Esta pesquisa propõe realizar um debate entre violência e religião a partir da obra Os Demônios de Loudun (1952), de Aldous Huxley, e de teorias diversas da Filosofia, Teologia e Ciências da Religião. O livro desenvolve um revisionismo histórico, tecendo análises e críticas que alteram a compreensão dos fatos consolidados. A história convencional afirma que religiosas de um convento em Loudun, na França, foram possuídas por Demônios no século XVII. Na obra de Huxley, essa história é revisitada, e o que foi afirmado pela Igreja e pelo Estado na época como fruto de uma possessão demoníaca é visto como um caso de histeria coletiva. O autor acrescenta novas camadas de compreensão com reflexões históricas, filosóficas, teológicas e psicológicas sobre os fatos históricos narrados. Práticas de violências físicas, psicológicas e espirituais foram realizadas sobre as religiosas de Loudun, e torturas foram infligidas sobre o pároco da cidade com consequente execução na fogueira. Nossa análise tem como objetivos demonstrar que o fato visto como possessão na época, pode hoje ser considerado como doença psicossomática; que os poderes políticos e religiosos da França exerceram influência no desenrolar dos fatos; e que atualmente discursos políticos no Ocidente buscar relacionar política e religião para objetivos escusos de maneira obscurantista. Nossa abordagem metodológica será bibliográfica e teórico-crítica, sendo que tal justifica-se pelo fato de que o espaço da religião por muitos momentos na história foi lugar de condutas violentas sobre corpos e mentes humanas, prática que ainda é possível encontrar nos dias atuais, levantando debates que buscam promover o respeito pela vida humana. Com isto buscamos contribuir com as reflexões que norteiam este GT.
Comissão Organizadora
V CONACIR - 2021
Felipe de Queiroz Souto
Ernani Francisco dos Santos Neto
Rúbia Campos Guimarães Cruz
Giovanna Sarto
Danilo Mendes
André Yuri Gomes Abijaudi
Maria Angélica F. J. Martins
Comissão Científica