Natália Monteiro Pessoa
Paulo Henrique Evangelista Silva
Patrizia Dardi
Thayna dos Santos Vieira
Vanessa Brito Cândido
Vanielle A. do Nascimento Vicente
Yago Carvalho Lima
Docentes:
Profª Dra Andréa da Silva Torrão
Profª Dra Maria Oliveira de Souza
Profº Dr Fernando Rodrigues de Moraes Abdulkade
Funcionários:
Leila Affini